CPI da Covid quer explicações da Petrobras sobre tratamento precoce
Médicos da petroleira estão receitando Ivermectina, remédio para tratamento de piolhos, a petroleiros com Covid-19
Publicado: 17 Junho, 2021 - 12h30 | Última modificação: 17 Junho, 2021 - 12h33
Escrito por: Redação CUT
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), CPI da Covid, que investiga ações e omissões do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus, quer explicações da direção da Petrobras sobre indicação de tratamento precoce com medicamentos inefizes nas instalações da estatal.
A decisão de investigar o caso é do vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP) que leu sobre a denúnica da Federação Única dos Petroleiros (FUP) sobre aumento de mortes de petroleiros por complicações causadas pela Covid-19 e de que médicos da Petrobras estão indicando medicamentos ineficazes, como a Ivermectina, para trabalhadores com sintomas da doença.
Vamos pedir informações à companhia”, afirmou o parlamentar à coluna Radar da Revista Veja.
A Ivermectina, um antiparasitário, utilizado no combate a piolhos, é um dos remédios indicados pelo presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) na defesa do tal tratamento precoce, junto com a Cloroquina. Todos são ineficazes no tratamento da Covid-19 segundo estudos científicos.
Mesmo assim, trabalhadores da Bacia de Campos com sintomas da doença ou já contaminados tiveram o medicamento prescrito pelo setor médico da Petrobrás. O Sindipetro-NF e a FUP receberam várias denúncias nesse sentido.
Com a repercussão da denúncia da FUP, a Petrobrás foi obrigada a se posicionar e disse que a responsabilidade é dos médicos e não da companhia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) condena o uso de Ivermectina no tratamento para a Covid-19; além da comprovada ineficácia, existem os efeitos colaterais. A insistência neste tratamento contraria não só os protocolos dos órgãos de saúde mundial: a própria farmacêutica Merck, que fabrica o medicamento, declarou em comunicado oficial que, na análise de seus cientistas, não há eficácia no uso do medicamento para a Covid-19.
Enquanto o governo federal resiste em cumprir recomendações internacionais da OMS, a Petrobrás adota protocolos internos contestados para o enfrentamento da Covid-19.
Nos últimos dois meses, os casos de Covid-19 entre trabalhadores da Petrobrás atumentaram 125%. O total de trabalhadores contaminados já chega a 7.205 desde o início da pandemia e 45 mortes em consequência da doença, o que equivale a mais de 17% de todo o efetivo próprio da Petrobrás. Esses dados são referentes a apenas os empregados diretos da holding, não envolvem subsidiárias, nem trabalhadores terceirizados. Atualmente, outros 40 petroleiros estão hospitalizados com complicações da Covid-19.
Com informações da FUP