Escrito por: Redação CUT

Crescem casos da ômicron, mas especialistas ainda estudam gravidade da cepa

Após descoberta da variante, número de infecções na África do Sul cresceu. Países europeus já endureceram regras para evitar o avanço da ômicron

reprodução / Niaid

Descoberta há pouco mais de duas semanas, quando a África do Sul informou à Organização Mundial de Saúde (OMS), a nova cepa do coronavírus, a  ômicron, ainda traz muitas incertezas para cientistas e para as autoridades sanitárias. Se há um risco de uma nova e onda – e mais violenta que as anteriores, não se sabe. O que se conhece por enquanto é que a variante  pode ser mais transmissível que as outras. Após a descoberta já houve um aumento de 255% no número de casos no país africano.

A nova cepa já cruzou as fronteiras. Um boletim da OMS divulgado na última quarta-feira (8), afirma que a ômicron está presente em 57 países. Os que mais têm novos casos, incluindo todas as formas do vírus, são Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Rússia. No Brasil, até agora, foram registrados seis casos – em São Paulo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul.

Em entrevista ao Brasil de Fato, o médico infectologista Kenny Colares explicou que o fato de a nova cepa ter se espalhado para outros continentes em tão pouco tempo é um sinal de alerta. “Ainda assim temos muitas outras dúvidas: vai causar a doença de forma mais grave? As características serão diferentes? As vacinas terão 100% de eficácia contra essa nova variante?”, diz o especialista.

O número de infecções saltou de 264 casos em 8 de novembro para 13,5 mil em 8 de dezembro. Apesar da alta taxa de transmissão verificada na África do Sul – foi de 1.02 para 3.14, os casos apresentaram sintomas leves, mas especialistas  dizem que ainda é cedo para avaliar que a variante possa não ser agressiva.

“Ainda é cedo demais para tirar conclusões”, diz a OMS.

Restrições

Países europeus já vêm tomando medidas, ainda que impopulares, para evitar o avanço da nova variante. A Inglaterra voltou a exigir o uso de máscaras em ambientes fechados e determinou que as pessoas trabalhem em casa.

A Itália desde o início da semana também reforçou as medidas de restrição. Não vacinados estão proibidos de frequentar espaços como restaurantes, teatros, museus e shows. A fiscalização vai ser feita pela polícia verificando o ‘‘super certificado de saúde’’ dos italianos, um aplicativo que informa se a pessoa foi ou não vacinada.

A França proibiu ‘baladas’ por um mês, como forma de conter a disseminação durante o período de festas. O governo também fez um apelo aos franceses para que limitem os eventos familiares e evitem confraternizações em empresas.

No Brasil, por parte do governo federal, a única medida até agora foi a de exigir quarentena aos turistas que chegarem do exterior a partir deste sábado (11). Mesmo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter recomendado um controle maior, com exigência do passaporte da vacina, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, contrários à exigência, acreditam que “é melhor perder a vida do que a liberdade”.

Já o governo do estado de São Paulo anunciou que vai exigir o passaporte da vacina em seus aeroportos. Grande parte de governadores e prefeitos têm se posicionado no sentido de cancelar festas públicas de fim de ano. Até agora, mais de 100 cidades já decidiram não realizar o Réveillon.

Vacinas

Enquanto no Brasil o Plano Nacional de Imunização ainda apresenta falhas de organização que geram desigualdades na vacinação, continuam estocadas 15 milhões de doses da Coronavac no Instituto Butantan, em São Paulo, que o governo federal decidiu não comprar. A vacina está excluída do PNI desde agosto.

O Butantã afirma que as doses foram oferecidas ao Ministério da Saúde, que não demonstrou interesse. O Instituto agora negocia as doses com outros países como Argentina e Chile e estuda até mesmo doar a outros países