CUT defende uma ampla frente pelos direitos e pela democracia
É o momento de aglutinar forças em torno de uma resistência em defesa dos direitos sociais e trabalhistas e da democracia, articulada com a campanha Lula Livre, diz trecho da Resolução da Central
Publicado: 13 Novembro, 2018 - 16h33 | Última modificação: 13 Novembro, 2018 - 16h47
Escrito por: CUT Nacional
Em reunião realizada na última sexta-feira (9), em São Paulo, a Direção Executiva da CUT fez uma análise do processo eleitoral e apontou os desafios para o futuro, segundo Resolução divulgada nesta terça-feira (13).
Os dirigentes analisaram as manobras para impedir que o ex-presidente Lula se candidatasse e vencesse as eleições, como indicavam todas as pesquisas, o esforço da militância em torno da candidatura de Fernando Haddad e, por fim, os riscos que representa a eleição de Jair Bolsonaro para a democracia, os direitos sociais e trabalhistas e a soberania nacional.
É necessário “construir uma ampla frente de resistência em defesa da democracia e dos direitos, particularmente os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, para enfrentar um governo autoritário que pretende aplicar até o fim a sua agenda regressiva de privatizações, destruição da Previdência pública e solidária, ataques aos sindicatos e organizações populares, precarização do trabalho e obscurantismo”, diz trecho da Resolução.
Resistência, unidade e luta em defesa da liberdade de Lula foi a pauta que os dirigentes tiraram para o futuro. “É o momento é de aglutinar forças em torno de uma resistência em defesa da democracia e dos direitos, que se articule com a campanha Lula Livre”.
Leia a íntegra da Resolução
A Direção Executiva da CUT reuniu-se em São Paulo no dia 9 de novembro e aprovou as resoluções que devem ser amplamente divulgadas e debatidas por suas entidades de base.
A eleição do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro nas eleições deste ano representa sérias ameaças à democracia e aos direitos conquistados com muita luta pela classe trabalhadora.
As eleições transcorreram em um estado de exceção, constituído desde o golpe do impeachment de 2016, com a principal liderança popular da nação, o ex-presidente Lula, condenado sem provas e preso político para impedir sua candidatura à Presidência da República.
Houve sérios indícios de manipulação e fraude, (como o crime de caixa 2, do disparo de notícias falsas via WhapsApp), empresários coagindo trabalhadores e trabalhadoras a votar em Bolsonaro, um atentado mal explicado ao candidato extremista, sem que tivesse havido reação dos poderes instituídos, particularmente o Judiciário (Tribunal Superior Eleitoral e Supremo Tribunal Federal), em mais uma manifestação de cumplicidade com as forças conservadoras, cujos interesses em última instância preservam. Tudo isso se deu sob o pano de fundo do “antipetismo” destilado pela grande mídia.
As eleições expressaram também um sentimento contra o atual sistema político, fazendo ruir partidos tradicionais da classe dominante como o PSDB, MDB, DEM e outros, em favor de um candidato que se dizia “antissistema”, quando na verdade, Bolsonaro é fruto do próprio sistema político. Não por outra razão, no 2º turno, o ex-capitão ganhou o apoio da quase totalidade do empresariado, das lideranças dos partidos de direita, para além de seu núcleo de viúvas da ditadura militar, chefes de igrejas evangélicas, membros das bancadas da bala e ruralista.
A CUT, depois que a candidatura de Lula foi impedida, apoiou de forma militante a candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que dialogava com a pauta dos trabalhadores e trabalhadoras e da nação oprimida e se opunha à legitimação do golpe de 2016 por meio da eleição de um presidente que o apoiou.
Sofremos uma derrota eleitoral, mas não conseguiram nos destruir como força política e como projeto popular e democrático. Haddad teve quarenta e sete milhões de votos, o que significa que quase a metade dos eleitores que compareceram às urnas disse: Bolsonaro não! Parlamentares que votaram contra os interesses da classe trabalhadora não foram reeleitos na maioria dos estados. O PT sobreviveu ao colapso dos grandes partidos e hoje está de pé, com a maior bancada federal e quatro governadores, para ajudar a organizar a resistência contra a política de ataques à democracia e aos direitos, de entrega de nossas riquezas a interesses externos, anunciada pelo presidente eleito. Estamos seguros que estivemos e continuaremos a estar do lado certo da história.
