Escrito por: Redação CUT/Texto: André Accarini

CUT e centrais protestam contra os juros altos nesta terça (20). Veja onde tem ato

Na data em que o Copom se reúne para definir a Selic, taxa de juros do país CUT e movimentos populares intensificarão luta contra a política do BC com protestos em várias cidades do Brasil

Nesta terça-feira (20), data em que começa a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) para definir a taxa de juros a ser adotada no país, a CUT, as demais centrais sindicais e movimentos populares promoverão manifestações em todo o país.

Os atos fazem parte da Jornada de Lutas contra os Juros Altos, que começou na sexta-feira (16), com passeata em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e ação nas redes sociais.

Os protestos ocorrerão em frente às sedes do Banco Central e locais de grande circulação como forma de pressionar para que Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, pare de boicotar o Brasil e diminua a taxa de juros que prejudica a economia.

Veja onde os atos serão realizados:

DF

Ato a partir das 8h30 em Brasília

Minas Gerais

Belo Horizonte: Av. Álvares Cabral, 1605, Santo Agostinho, às 10h

Paraná

Curitiba: Av. Cândido de Abreu, 344, Centro Cívido, 11h

Pernambuco

Recife: Rua do Sol, em frente aos Correios, 15h

Rio de Janeiro

Rio: Av Presidente Vargas, 730, às 11h

Rio Grande do Sul

Porto Alegre: Rua 7 de Setembro, 586, Centro, 11h

São Paulo

Capital Avenida Paulista, 1804, Bela Vista, às 10h.

Em Brasília, o ato terá presença do presidente nacional da CUT. "Não vamos sair das ruas enquanto o Campos Neto não baixar a Selic. Se ele não fizer isso, vamos ao Senado pedir a cassação dele. Porque o papel do presidente o BC é promover emprego, desenvolvimento do país e ele está fazendo o contrário", disse o dirigente na última sexta-feira, durante o ato no ABC Paulista.

Ahead

Em São Paulo, a manifestação ocorrerá na Avenida Paulista. A vice-presidenta da CUT e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramos Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que estará no ato da capital paulista, convoca a sociedade a reforçar a mobilização.

“Os juros que são praticados pelo Banco Central, definidos por Roberto Campos Neto, estão jogando a economia do país para baixo”, diz Juvandia.

Ela afirma que manter os juros em patamar elevado, como vem fazendo o Banco Central desde 2021, é um boicote ao atual governo. “Não somente à economia brasileira mas também um boicote aos empregos. Com juros altos, o comércio não vende. Se não vende, tem desemprego”, explica Juvândia.

Juvandia cita como um dos exemplos as montadoras de veículos, setor fundamental à indústria e ao desenvolvimento nacional. “Com juros altos, as montadoras não estão vendendo carros, as revendedoras também não. Os pátios estão lotados. Assim como comércio em geral que está com estoques parados. Se não vendem, os trabalhadores não têm emprego”, ela afirma.

Por isso, ela reforça, “Juros Baixos Já”, lema da Jornada de Lutas, é uma necessidade urgente e será palavra de ordem nas redes e nas ruas, até que Campos Neto baixe os juros do Banco Central.

Além disso, o movimento em defesa da queda de juros tem utilizado como lema “Com juros assim o Brasil para” para mobilizar as redes sociais. As hashtags a serem utilizadas em postagens são  #JurosBaixosJá e #ForaCamposNeto.

Reunião com o Senado

A vice-presidenta da CUT ainda afirma que a CUT, centrais e movimentos populares se reunirão com representantes da Frente Parlamentar Mista em defesa da redução dos juros e estarão no dia 22 com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pedindo que intervenha pela redução da taxa.

Com juros altos, a classe trabalhadora é penalizada por todos os lados. Além de gerar desemprego, o consumo fica prejudicado, as contas ficam mais caras e aumenta o custo de financiamento, as renegociações e os juros do cartão de crédito, fatores que demandam mais dinheiro para que os débitos sejam quitados.  

Este é um dos motivos que fez com que o nível de endividamento batesse recorde no ano de 2022.

Além disso, o governo também enfrenta custos maiores para fechar a conta, já que os títulos da dívida pública têm a Selic como base. Com isso, os recursos que serviriam para investimento em programas sociais e políticas públicas para a população são consumidos pelos juros.

Para CUT, centrais e movimentos populares, manter a taxa nesse patamar é inaceitável. “O presidente do Banco Central, que foi colocado por Bolsonaro no cargo, está mantendo os juros altos já desde 2021 e, este ano, mesmo com a inflação caindo, mesmo com o PIB crescendo, ainda mantém os juros nesse patamar elevadíssimo, o maior do mundo”, diz Juvandia Moreira.

“Isso está retraindo o investimento no setor produtivo e retraindo tanto o emprego quanto a renda dos trabalhadores”, critica a dirigente.

Vale lembrar que o Banco Central tornou-se independente por conta de uma medida implementada em 2021 pelo presidente derrotado nas últimas eleições, Jair Bolsonaro (PL), aprovada pelo Congresso.

Porque a taxa de juros alta prejudica o Brasil

1 – Aumentam as dívidas dos brasileiros
Quanto mais alta a taxa, maior os juros e mais caro o crédito para financiamentos, empréstimos, cartão de crédito e prestações da casa própria.

2 – Renegociações impraticáveis
Em muitos casos, apenas os juros cobrados podem chegar a mais de 50% do valor do bem comprado ou do valor renegociado, o que tora impossível a negociação

3 – Desemprego
Com juros altos, o consumidor deixa de comprar, as empresas de vender, a produção cai e o desemprego cresce