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CUT assume direção executiva do DIEESE junto com outras centrais

Maria Faria, dirigente da CUT, é a terceira mulher em 65 anos a assumir a presidência do instituto. “Desafio é manter e ampliar atuação do Dieese”, diz a nova presidente da instituição

Publicado: 07 Fevereiro, 2020 - 13h05 | Última modificação: 07 Fevereiro, 2020 - 14h16

Escrito por: Andre Accarini

Roberto Parizotti
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Na última terça-feira (4), a CUT, representada pela secretária adjunta de Administração e Finanças, Maria Faria, assumiu a presidência do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o Dieese.  Às vésperas de completar 65 anos de existência, a nova composição da direção executiva do Dieese representa um novo fôlego para a instituição continuar e ampliar o seu papel.

Criado em 1955, o Dieese tem como principal função desenvolver estudos, pesquisas e análises, nas áreas trabalhista e econômica, para ajudar o movimento sindical a negociar as pautas e entender as necessidades dos trabalhadores.

Até a gestão anterior, a diretoria era formada por membros indicados por sindicatos. A partir da nova gestão são as centrais sindicais que assumem o comando. De acordo com Maria Faria, tendo a CUT e centrais à frente do Dieese, a articulação política para que a instituição se mantenha e possa ampliar sua atuação se fortalece. “Nosso desafio e compromisso é manter o trabalho e articular para dar continuidade, superar a crise e avançar”, explica a dirigente.

Obstáculos no caminho do Dieese não são novidade. Desde que surgiu já enfrentou períodos de dificuldade e perseguição política, como no período pós morte de Getúlio Vargas, os tempos da ditadura militar (1964-1985) e outros períodos de incerteza econômica. “E agora é outra crise”, afirma a dirigente.

“A crise é no país, com o governo, a precarização das relações de trabalho, o desemprego, as reformas, mas por outro lado temos as transformações do mundo do trabalho, com novas tecnologias, inteligência artificial e tudo isso requer outras formas de organizar os trabalhadores”, completa Maria Faria.

Para o movimento sindical, o cenário se torna ainda mais crítico e por isso, conforme diz a dirigente, o papel de estudo e análise do Dieese ajuda os sindicatos a compreenderem a situação e formatar as pautas de luta.

“Precisamos nos organizar e nos reinventar. O instituto tem o papel de grande formulador e pesquisador que nos ajuda a compreender este mundo e ter uma intervenção qualificada, dando condições de desenvolver uma luta sindical a partir do local de trabalho e a partir das novas transformações, ” destaca Maria Faria.

Desafio

Em todos esses anos, Maria Faria é a terceira mulher a assumir a presidência do Dieese. Para ela “é uma honra e um desafio para uma mulher, trabalhadora do serviço público, da maior central sindical brasileira, assumir o cargo”.

Ela ressalta que a CUT é um ‘nome forte na organização da classe trabalhadora’, e em conjunto com as outras centrais sindicais que também formam a direção executiva, o Dieese terá mais caminhos para poder se manter.

“Juntos temos a responsabilidade de manter o trabalho articulando parcerias para superar a crise e avançar na atuação do Dieese. Isso ajuda o movimento sindical a se fortalecer. E se o movimento sindical se fortalece, o Dieese também se fortalece”, afirma Maria.

As articulações, segundo Maria, incluem inserir cada vez mais o papel do Dieese dentro dos próprios sindicatos e buscar parcerias com entidades que também defendam a classe trabalhadora e a democracia do Brasil. As parcerias têm como base, justamente, os estudos realizados pelo Dieese que fornecem um olhar completo sobre o trabalhador.

“Ver como o trabalhador vive, onde vive e qual é sua qualidade de vida são informações importantes para o avanço de conquistas sociais. E isso interessa a todos. Um exemplo é o trabalho feito pelo Dieese que foi fundamental na elaboração da proposta de uma política pública de valorização do salário mínimo, que virou lei posteriormente”, diz Maria Faria.

Além da direção executiva, o Dieese também tem um novo diretor-técnico. O cientista social Fausto Augusto Junior substituiu Clemente Gans Lucio, que permaneceu durante 16 anos no cargo.

Fausto Macedo/Foto: Roberto Parizotti

 

Escola – a menina dos olhos do Dieese

Um dos desafios para a nova gestão é também manter e ampliar a Escola Dieese de Ciências do Trabalho. Os cursos de nível superior (graduação e pós-graduação) oferecidos têm foco nas questões relacionadas ao trabalho, sob a ótica da classe trabalhadora. Fausto Macedo explica que “foram anos de luta para consolidar a Escola”.

Para ele o papel principal da Escola é abrir os horizontes para o mundo do trabalho e movimento sindical. “O mundo mudou e o movimento sindical está se reformulando. E a Escola contribui na formação dos trabalhadores”.

A Escola Dieese de Ciências do Trabalho é aberta a todos os trabalhadores, não somente a dirigentes sindicais. “É um ponto de encontro entre o mundo do trabalho e meio acadêmico que possibilita dirigentes e trabalhadores ampliarem e multiplicarem conhecimentos”, completa Fausto.

História

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) é uma entidade criada e mantida pelo movimento sindical brasileiro. Foi fundado em 1955, com o objetivo de desenvolver pesquisas que subsidiassem as demandas dos trabalhadores.

Sindicatos, federações, confederações de trabalhadores e centrais sindicais são filiados ao DIEESE e fazem parte da direção da entidade. Atualmente, são cerca de 700 associados.

Ao longo dos mais de 60 anos de história, o DIEESE conquistou credibilidade e reconhecimento nacional e internacional como instituição que desenvolve pesquisa, assessoria e educação voltadas para os dirigentes e assessores das entidades sindicais e os trabalhadores. Graças a um trabalho que beneficia a toda a sociedade, é reconhecido como instituição de utilidade pública.

O DIEESE possui 17 escritórios regionais, cerca de 50 subseções (unidades dentro de entidades sindicais) e atualmente dois observatórios do trabalho (divisões que funcionam dentro de prefeituras, governos estaduais, para subsidiar o poder público com pesquisas e análises).