CUT denuncia caso de racismo em São Paulo, na estação do Metrô no Anhangabaú
Vítima foi agredida por seguranças da Companhia do Metropolitano
Publicado: 25 Outubro, 2021 - 12h48 | Última modificação: 25 Outubro, 2021 - 15h17
Escrito por: CUT Nacional
Em 2020, no Dia da Consciência Negra, tivemos o caso de racismo brutal que aconteceu com o brasileiro João Alberto, vítima de racismo que morreu após ser agredido por seguranças com um mata-leão no pescoço no meio do mercado Carrefour, e o caso do norte-americano George Floyd, que foi agredido por um policial que colocou o joelho em seu pescoço, sufocando-o até a morte.
E a um mês do Dia da Consciência Negra deste ano de 2021, mais um caso escandaloso de racismo seguido de violência brutal foi cometido por dois seguranças do Metrô de São Paulo, na estação Anhangabaú, linha vermelha, a linha que leva a população para zona leste, na periferia da capital paulista.
As vítimas foram um jovem negro de 21 anos que foi imobilizado e seu filho, que não compreendeu o que estava acontecendo. Viu seu pai cuspindo em um dos seguranças do Metrô de SP em reação à maneira como foi abordado. Na sequência, os seguranças imobilizaram o jovem pai com um mata-leão.
Como mostram as imagens que acabaram viralizando nas redes socais, uma testemunha tentou acalmar o filho do ambulante que estava no carrinho e ao mesmo tempo gritou para que não sufocassem o homem, já que os seguranças pressionavam o pescoço do homem contra o chão com o joelho.
Os casos de racismo seguidos de violência brutal no estado de São Paulo têm aumentado cada vez mais e quando é seguido de morte o número chega a ser absurdo, como mostra na tabela abaixo. E ao ler os dados é perceptível que a violência é seguida pela cor de quem vai ser abordado. Um estudo realizado pela Rede de Observatórios de Segurança Pública em cinco estados brasileiros (2019-2021) mostra que a população negra é a mais atingida pelas armas da polícia e violência. Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação com as secretarias de segurança da Bahia, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco.
No estado de São Paulo entre junho 2019 e maio 2021, mostra que o registro de violência, abusos e excesso praticados por policiais e seguranças somaram 574 casos nos cinco estados da Rede. Mesmo com a pandemia, os casos de agressão física no segundo semestre de 2020, apenas em São Paulo, aumentaram em 156%, as execuções saltaram de 5 para 31; e as ocorrências de ameaça, coação e intimidação aumentaram de 4 para 17, em relação ao mesmo período do ano anterior. Também tivemos o início de ano mais crítico quanto às execuções de janeiro a maio de 2021, pois verificou-se um aumento de 33%, quando comparado ao mesmo período em 2020.
Tipos de abusos, violências e excessos de agentes do Estado em São Paulo - junho a dezembro de 2019 e 2020.
| JUNHO A DEZEMBRO DE 2019 | JUNHO A DEZEMBRO DE 2020 |
Agressão física | 23 | 59 |
Excuções | 5 | 31 |
Roubo/Furto | 4 | 4 |
Coação, intimidação ameaça | 4 | 17 |
Violência de propriedade | 1 | 4 |
Fonte: Rede de Observatórios da Segurança
Com esses dados alarmantes conseguirmos perceber que não é só um viés racial, excesso de força, violência, o aumento de violência policial. É o racismo estrutural junto a um governo que bolsonarista que é adepto com o genocídio da população negra, pois quando comparamos esses dados com pessoas brancas mortas o número cai drasticamente, como podemos observar no último relatório da ouvidoria de São Paulo. Ao analisar a violência policial temos dificuldade em contabilizar abordagens violentas, espancamentos, humilhações, mas conseguimos contar os corpos nas ações policiais ao longo das ações. O crime precisa ser investigado e analisar a forma de abordagem e ainda nesse caso que tinha uma criança que visualizou tudo o que aconteceu com o seu pai.
Executiva Nacional da CUT