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CUT discute formação profissional como direito e aponta desafios para 2022

Para secretária de Formação da Central, a discussão sobre qualificação no trabalho precisa ser articulado com toda base CUTista e com políticas públicas

Publicado: 25 Março, 2022 - 18h14 | Última modificação: 25 Março, 2022 - 18h26

Escrito por: Érica Aragão

Roberto Parizotti (Sapão)
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da esquerda para direita: Rosane Bertotti, Rafael Marques e Heleno Araújo

Formação profissional como direito e os inúmeros desafios da CUT na educação técnica para 2022 foram os principais assuntos deste segundo dia do Encontro Nacional de Juventude e Formação da CUT, nesta sexta-feira (25). O avanço das tecnologias, o esvaziamento de políticas públicas para educação e a transformação no mundo do trabalho causaram impactos negativos na qualificação profissional brasileira, que já vinha sofrendo com as políticas neoliberais dos últimos anos.

Para a secretária de Formação da CUT, Rosane Bertotti, a Central debate sobre formação profissional com sua rede para participar da construção de políticas públicas e lutar por uma educação integral num novo governo, porque segundo ela, com este não dá. Ela explicou que os resultados do debate serão apresentados como propostas para quem vai governar em 2022 e estabelecer o diálogo.

“Em vários lugares do mundo este tema da educação profissional está sendo debatido com divergências e aprofundamentos no debate, com o objetivo de construir políticas públicas e mudar a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras, e é isso que a gente propõe aqui. Nosso papel é discutir o tema não só com o ramo da educação e com a formação, mas sim com toda a CUT”, explicou.

Roberto Parizzoti (Sapão)Roberto Parizzoti (Sapão)
Da esquerda para direita: Pantoja, Maria Faria, Rosane Bertotti, Heleno Araújo e Rafael Marques

 

A formação profissional como um direito, articulado com o processo de educação integral, políticas públicas, envolvimento de uma sociedade diversificada, certificação e o debate da qualificação profissional nas negociações coletivas são algumas das saídas apontadas pela Rosane, que destacou que existe um documento com 15 propostas de referências sendo construído para debater com as centrais sindicais.   

“A Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem feito esta discussão sobre qualificação profissional, porque é uma preocupação mundial. Enquanto CUT, temos que assumir o debate da educação, no que se refere ao mundo do trabalho, estabelecer estratégias e intervir nos debates para garantir empregos de qualidade e dignidade para nosso povo”, afirma Rosane.

Além da dirigente, no debate sobre a estratégia da CUT para formação profissional, também estavam presentes o presidente da Confederação Nacional da Educação (CNTE), Heleno Araújo, e o presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID Brasil), Rafael Marques.

A CUT e a construção da interferência política

Heleno apontou algumas reflexões sobre a educação profissional integral no âmbito do Plano Nacional de Educação (PNE) e afirmou que é fundamental este passo da CUT, em potencializar a luta pela educação profissional integral para garantir avanços, mas não o suficiente.  

Ele aponta que os desafios são grandes e que não dá para seguir sozinhos nesta luta.

“Não vamos vencer sozinhos, além de um governo progressista, que nos auxilie neste processo, será fundamental ampliar o número de deputadas e deputados do nosso campo e ter definidas e claras as políticas que queremos. Além disso, precisamos entender que a educação pública de hoje não dá conta e ocupar os espaços de decisão é estratégico para dar conta da formação integral que defendemos”, destacou.

Roberto Parizotti (Sapão)Roberto Parizotti (Sapão)
Heleno Araújo

 

 Formação profissional por empresa

Antes de viver a desindustrialização, a globalização e o deslocamento da produção para a China, a indústria brasileira chegou a representar 27% do Produto Interno Bruto (PIB) e a formação profissional, por ser uma fator importante para qualificar a mão de obra, estava presente dentro das empresas.

Com a mudança de cenário e a falta constante de investimentos no setor industrial nacional, a formação profissional ficou cada vez mais distante e elitista. O dirigente disse que os cursos por empresa fortalecia a organização no local de trabalho e incentiva debates importantes, como a importância dos sindicatos e a relação com as comunidades no entorno.

“A educação profissional perdeu o foco com a desindustrialização e a mudança na economia. As escolas técnicas, muitas delas, se elitizaram, mudaram suas estratégias e deixaram de investir 100% na educação profissional. Hoje apenas 10% da população tem acesso a cursos profissionalizantes no Brasil, enquanto em outros países mais de 50% da sociedade consegue completar a formação”, explicou Rafael Marques.

Roberto Parizotti (Sapão)Roberto Parizotti (Sapão)
Ariolvaldo Camargo

 

O presidente do TID disse ainda que para mudar a realidade é preciso mudar primeiro este governo, se inspirar em outros países e organizar a luta para mudar a realidade do Brasil.

“Precisamos nos inspirar em países de referência para nós neste tema, assim como o México, priorizar estas tarefas como importantes e executá-las como missão da CUT, pois o nosso papel é de promover debates e aprofundar propostas para permitir que o pais mude para melhor com crescimento, desenvolvimento e reindustrialização”, destaca.

Financiamento para formação na CUT

Na segunda mesa de debate, neste segundo dia de Encontro Nacional de Juventude e Formação “Os desafios do financiamento para a formação sindical” com a participação do secretário de Administração e Finanças, Ariovaldo de Camargo.

Ele disse que o sindicalismo brasileiro vive tempos difíceis com Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que é urgente eleger um candidato progressista para mudar a realidade, mas ao mesmo tempo, Ariovaldo destaca que, enquanto o governo não vem, é preciso buscar alternativas de financiamento para conseguir continuar construindo um país mais justo.

“Enquanto este novo governo não chega, temos que buscar condição para continuar existindo e resistindo. O ideal é que a gente alivie as angustias e construa um novo modelo de financiamento sindical”, destacou Ariovaldo.