Escrito por: Cristiane Sampaio/ Brasil de Fato

Custeio de piso da enfermagem será votado nesta terça (4) no Senado

Categoria organiza ato em Brasília. Segundo federação, capital receberá caravanas de todas as regiões na quarta-feira (5)

Bruno Cecim/Agência Pará

Com previsão de que a votação do financiamento do piso nacional da enfermagem comece nesta terça-feira (4), no Senado, trabalhadores da categoria estão se mobilizando para levar caravanas a Brasília (DF) na quarta-feira (5) para fazer um protesto em defesa da rápida aprovação da medida. A proposta precisa ser aprovada depois pela Câmara dos Deputados.

A pressão política tem como pano de fundo a suspensão temporária do piso por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), que pediu esclarecimentos a entes públicos e privados a respeito do custeio da medida.

“Pra gente, é extremamente importante essa votação porque, inclusive, já era pra ter ocorrido”, lembra a presidenta da Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE), Shirley Morales. O relator da proposta, senador Marcelo Castro (MDB-PI), havia anunciado a votação do tema para a semana passada, mas a ideia não vingou em meio às articulações voltadas ao primeiro turno das eleições, e acabou sendo adiada para esta semana.

“As entidades se organizaram e as categorias também, pedindo continuação de mobilização. As entidades nacionais, compreendendo que há importância de se fazer um grande ato em Brasília, organizaram o ato”, (0:28) afirma Shirley, ao apontar que a ideia é cobrar aos parlamentares para que não adiem novamente a votação.

A medida será votada por meio do Projeto de Lei Complementar (PLP) 44/2021, que dá aval a estados, municípios e Distrito Federal para que estes transfiram para outras ações na área da saúde recursos originalmente voltados ao combate à covid-19. Para que isso se materialize, o PL faz uma alteração na Lei Complementar 172/2020, que havia liberado um montante de R$ 23,8 bilhões para o combate à pandemia. A verba é remanescente das contas de fundos de saúde dos entes subfederados no final de 2020.

A tendência é que a proposta seja aprovada no Senado, onde o piso nacional da categoria foi chancelado por ampla maioria em novembro de 2021. O plenário da Casa também garantiu à categoria folga na votação que deu sinal verde a uma proposta de emenda constitucional aprovada em junho deste ano para dar segurança jurídica ao piso. Depois de ser avaliado pelo plenário, o PL do financiamento deverá ser encaminhado ainda para análise da Câmara dos Deputados.

Shirley Morales afirma que afirma que, neste momento, a ordem entre as entidades da categoria é pressionar os parlamentares para que cumpram as promessas feitas anteriormente aos trabalhadores do segmento.

“A gente viu diversas entrevistas, inclusive do próprio presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, [dizendo] que seriam feitas sessões extraordinárias se fosse necessário [pra aprovar]. A gente espera que essa promessa seja cumprida."

"Vemos com muita perspectiva de que realmente ocorra essa votação e não seja mais postergada porque a enfermagem não aguenta mais”, afirma Shirley.

O piso da enfermagem entrou em vigor em 4 de agosto deste ano, por meio da Lei nº 14.434, e prevê pagamento de R$ 4.750 para enfermeiros, R$ 3.325 para técnicos e R$ 2.375 para auxiliares de enfermagem e parteiras. A medida foi suspensa logo depois, no dia 4 de setembro, por determinação do ministro Luís Roberto Barroso, do STF. Depois disso, a liminar do magistrado foi julgada e chancelada pelo plenário da Corte, que deu 60 dias para a prestação de esclarecimentos a respeito do custeio da medida.

“Nós compreendemos que a aplicação do piso tem que ser de imediato. No STF, estamos tomando as providências cabíveis, mas a gente precisa também que se avance esse debate de aprovação das fontes no Congresso”, finaliza a presidenta da FNE.

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho