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CUT e centrais defendem auxílio de R$ 600, mas governo oferece só R$ 250

Sem proposta concreta para ajudar a aplacar a fome dos milhões de brasileiros na pobreza e extrema pobreza, Bolsonaro diz, em mais um capítulo da novela sem fim, que pode pagar auxílio de R$ 200 a R$ 250

Publicado: 15 Fevereiro, 2021 - 08h30 | Última modificação: 15 Fevereiro, 2021 - 13h16

Escrito por: Rosely Rocha

Marcelo Camargo / Agência Brasil
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Cerca de dois milhões de brasileiros foram levados para a pobreza somente no último mês de janeiro, com o fim do auxílio emergencial , pago de abril a dezembro de 2020, em valores que variaram de R$ 600,00 a R$ 300,00 , chegando a R$ 1.200,00 para mães que sustentavam seus filhos sozinhas. Ao todo, 13% da população do país, ou 26 milhões de pessoas, estão sobrevivendo com uma renda per capita de apenas R$ 250,00 por mês.

Enquanto a fome bate à porta de milhões de famílias, o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) bate cabeça e não consegue colocar de pé uma proposta para ajudar os desempregados e os desalentados e também contribuir para o país atravessar a crise econômica, agravada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

O ministro da Economia, o banqueiro, Paulo Guedes, acenou com o pagamento de apenas três parcelas de R$ 200,00, para um novo benefício em troca de um ajuste fiscal, contido na Proposta de Emenda à Constituição (PEC), nº 32.

Agora num novo capítulo, como uma novela ruim e sem fim, Bolsonaro diz que talvez sejam pagos a partir de março deste ano, de três a quatro parcelas de R$ 250,00, para cerca de 32 milhões de pessoas, metade do público atingido com o último auxílio emergencial. Também devem ficar de fora os beneficiários do Programa Bolsa Família.

No entanto, a equipe econômica defende um valor decrescente, que comece com R$ 250,00 e depois passe para R$ 200, 00. Para a equipe de Paulo Guedes, o novo auxílio deve funcionar como uma “PEC de guerra”, para todos os momentos de excepcionalidade do país, estados e municípios, informa o blog da jornalista de economia, Maria Flor, no G1.

Embora os R$ 250,00 sejam um alento para quem não tem nada, não resolve o problema da fome no país. Por isso, que a CUT,demais centrais e partidos progressistas defendem um auxílio de R$ 600,00. 

Para o economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Eduardo Costa Pinto, qualquer contrapartida em troca do auxílio emergencial só é conveniente ao sistema financeiro e aos mais ricos.

Segundo ele, grandes bancos têm parte de suas riquezas em títulos do governo e, por isso, querem com o ajuste fiscal, a garantia de que não perderão dinheiro. Juntos os bancos Itaú e Bradesco detêm R$ 1 trilhão em títulos do governo.

“Bolsonaro quer pagar o auxílio em troca da popularidade, o Centrão [grupo político no Congresso, de apoio ao governo] quer em troca de possíveis votos no futuro, e o mercado financeiro só aceita o pagamento se houver um ajuste fiscal que garanta a manutenção de suas riquezas. Por isso, que essa ‘novela’ se arrasta, e povo pobre passa fome”, diz Costa Pinto.

Auxílio evitou tombo maior do Produto Interno Bruto (PIB)

O economista da UFRJ ressalta que foi graças ao auxílio emergencial que o Produto Interno Bruto (PIB) não levou um tombo ainda maior. A expectativa de setores econômicos é de uma queda entre 4% e 4,5% do PIB no ano passado. A divulgação do índice deve ser feita nos próximos dias pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Sem o auxílio emergencial, o tombo do PIB seria o dobro, em torno de 8%. Ele não só segurou o tombo da economia, como permitiu que os mais pobres melhorassem suas condições de vida. Num momento de pandemia, num contexto de desemprego altíssimo, não é hora nem de diminuir o valor do auxílio, muito menos cortá-lo como fez o governo federal”, alerta Costa Pinto.

De acordo com o professor, analistas preveem que a economia no primeiro trimestre deste ano já está perdida. O governo tenta voltar com o auxílio emergencial por que entendeu a necessidade do benefício para evitar uma desaceleração ainda maior da economia, diz.

“O auxílio emergencial deve ser mantido em escala maior, se o governo não quiser um tombo ainda maior na economia, e que milhões de famílias voltem para a extrema pobreza, aumente o desemprego e o desalento”, finaliza Costa Pinto.