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CUT amplia parcerias com governo dos Estados Unidos para políticas LGBTQIA+

Em encontro realizado nesta semana, em Brasília, dirigente da Central articulou recursos para continuidade de projetos como o Pride, em parceria com a OIT, que tem foco na população trans

Publicado: 30 Janeiro, 2024 - 14h59 | Última modificação: 30 Janeiro, 2024 - 15h13

Escrito por: André Accarini

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A atuação da CUT em defesa dos direitos da população LGBTQIA+ teve um importante capítulo nesta segunda-feira, 29, Dia da Visibilidade Trans. O secretário nacional LGBTQIA+ da CUT, Walmir Siqueira, o professor Wal, participou de um encontro em Brasília com a embaixadora dos Estados Unidos, Jessica Stern, responsável por articular políticas para essa população não somente no país, mas também em nível internacional.

Jessica Stern, de acordo com o governo dos Estados Unidos, tem “papel crucial para garantir que a diplomacia estadunidense proteja e defenda os direitos das pessoas LGBTQIA+ em todo mundo".

No encontro, Wal apresentou a atuação da Central sobre o tema à embaixadora, que se comprometeu em articular recursos para a continuidade de projetos como o Pride, realizado em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujo foco é a população trans no Brasil.

“Mostramos a ela a nossa atuação que se dá com ações de formação e informação como o a elaboração do Almanaque LGBTQIA+, a formação do coletivo nacional, o projeto Pride, e nossa atuação também em nível de governo no Brasil. São ações que visam garantir direitos e cidadania para essas pessoas e isso agradou a embaixadora”, disse o professor Wal.

Ainda de acordo com o dirigente, Jessica Stern se dispôs a trabalhar para que recursos do governo americano, destinados a essas políticas, sejam direcionados aos projetos em questão. “Ela elogiou o [projeto] Pride, feito em parceria com a OIT. Mas o projeto termina em junho deste ano e para sua continuidade, são necessários esses recursos”, disse o dirigente cutista.

A importância dos aportes financeiros se dá pela garantia de que o projeto consiga avançar em pontos cruciais. Walmir Siqueira detalha que todas as fases até aqui tiveram êxito, como a formação de dirigentes sindicais, a sindicalização e a formação das próprias pessoas trans, preparando-as para o mercado de trabalho, não apenas profissionalmente, mas também no que diz respeito a autoconfiança e autovalorização.

No entanto, ele pontua, há gargalos. “Apesar de caminharmos firmemente em nossos propósitos de acolhimento e encaminhamento até agora, ainda há o preconceito lá fora, no mercado de trabalho. É objetivo do projeto promover a inserção, mas há esse entrave. Por isso, é importante que o projeto continue para que consigamos alcançar esse objetivo”, afirma Wal.

+ Conheça o projeto Pride

Atuação

Se no horizonte há a expectativa de que as relações entre os países resultem em incentivos e investimentos para ações voltadas à população LGBTQIA+ sejam reforçadas, a CUT, no presente, é ativa no que diz respeito a reivindicar, ajudar a elaborar e cobrar políticas públicas em defesa dessa população.

E este tema foi destacado no encontro com a embaixadora. “Mostramos a ela que somos a primeira central sindical do Brasil a ter uma secretaria específica LGBTQIA+, participamos de paradas por todo o país com o propósito de reforçar a luta em nossa defesa e além dos projetos que tocamos, temos um lugar de fala no governo”, disse Wal.

Ele se refere à participação da CUT e de movimentos LGBQTIA+ em conselhos representativos e, em especial, no Conselho Nacional LGBQTIA+, retomado após o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2023.

O professor Wal ainda traçou um panorama dos últimos tempos no Brasil, de ataque às liberdades, direitos e demandas da população LGBTQIA+, assim como de outros segmentos que, igualmente, foram perseguidos.

“O governo Bolsonaro destruiu muitas políticas trabalhistas e específicas LGBTQIA+, mas agora estamos trabalhando nessa reconstrução, então um dos objetivos é principalmente discutir a pauta de direitos, como direito ao nome social, a inclusão no mercado de trabalho respeitando as particularidades dessa população e vagas de trabalho realmente inclusivas, sem a exigência de requisitos que essas pessoas não possuam”, explicou o dirigente à embaixadora.

Ainda sobre esse aspecto, ele falou sobre formação profissional, cotas de entrada e permanência no mercado de trabalho para pessoas trans.

“Passamos seis anos só defendendo direitos que foram retirados que agora precisamos reconstruir toda a política pública”, reforçou Wal durante o encontro.

O Brasil, lembra o dirigente, ainda figura entre os que mais matam LGBTQIA+ no mundo.

Leia mais: Brasil lidera ranking de países que mais matam LGBQTQIA+. Maioria é de pessoas trans

A atuação da CUT, portanto, chamou a atenção da embaixadora. O resultado da agenda desta segunda-feira é que, além da possibilidade de continuidade do Projeto Pride, outros projetos podem ser elaborados, também com a parceria entre os países.

Os recursos do governo americano, destinados a essas políticas em parceria com outros países, em geral são aportados via Organização Internacional do Trabalho.

Participaram do encontro a secretaria nacional LGBTQIA+ do governo brasileiro, Samy Larrat, a especialista em Política da Embaixada dos Estados Unidos, Gabriela Fontenele, a secretaria para Assuntos Políticos dos Estados Unidos, Aminata Sy.

O encontro também contou com a participação da assessora de Participação Social e Diversidade, do Gabinete do Ministro do Trabalho, Natalina Lourenço. Também professora, ela é ex-secretária de Combate ao Racismo da CUT.

Videos:

Conheça o Almanque LGBTQIA+ da CUT:

 

 Projeto Pride: