Escrito por: Érica Aragão
No próximo dia 19 de novembro sindicalistas, parlamentares, movimentos sociais e igreja vão apresentar um plano emergencial por empregos e uma agenda de mobilizações até 1º de maio de 2020
As medidas econômicas do governo de Jair Bolsonaro (PSL) e do ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, têm intensificado a crise que o país passa e as taxas de desemprego e desigualdade não diminuem, pelo contrário.
Esta foi análise de representantes da CUT, demais centrais - CTB, CSP-Conlutas, Força Sindical, CSB, CGTB, Intersindical, Intersindical Instrumento de Luta -, partidos de oposição, igrejas, academia e movimentos sociais que se reuniram nesta terça-feira (12), na sede da Força Sindical, em São Paulo. Todos se uniram em torno de uma pauta única para gerar emprego, renda e diminuir a pobreza e desigualdade no país.
E os dados confirmam a análise dos sindicalistas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil estabilizou em alta (11,8%) e já atinge 12,5 milhões de trabalhadores e trabalhadoras do país. O que mais cresce no país é o emprego informal e o desalento, pessoas que desistiram de procurar emprego.
Além disso, depois do golpe de 2016, ricos ficaram mais ricos e pobres ainda mais pobres, aponta Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
A metade mais pobre da população, quase 104 milhões de brasileiros, viveu em 2018 com apenas R$ 413 mensais, enquanto o 1% mais rico, 2,1 milhões de pessoas, tinha renda média de R$ 16.297 por pessoa.
“Para lutar por emprego, direitos, democracia e soberania, contra o desmonte que o governo Bolsonaro vem impondo ao país e que tem impactado negativamente os mais pobres e os desempregados temos de somar e dialogar com todos os movimentos populares, centrais sindicais, partidos políticos e entidades que querem um Brasil desenvolvido, mais igual e mais justo”, afirmou o presidente da CUT, Sérgio Nobre, que complementou: “Nossa reunião de hoje deu mais um importante passo nesse sentido”.
A Secretária-Geral da CUT, Carmen Foro, afirmou que mais que discutir aspectos das medidas dos governos que acabam com o estado brasileiro e destroem as políticas que existem, essa reunião “é a unidade de setores estratégicos da sociedade pra gente fazer o enfrentamento necessário às políticas negativas desse governo que são inúmeras”.
Segundo Carmen, a geração de renda e o combate ao desemprego e a pobreza são as prioridades, mas que há outros milhares de ataques aos trabalhadores e as trabalhadoras que também precisam ser combatidos. Ela ressalta que a classe trabalhadora não terá vitória se este enfrentamento não for feito em conjunto.
“Não tem gol se a gente não fizer isso junto. Seis partidos políticos da oposição, as centrais sindicais, os movimentos sociais e a igreja estamos juntos pra dizer que nós vamos fazer mobilizações, um conjunto de ações e proposições para se contrapor as medidas deste governo”, afirmou Carmen se referindo a participação das principais centrais do Brasil, dos partidos PT, PCdoB, Psol, PDT, PSB e Rede, além de representantes da igreja e dos movimentos sociais na reunião.
Plano Emergencial
Os representantes dos partidos de oposição estão terminando de produzir um Plano Emergencial para fazer o enfrentamento às políticas do governo de Bolsonaro e pretendem divulgá-lo ainda nesta semana. A CUT, demais centrais e movimentos sociais estão acrescentando propostas específicas já debatidas em suas direções para melhorar a vida do trabalhador neste Plano Emergencial. Todas as propostas serão unificadas em um plano só.
No dia 19, na sede da CUT, os sindicalistas, os movimentos sociais, partidos de oposição vão lançar o Plano Emergencial com uma pauta unificada.
O ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação do governo Dilma e economista, Aloizio Mercadante, contou um pouco sobre o Plano Emergencial que, segundo ele, tem como objetivo de gerar 7,5 milhões de empregos imediatamente usando fundos criativos para isso.
“Estamos incluindo na proposta o uso da fração das reservas cambiais para investimentos, relançar a Política Nacional de Salário Mínimo, fortalecer o Bolsa Família para frear a pobreza, que só está avançando”, contou Mercadante, adiantando algumas propostas que estarão no Plano Emergencial que será apresentado pelos partidos de oposição.
“Todo esforço dessa iniciativa é colocar o desemprego a frente da luta e tentar transformar isso em uma grande pauta nacional para exigir mudanças de rumo, porque não dá para continuar aprofundando a crise do jeito que este governo está fazendo”, afirmou Mercadante.
Jornada por direitos e soberania
Os partidos de oposição também querem lançar uma jornada de luta permanente por direitos e soberania ou contra as privatizações, porque, segundo o a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, que falou em nome dos partidos de oposição, as privatizações estão ligadas totalmente ao Estado e, portanto, também estão ligadas à geração de riqueza e emprego.
Gleisi, que também é deputada Federal, contou um pouco das batalhas no Congresso Nacional e dos desafios que a oposição, que é minoria, tem diariamente. Segundo ela, a oposição se reúne sempre para dialogar e pensar algumas saídas para o país.
Ela destacou a importância da oposição, da sociedade civil organizada, como as frentes, centrais e igrejas, para enfrentar as medidas neoliberais deste governo, mas destacou que o mais importante são as mobilizações de massa.
“Temos que pegar o microfone, ir para rua falar com povo na saída do metrô, nos pontos de ônibus, nas portas das universidades, fazer um panfleto informando o que está acontecendo e dizer que nós queremos outra política, que gere emprego e renda para disputar a narrativa, porque se não fizermos isso dificilmente iremos conseguir atingir nosso objetivo”, destacou Gleisi.
A presidenta do PT também disse que os partidos estão pensando em organizar uma marcha dos desempregados.
Encontro sobre emprego e desenvolvimento
No próximo dia 18, a CUT e demais centrais e os setores estratégicos da sociedade que estiveram juntos na manhã desta terça voltarão a se encontrar.
Eles vão participar do “Encontro Emprego e Desenvolvimento”, no qual vão receber representantes do Chile, Equador e Argentina, que irão dar seus depoimentos sobre os impactos da implementação de políticas neoliberais nestes países.
Agenda das Centrais
Além do ato desta quarta-feira (13), no qual a CUT e demais centrais vão fazer panfletagem e uma caminhada no centro da cidade de São Paulo, e do Encontro Emprego e Desenvolvimento do dia 18, a CUT e demais centrais têm uma agenda de mobilização para o próximo período.
No dia 26 de novembro, no auditório do Sindicato dos Bancários em Brasília, terá um encontro de todo setor público para traçar a resistência ao pacote de Guedes no Congresso Nacional e fazer em suas cidades a defesa dos serviços públicos e das estatais.
No dia 19 também será apresentado uma agenda de mobilização unitária até o 1º de maio de 2020.