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CSN não negocia, recorre à Justiça e demite trabalhadores, mas a greve continua

CSN joga pesado, recorre à justiça de Itaguaí, que considera greve legitima; e demite 30 trabalhadores da comissão de negociação de Volta Redonda, mas trabalhadores resistem e mantém greve em 3 unidades  

Publicado: 11 Abril, 2022 - 16h05 | Última modificação: 11 Abril, 2022 - 16h11

Escrito por: Tatiane Cardoso, da CUT-Rio | Editado por: Marize Muniz

CUT-RJ
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A direção da Companhia Siderúrgia Nacional (CSN) se recusa a negociar um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) digno e justo com os trabalhadores e as trabalhadoras e pressiona a categoria com ações na justiça pedindo a ilegalidade da greve e até com demissões dos organizadores da mobilização, para impedir a luta por direitos, mas a greve continua nas três unidades da empresa - duas no Rio de Janeiro e uma em Minas Gerais.

No Porto de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, os trabalhadores entraram nesta segunda-feira (11) no sexto dia de greve por reajuste salarial com uma boa notícia. A direção da CSN recorreu à Justiça do Trabalho do município contra a greve do terminal de carvão e perdeu.

Um desembargador da 2ª Vara considerou a greve legítima e garantiu aos trabalhadores o direito de parallisar as atividades para lutar por melhores condições de trabalho.

Na siderúrgica de Volta Redonda (RJ), no Sul do estado do Rio de Janeiro, que entra hoje no sétimo dia de greve, a estratégia foi espalhar terror. A direção da CSN, segundo uma das lideranças dos trabalhadores, demitiu cerca de 30 funcionários nos últimos dias por participar da comissão de negociação.

Para os gestores da Companhia, o trabalhador tem que aceitar o salário baixo sem que ela ofereça condições justas de trabalho, criticam os sindicalistas.

A greve dos trabalhadores da CSN, que atinge também a mineração da siderúrgica em Congonhas (MG) há 11 dias paralisados, mobiliza o movimento sindical. Além do presidente do Sindicato dos Portuários Rio, Sérgio Giannetto, estiveram no porto de Itaguaí na manhã desta segunda-feira, o presidente da CUT-Rio, Sandro Cézar, acompanhado por um dos dirigentes da instituição, Carlos de Souza. Os sindicalistas prestaram solidariedade aos trabalhares e ressaltaram a importância do movimento grevista

Para Sandro, o presidente da CSN, Benjamim Streinbruch, só faz pose de bom moço. “Ele fala aos quatro cantos que sua empresa é sustentável, tem responsabilidade social. Mas, na verdade, enriquece às custas dos salários baixíssimos que paga aos trabalhadores”, afirma Sandro.

Sergio Giannetto afirma que o fato da Justiça do Trabalho ter considerado legítima a paralisação dos trabalhadores do terminal de carvão, em Itaguaí, é uma vitória para a categoria. “Vamos continuar apoiando os trabalhadores. Benjamim tem que sentar para negociar”.

“Ele não pode pensar apenas na conta bancária dos acionistas enquanto os funcionários têm péssimas condições de trabalho”, conclui o dirigente se referindo ao balanço recentemente divulgado, que revela aumento de 217% no lucro da CSN em 2021.

A greve simultânea nas três cidades – Itaguaí, Volta Redonda e Congonhas - tem o objetivo de pressionar a presidência da CSN a iniciar uma negociação de reajuste de salário, o que não tem acontecido nos últimos anos.

Os trabalhadores lutam para que salários e benefícios sejam reajustados, pelo menos, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, acumulado da data-base da categoria, que tem previsão de alcançar 12%.

Ao ser levado em consideração os anos passados, em que a CSN não fez os reajustes adequadamente, a defasagem salarial dos trabalhadores da siderúrgica chega a 25%.