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Crise mundial do petróleo revela importância de manter Petrobras integrada

Afirmação é do diretor de comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa. De acordo com ele, a crise coloca em xeque as ações que estão sendo implementadas pela Petrobras de vender seu parque de refino

Publicado: 11 Março, 2020 - 15h41 | Última modificação: 11 Março, 2020 - 15h49

Escrito por: Sindipetro-BA

Arquivo/Agência Brasil
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A queda brusca nos preços do petróleo mostrou que é fundamental manter a Petrobras como empresa pública, integrada, com negócios diversificados, como afirmam e defendem há anos as diretorias da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindipetro Bahia.

A guerra do petróleo entre Arábia Saudita e Rússia que abalou as bolsas de valores esta semana e elevou o dólar ao mais alto patamar da história atingiu profundamente a Petrobras. A petroleira brasileira perdeu R$ 91 bilhões em valor de mercado, maior queda em quase 30 anos.

O pânico causado pela baixa do preço do barril do petróleo, que já chegou a US$ 60 e caiu repentinamente para US$ 31,52, mostrou a instabilidade desse mercado e  também a força que o petróleo tem na economia mundial.

“O atual cenário coloca em xeque as ações que estão sendo implementadas pela Petrobrás. O preço baixo do barril de petróleo fortalece o refino, portanto, vender quase a totalidade do seu parque de refino não é uma boa estratégia da estatal, pois isso traz impacto negativo no presente e no futuro, não só para a Petrobrás, mas também para o próprio país”, afirma o diretor de comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa.

Para o sindicalista, manter uma empresa integrada garante o equilíbrio e a sustentabilidade financeira da estatal. “Hoje se temos um setor com uma rentabilidade maior e um mercado mais propício, ele acaba dando sustentabilidade a um outro setor da empresa que não esteja bem naquele momento”.

Radiovaldo explica que a Petrobrás tem um parque de refino  e um mercado consistentes nessa área. Para ele a hora é de aumentar a carga processada nas refinarias e não vendê-las. A Refinaria Landulpho Alves, por exemplo, tem capacidade de produzir 377.388 barris de derivados de petróleo por dia, sendo 67.776 barris de gasolina e 22.435 de GLP. De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) em dezembro de 2013 a capacidade de uso da RLAM era de 98%.  Já em janeiro de 2019 essa capacidade foi reduzida para 56%.

A redução da capacidade de processamento da RLAM vem sendo implementada desde que a estatal adotou a política de paridade de preços dos seus derivados em relação ao mercado internacional, seguindo os preços do dólar e do barril de petróleo (que começou no governo Temer), gerando aumentos sucessivos dos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha.  Nos últimos dois anos, a produção na RLAM oscilou na faixa de 205 a 210 mil barris de derivados.

O Sindipetro defende que, nesse momento,  o refino pode  garantir, inclusive, a manutenção nos investimentos na área de Exploração e Produção de petróleo. Para a entidade sindical é um grande erro a desativação de unidades, a diminuição da carga processada e a venda de ativos, como os campos de produção terrestres.  “Na Bahia, por exemplo, esses campos têm custo de produção muito baixo e ainda têm capacidade de ofertar um petróleo mais barato. Junte-se a isso o processamento do petróleo feito pela própria Petrobras e não teremos necessidade de importação e nem de comprometer a balança comercial”, afirma Radiovaldo, que cita ainda o prejuízo que o Brasil terá caso a Petrobras insista em vender  seus ativos em um  momento como esse (além de campos terrestres, a empresa colocou à venda 8 refinarias) . “Além da retração do mercado, você corre o risco de depreciar o patrimônio, vendendo-o a preços muito baixos”.

Para o Sindipetro, a hora é de investimento, não de encolhimento, o que só agrava a crise econômica. “Não é hora de fatiar ou diminuir o tamanho e a importância e atuação de uma grande empresa como a Petrobrás. O que há é a necessidade urgente de mais investimentos, de  gerar empregos, aumentando com isso a arrecadação dos impostos federais, estaduais e municipais. A roda da economia está parada, para o bem de todos ela tem de girar”, finaliza Radiovaldo.