Escrito por: CUT - RS
Durante o ato foram assinadas as primeiras aberturas de contas, como fez o secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antonio Güntzel.
Um dia histórico que consolida uma alternativa financeira cooperativada aos trabalhadores e trabalhadoras da Região Metropolitana de Porto Alegre, desatrelada dos grandes bancos privados, que escoam só recursos da classe trabalhadora para o mercado financeiro internacional. Assim será lembrado esse 27 de maio, data em que foi lançada na capital gaúcha a Cresol Metropolitana, cooperativa de crédito nascida nos anos 1990 a partir da organização de produtores da agricultura familiar no Sul do Brasil que hoje já está presente em 17 estados com mais de 500 mil cooperados.
O ato de lançamento ocorreu na sede da CUT-RS e foi transmitido ao vivo nas páginas do Facebook e Youtube do Brasil de Fato RS, Rede Soberania e CUT-RS, com a participação do conselheiro da Cresol Tenente Portela, Gelson José Ferrari; do presidente da União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Rio Grande do Sul (Unicafes-RS), Gervásio Plucinski; do presidente e da secretária-geral da CUT-RS, Amarildo Cenci e Vitalina Gonçalves, respectivamente; e do vereador Adeli Sell, do PT de Porto Alegre. Também teve participação especial do cantor Antonio Gringo, que interpretou canções de seu repertório no início e no final do ato.
Confirme explica Amarildo, a Central se esforçou em trazer a Cresol para a Região Metropolitana de Porto Alegre numa reafirmação do compromisso do projeto com a classe trabalhadora e os mais vulneráveis. “Nós que temos o sonho de mudar o mundo não podemos ficar na mão desse sistema financeiro. Então decidimos potencializar as experiências cooperativas e solidárias de crédito”, afirma, deixando a questão: “Por que ficar na mão desses agentes financeiros que nos exploram e concentram a renda?”
A vinda da Cresol foi definida a partir da proposta aprovada no 15º Congresso Estadual da CUT-RS, apresentada e defendida pelos delegados Jairo Bolter, da ADUFRGS Sindical, e Rui Valença, da FETRAF-RS.
“Fomos vendo as possibilidades de parceria e hoje já temos sindicatos e trabalhadores que abriram suas contas na Cresol. Convidamos sindicalistas, sindicatos, associações comunitárias, pequenas e médias empresas comprometidas com as pessoas e o emprego para fazer parte dessa luta com essas concepções que valorizamos. Dinheiro com transparência e socialmente controlado”, ressalta Amarildo.
A Cresol surgiu do debate da agricultura familiar. Os sindicatos traziam no seio a discussão de politicas públicas, sendo desde sua origem um instrumento da classe trabalhadora, destaca Gelson José Ferrari ao contar a história da cooperativa. “Lá por 1994 surge necessidade de como operar linhas de crédito, novas políticas frente ao sistema financeiro tradicional que não recebia os pequenos agricultores. A partir daí são criadas as cooperativas de crédito e se tornam os primeiros passos para acolher esses trabalhadores e dar viabilidade para suas propriedades familiares”, recorda.
O conselheiro da Cresol explica que o banco cooperativado é balizado pela transparência, onde o associado vai para a assembleia discutir a destinação dos recursos do trabalho e todo o processo de organização e futuro da cooperativa.
“Cada operação na Cresol tem o foco de trabalhar esse dinheiro que viabiliza sonhos, é mais que passar dinheiro, mas a necessidade de uma família de produtores que querem ampliar sua produção, sua casa ou adquirir um veículo para seu trabalho. Com isso temos uma operação ganha-ganha, com equipes que primam por pessoas atendendo pessoas. Nossa cooperativa inverte o processo atual que fecha agências e tira trabalhadores”, salienta.
Gervásio Plucinski afirma que com o fortalecimento da Cresol no decorrer dos anos foi possível dar esse novo passo, que vem fortalecer ainda mais a lógica de interação do campo com a cidade. “Queria parabenizar a iniciativa da CUT-RS e sindicatos de trazerem a Cresol para a Região Metropolitana. É um grande avanço na estratégia de consolidar a política de acesso dos trabalhadores ao crédito”, comemora. “A Unicafes defende o cooperativismo e acha estratégico fortalecê-lo”, conclui.
“A Cresol é uma entidade independente, mas comprometida com os pequenos. Queremos que seja o banco dos pequenos aqui em Porto Alegre, como já é em várias regiões tanto do Sul do Brasil quanto no país”, disse o vereador Adeli.
Para ele, é necessário ter “os parcos recursos que temos e são drenados aos bancos para que eles coloquem nosso dinheiro suado a altos juros no mercado financeiro. As cooperativas de crédito têm como princípio fundamental fé e solidariedade, olhar para a pessoa humana. Queremos trazer o artesão, a economia solidária, os pequenos botecos, mercadeiros do Mercado Publico, redes de cafés de Porto Alegre”, afirma.
Várias entidades sindicais enviaram manifestações de apoio à instalação da Cresol Metropolitana, como a ADUFRGS Sindical, o SINPRO-RS, a FEESSERS e o SINTTEL-RS.
Durante a transmissão, o cantor Antonio Gringo interpretou algumas de suas canções e enalteceu a força do cooperativismo como alternativa ao atual sistema.
No final do ato foram assinados os contratos de abertura de contas que formaliza a parceria da CUT-RS ao sistema Cresol, assim como as representações dos assentados de Viamão, Charqueadas, Capela de Santana e Nova Santa Rita.
ADUFRGS debate cooperativismo de crédito
Assim que encerrou a live de lançamento, teve início uma aula pública promovida pela ADUFRGS Sindical sobre “Educação Financeira em tempo de pandemia: Sistema Financeiro e Cooperativismo de Crédito”.
Participaram o professor de Economia e Relações Internacionais da UFRGS André Moreira Cunha e o professor do Curso de Gestão de Cooperativas da UFSM Vitor Kochhann Reisdorfer. A mediação foi do tesoureiro da ADUFRGS e diretor de Assuntos Jurídicos do PROIFES-Federação, Eduardo Rolim.
Assista à transmissão da aula pública