Escrito por: Rafael Silva, CUT-SP
Projeto do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) é de privatizar metrô, trens, escolas, Fundação Casa e outros serviços públicos
Depois da água, com a privatização da Sabesp, avança em São Paulo o projeto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de vender empresas públicas fundamentais para a população. Há em andamento a venda da gestão de escolas, de linhas do metrô, da CPTM e até mesmo da Fundação Casa.
Diante dos riscos e prejuízos no atendimento e até financeiros que as privatizações oferecem à população em geral, que foi realizado no auditório da CUT Nacional, o Seminário contra a privatização da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Estrada de Ferro Campos do Jordão (EFCJ) e Metrô.
A CUT Nacional esteve representada pelo Secretário de Transportes e Logística, Wagner Menezes (Marron), que também é secretário de Política Sindical da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), participou da Mesa “Metrô de São Paulo, eficiência e acesso a ameaçados”.
A discussão em torno da privatização dos trens e metrôs de São Paulo se tornou uma das principais agendas dos últimos governos. Contudo, sem apoio popular para avançar com esse projeto, adotou-se a estratégia de sucatear os serviços, como destacaram os sindicalistas participantes da terceira mesa, que falou sobre a eficiência a ameaça ao acesso ao transporte sobre trilhos.
O sucateamento parte do princípio de cortar investimentos públicos e redução de trabalhadores, de forma a piorar as condições de serviço e aumentar o número de reclamações por parte dos usuários. Como solução, o governo diz que a transferência do serviço para a iniciativa privada é o que será capaz de apresentar melhorias.
Presidenta do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa destacou que foi a partir da operação da primeira linha de metrô privatizada, a ViaQuatro – Amarela, que as pessoas passaram a ter uma percepção inicial de que aquele modelo era bom, já que utilizavam trens novos e modernos, o que fez o projeto de privatização ganhar alguns defensores. “Mas era injusto fazer uma comparação com uma linha que acabara de ser entregue, em 2010, por uma construída em 1968 [Linha 1 – Azul]”.
De acordo com a sindicalista, no entanto, essa sensação de “bom serviço” logo foi se desfazendo conforme as demais linhas eram privatizadas e a baixa qualidade dos serviços passou a ficar mais explícita. “Mas essas empresas passaram a dar de ombros a esses problemas. Para elas, trem e metrô é um transporte de pobres. Por isso, não estão preocupadas se acontecerão acidentes”, falou.
Em seguida, Raimundo Suzart, presidente da CUT-SP, seguiu numa linha de discussão parecida ao dizer que o desmonte do Estado é a “essência da extrema direita”, que busca se apropriar ao máximo de todos os recursos.
“Tentam fazer com o que o Tarcísio pareça moderado, mas ele é a representação do bolsonarismo. O que está acontecendo em São Paulo, com a venda das empresas públicas, é o que queriam de projeto pro país, caso o Lula não vencesse a Presidência. E essa agenda privatista deles significa desemprego, riscos e falta de atendimento social”, afirma Suzart.
Para ele, existe uma grande contradição, inclusive, no processo de venda dos bens públicos quando o governo leiloa a preços abaixo do real valor. “Quando um empresário quer vender sua empresa, ele faz melhorias para atrair bons compradores e, assim, obter um alto valor. Já o governo no estado faz o contrário, pois sucateia todo o serviço para vender a um preço muito abaixo do valor e ainda oferece dinheiro público como garantias”, comentou o presidente.
Já o secretário Transportes e Logística da CUT Brasil, Wagner Menezes, o Marron, falou sobre a tentativa de enfraquecimento dos sindicatos como uma das estratégias do governo estadual e das empresas privadas que operam os serviços de transportes. O dirigente contou que a busca pela divisão da base passou a ser fortemente patrocinada. “Isso começa quando deixam de realizar concursos para contratar trabalhadores. Depois terceirizam serviços com diferentes empresas que alta rotatividade de trabalhadores que, por consequência, são mais difíceis de mobilizá-los. Também sufocam as entidades sindicais, retirando suas sedes e entrando com processos judiciais. O governo, agora, tem mirado dirigentes sindicais afastados para cumprirem seus cargos nos quais foram eleitos, e os fazendo retornar às suas bases, o que é uma prática antissindical”, afirmou.
Mas apesar do cenário difícil, segue Marron, a classe trabalhadora saberá se organizar para impedir novos ataques.
O Seminário
O seminário discutiu ainda “Os Impactos negativos das privatizações pelo mundo”, a “CPTM e EFCJ, patrimônio público em risco”; A importância dos trens para a cultura periférica; a “Saúde mental e ocupacional em tempos de privatização” e as “Estratégias de resistência e mobilização social, próximos passos e chamado à ação coletiva”. Também houve os depoimentos “ Vozes contra a privatização” ,além de abertura de debates com o público presente no evento.
A promoção do evento foi da CUT, CTB, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Federação Interestadual dos Trabalhadores Ferroviários da CUT (FITF-CUT) e Sindicato dos Metroviários e Metroviárias de São Paulo e contou com a presença de deputados e deputados estaduais, federais, sindicalistas, jornalistas, especialistas em transportes, influenciadores digitais, entre outros.
Participantes
Mesa 1 - Impactos Negativos das Privatizações pelo Mundo
Dep. Rômulo Fernandes - Dep. Paula Nunes dos Santos - Roberval Placce (FITF-CUT) - José Faggian (Sintaeema) - Neemias de Souza (SINTSESP) - Vereador João Ananias. Também contemplaram a mesa de abertura presidente do Sintaema, José Faggian, o presidente da CTB, Adilson Araújo, o Índio.
Mesa 2 – CPTM e EFCJ Patrimônio Público em Risco
Dep. Simão Pedro - Thiago Jim - Eluiz Alves - Rafael Calábria - Dep. Guilherme Cortez - Mucio Alexandre (CPTM)
Mesa 3 – Metrô de São Paulo: Eficiência e Acesso Ameaçados
Camila Lisboa - Raimundo Suzart - Wagner Menezes (Marron), CNTTL- Mucio Alexandre
Mesas 4 e 5 – A importância dos Trens para a Cultura periférica - Depoimentos: Vozes contra a Privatização e Saúde Mental e Ocupacional em Tempos de Privatização
Douglas Izzo - Dep. Alencar Santana - Dep. Guilherme Cortês - Esquerdogata - Ana Clara (UP) - Sandra Beltran - Ver. Alessandro Guedes - Camila Lisboa - Rafael Calabria
Mesa 6 – Estratégias de Resistência e Mobilização Social - Próximos Passos e Chamado à Ação Coletiva
Camila Lisboa - Esquerdogata - Guilherme Cortez - Ana Clara (UP)
A íntegra dos debates pode ser vista no Youtube. Clique aqui.