Escrito por: Marize Muniz
Após a morte de doméstica por coronavírus no Rio, Federação nacional das domésticas lança abaixo-assinado pedindo proteção às trabalhadoras e responsabilidade de patrões e de toda sociedade
A Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), que já vinha publicando em seu site alertas e orientações para a categoria se prevenir contra o coronavírus (Covid-19), lançou um abaixo-assinado para conscientizar os empregadores e a sociedade sobre a responsabilidades de todos no enfrentamento à pandemia. No texto, que já tem mais de 1.800 assinaturas, a Fenatrad exige ‘justiça e proteção para nossa categoria!’.
Elas pedem também que os empregadores liberem suas trabalhadoras domésticas, com salário, e quando for possível, antecipem suas férias e 13° salário .
O que acendeu o sinal de alerta nas sindicalistas que lideram uma federação nacional que tem 22 sindicatos e uma associação e representa cerca de 7,2 milhões de trabalhadores e trabalhadoras domésticas, foi a morte de uma companheira no Rio de Janeiro.
A primeira vítima do Covid-19 no Rio é uma empregada doméstica de 63 anos, sem aposentadoria, com histórico de diabetes e hipertensão, que morava em Miguel Pereira e trabalhava na capital. Ela contraiu a doença porque entrou em contato com a patroa, que havia voltado de uma viagem à Itália. A patroa fez o teste, mas não se isolou, manteve a empregada trabalhando. A empregada chegou no domingo a noite na casa da patroa, adoeceu na segunda. A patroa chamou os familiares, colocou a senhora em um taxi. Ela foi ao hospital onde já ficou internada e morreu na quarta. O teste na patroa deu positivo.
No abaixo-assinado a Fenatrad diz que já tinha alertado que “as rabalhadoras domésticas estão entre as pessoas mais expostas aos riscos de contaminação do COVID-19; pois dependem de transportes públicos para ir ao trabalho, estão em contato direto com pessoas (crianças, idosos, pessoas doentes ou portadoras de deficiências) e não têm a opção de não trabalhar ou de trabalhar de casa, principalmente no caso das diaristas”.
E alerta que, com o fechamento das escolas, essas trabalhadoras ainda devem enfrentar a questão do cuidado com seus próprios filhos, tendo que escolher entre ganhar sua diária ou ficar em casa com suas crianças.
No casos em que a presença da trabalhadora é imprescindível (por exemplo para cuidados de pessoas idosas), pedimos que as devidas precauções sejam tomadas: luvas, máscaras, álcool-gel e pagamento de transportes alternativos para evitar os transportes públicos, diz trecho do abaixo-assinado.
A Fenatrad também reivindica que “as autoridades competentes, em nível estadual e federal, e o Ministério da Economia” criem “um fundo emergencial para as trabalhadoras domésticas que estão desempregadas ou impossibilitadas de trabalhar por causa da crise do COVID-19”.
O texto do abaixo-assinado diz ainda que é preciso aprovar “uma determinação para obrigar os empregadores a respeitar os direitos básicos de saúde e higiene de suas trabalhadoras domésticas, com fiscalização e multa em caso de abuso”.
“Nesse momento de pandemia, cuidar de sua trabalhadora doméstica é cuidar também de sua família e da sociedade toda! Lute contra o COVID-19 e deixe sua trabalhadora doméstica em casa com salário!”, conclui a Fenatrad.