Depois das eleições, está colocada a necessidade de construção de uma ampla frente de resistência, em defesa da democracia e dos direitos, particularmente os direitos dos/as trabalhadores/as, para enfrentar um governo autoritário que pretende aplicar a sua agenda regressiva de privatizações, destruição da Previdência pública e solidária, ataques aos sindicatos e organizações populares, precarização do trabalho, obscurantismo, tudo a serviço das multinacionais e do grande empresariado local a elas associado.
No plano da educação e cultura foram anunciadas a intenção de aprovar o projeto Escola sem Partido, a cobrança de mensalidade nas universidades públicas, voucher para matrícula de estudantes em escolas privadas do ensino fundamental e médio, retorno do ensino de Moral e Cívica nas escolas, fim das cotas nas universidades e no setor público, ampliação do ensino à distância, restrição à aplicação dos recursos do Sistema S à área cultural e reformulação da Lei Rouanet.
O cenário que temos pela frente é complexo e desafiador. Enfrentamos situações mais adversas no passado e conseguimos vencê-las. O momento é de aglutinar forças em torno de uma resistência propositiva que dialogue com a sociedade, em defesa da democracia e dos direitos, que se articule com a campanha Lula Livre.
Temos um enorme potencial político a explorar, contribuindo na unidade das forças democráticas e populares, para enfrentar o retrocesso, a tirania e o obscurantismo.
É o momento de colocar a sociedade novamente em movimento, para defender os direitos civis, políticos, trabalhistas e socais, e continuar disputando o projeto histórico de sociedade que defendemos nas últimas eleições.
A Direção Executiva da CUT aprovou as seguintes resoluções:
1 - Fortalecer a unidade das forças populares e democráticas, levando as Centrais Sindicais, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo a aglutinarem forças e impulsionarem o processo de mobilização da resistência, com prioridade nas ações de massa.
Devemos ampliar as iniciativas contra a retirada de direitos, organizando com as Centrais Sindicais o Dia Nacional em Defesa da Previdência, em 22 de novembro.
Da mesma forma, dar continuidade e reforçar a luta liderada pelos professores contra o cerceamento da liberdade de expressão previsto no Projeto de Lei “Escola Sem Partido” (conferir nota em anexo 1).
2 - Apoiar intensamente a Campanha Lula Livre, fortalecendo a criação e atuação de Comitês Lula Livre no Brasil e no exterior, nos locais de trabalho, ampliando as informações sobre a perseguição ao ex-presidente, condenado de forma injusta e arbitrária, sem crime e sem provas, com processo forjado como foi o impeachment.
3 - Propor para as Centrais Sindicais a realização do Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, no primeiro trimestre de 2019, com o objetivo de construir uma pauta unificada de demandas e de ação política.
4 – Fortalecer as iniciativas de trabalho de base e de sustentação financeira dos sindicatos, seguindo as deliberações do último Congresso Extraordinário, seja em relação à cobrança da taxa negocial, seja para preservar o direito de cobrança de mensalidade em folha de pagamento (conferir orientações e anexo 3).
5 – Fortalecer a rede de comunicação da CUT, com maior investimento em tecnologia da comunicação, explorando os recursos disponíveis nas redes sociais com o objetivo de promover a interatividade, agilizar e massificar a transmissão de informações.
6 – Ampliar a defesa do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), importantes entidades da luta em defesa dos direitos sociais e da democracia.
7 - Reforçar a campanha em defesa dos serviço público de qualidade e dos servidores, ameaçados de demissão para serem substituídos por terceirizados, com salários menores e piores condições de trabalho.
8 - Reforçar que a Conferência Nacional de Formação é parte importante na construção da estratégia da CUT, integrada com os sindicatos de base, ramos e estaduais da CUT, na organização da resistência em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. A consciência de classe e de direitos prescinde de uma boa formação.
Direção Executiva da CUT