Crescem casos da ômicron, mas especialistas ainda estudam gravidade da cepa
Após descoberta da variante, número de infecções na África do Sul cresceu. Países europeus já endureceram regras para evitar o avanço da ômicron
Publicado: 10 Dezembro, 2021 - 11h29 | Última modificação: 10 Dezembro, 2021 - 15h02
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Rosely Rocha
Descoberta há pouco mais de duas semanas, quando a África do Sul informou à Organização Mundial de Saúde (OMS), a nova cepa do coronavírus, a ômicron, ainda traz muitas incertezas para cientistas e para as autoridades sanitárias. Se há um risco de uma nova e onda – e mais violenta que as anteriores, não se sabe. O que se conhece por enquanto é que a variante pode ser mais transmissível que as outras. Após a descoberta já houve um aumento de 255% no número de casos no país africano.
A nova cepa já cruzou as fronteiras. Um boletim da OMS divulgado na última quarta-feira (8), afirma que a ômicron está presente em 57 países. Os que mais têm novos casos, incluindo todas as formas do vírus, são Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Rússia. No Brasil, até agora, foram registrados seis casos – em São Paulo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o médico infectologista Kenny Colares explicou que o fato de a nova cepa ter se espalhado para outros continentes em tão pouco tempo é um sinal de alerta. “Ainda assim temos muitas outras dúvidas: vai causar a doença de forma mais grave? As características serão diferentes? As vacinas terão 100% de eficácia contra essa nova variante?”, diz o especialista.
O número de infecções saltou de 264 casos em 8 de novembro para 13,5 mil em 8 de dezembro. Apesar da alta taxa de transmissão verificada na África do Sul – foi de 1.02 para 3.14, os casos apresentaram sintomas leves, mas especialistas dizem que ainda é cedo para avaliar que a variante possa não ser agressiva.
“Ainda é cedo demais para tirar conclusões”, diz a OMS.
Restrições
Países europeus já vêm tomando medidas, ainda que impopulares, para evitar o avanço da nova variante. A Inglaterra voltou a exigir o uso de máscaras em ambientes fechados e determinou que as pessoas trabalhem em casa.
A Itália desde o início da semana também reforçou as medidas de restrição. Não vacinados estão proibidos de frequentar espaços como restaurantes, teatros, museus e shows. A fiscalização vai ser feita pela polícia verificando o ‘‘super certificado de saúde’’ dos italianos, um aplicativo que informa se a pessoa foi ou não vacinada.
A França proibiu ‘baladas’ por um mês, como forma de conter a disseminação durante o período de festas. O governo também fez um apelo aos franceses para que limitem os eventos familiares e evitem confraternizações em empresas.
No Brasil, por parte do governo federal, a única medida até agora foi a de exigir quarentena aos turistas que chegarem do exterior a partir deste sábado (11). Mesmo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter recomendado um controle maior, com exigência do passaporte da vacina, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, contrários à exigência, acreditam que “é melhor perder a vida do que a liberdade”.
Já o governo do estado de São Paulo anunciou que vai exigir o passaporte da vacina em seus aeroportos. Grande parte de governadores e prefeitos têm se posicionado no sentido de cancelar festas públicas de fim de ano. Até agora, mais de 100 cidades já decidiram não realizar o Réveillon.
Vacinas
Enquanto no Brasil o Plano Nacional de Imunização ainda apresenta falhas de organização que geram desigualdades na vacinação, continuam estocadas 15 milhões de doses da Coronavac no Instituto Butantan, em São Paulo, que o governo federal decidiu não comprar. A vacina está excluída do PNI desde agosto.
O Butantã afirma que as doses foram oferecidas ao Ministério da Saúde, que não demonstrou interesse. O Instituto agora negocia as doses com outros países como Argentina e Chile e estuda até mesmo doar a outros países