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CUT e centrais farão protestos nesta sexta (14), para denunciar a destruição do INSS

Sindicalistas vão dialogar com trabalhadores e servidores sobre a urgência de defender o INSS para melhorar o atendimento, acabar com filas e impedir o desmonte. Em SP, ato começa na Agência da Xavier de Toledo

Publicado: 11 Fevereiro, 2020 - 15h44 | Última modificação: 12 Março, 2020 - 17h08

Escrito por: Andre Accarini

Arte: Edson Rimonatto/CUT
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Nesta sexta-feira (14), as agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em todo o país serão palco de protestos contra o sucateamento tanto do Instituto como dos demais serviços públicos, promovido pelo governo de Jair Bolsonaro. Os atos estão marcados para acontecer a partir das 9h da manhã nas agências centrais de vários estados brasileiros e em cidades do interior.

O ato principal será realizado na capital paulista, a partir das 9h, com concentração na agência da Rua Cel. Xavier de Toledo, 280, no centro de São Paulo. De lá, a manifestação segue em caminhada até a Superintendência do INSS, no Viaduto Santa Ifigênia.

Os sindicalistas vão distribuir panfletos mostrando que o que está acontecendo é consequência da falta de investimentos e má gestão do governo Bolsonaro e alertar que a população precisa exigir que os problemas do INSS sejam resolvidos. Essa luta é de todos os brasileiros.

“Queremos que o governo contrate pessoas, realize concursos públicos, acerte o quadro de pessoal, respeite o povo brasileiro e acabe com as filas”, diz o presidente da CUT, Sérgio Nobre lembrando que Bolsonaro acabou com os concursos públicos, não repôs servidores que se aposentaram ou morreram e é ruim de gestão.

Entre 2016, ano do golpe de Estado, e 2019, o quadro de servidores caiu de 33 mil para 23 mil. Além disso, denunciam os servidores, a gestão atual decidiu colocar funcionários que atendiam o público na retaguarda em trabalhos internos e todo atendimento que era feito no balcão passou a ser feito por meio do INSS Digital.

O resultado é que o INSS está sobrecarregado, com alta demanda de pedidos de concessão de benefícios, como aposentadoria e auxílio-doença, e a falta funcionários piora o problema. Atualmente são mais de dois milhões de brasileiros aguardando análise dos pedidos.

O sistema entrou em colapso. Filas enormes, tanto virtuais quanto nas agências, o povo sofrendo com a precariedade dos serviços e trabalhadores sobrecarregados, adoecendo. É a trágica situação do INSS atualmente
- Sérgio Nobre


O presidente da CUT Nacional alerta ainda que a situação do INSS é um exemplo do que vai acontecer em outras áreas, como saúde e educação, por isso é importante conscientizar o povo brasileiro e os servidores que o caos no instituto pode ocorrer em outros setores porque este governo quer vender tudo para iniciativa privada, até as aposentadorias e outros benefícios previdenciários. Mas, antes de privatizar, eles desmontam.

“Bolsonaro e Guedes têm aversão a tudo o que é público e querem transformar tudo em privado. Essa é a visão ultraliberal deles que traz graves consequências para o povo. Se todos os serviços forem privatizados, como fica o povo, que não tem nem emprego nem renda para pagar por esses serviços?”, questiona Sérgio Nobre

“As pessoas têm direito ao serviço público. No INSS, não é só pela aposentadoria. É porque elas têm problemas de saúde, sentem dores, estão afastadas do trabalho e não pode receber durante o tratamento”, completa o presidente da CUT.

Mas, para tentar sanar os problemas do INSS, causados também pelo fechamento de agências e a falta de investimentos nos equipamentos, o governo ao invés de apresentar soluções efetivas como contratar mais trabalhadores entre os milhões de desempregados e realizar concursos públicos, chama militares da reserva para cobrir a falta de funcionários. Esses militares, já aposentados, não estão qualificados para desempenhar as funções do Instituto.

Más intenções

O sucateamento do INSS é um exemplo do que pode acontecer em outras áreas do serviço público que são essenciais à população, em especial às pessoas mais carentes. Investimentos em saúde e educação já foram cortados pelo governo. Segundo dados do Tesouro Nacional, somente no primeiro ano de mandato, Bolsonaro cortou 4,3% dos gastos com saúde e 16% dos gastos com educação.

Enquanto isso, a área da defesa teve um aumento de 22,1% de aumento nos investimentos.

“O INSS já foi desmontado. Agora fazem a mesma coisa na educação e na saúde. O que Bolsonaro e Paulo Guedes [ministro da Economia] querem, na verdade, é fazer uma reforma administrativa para cortar salários e demitir funcionários públicos”, alerta Sérgio Nobre.

O dirigente ainda reforça que o povo continuará precisando e procurando escolas, hospitais públicos e outros serviços, e com a falta de servidores, a exemplo do INSS, o caos será instaurado nos outros setores.

Só resistência e luta podem mudar esse cenário

Carmen Foro, Secretária-Geral da CUT Nacional, afirma que “é a resistência da classe trabalhadora o único caminho para barrar o desmonte do Estado pelo governo de Bolsonaro”.

Ela reforça a importância de todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil participarem dos atos e, junto com a CUT e demais entidades lutarem pelos direitos dos brasileiros de ter acesso aos benefícios previdenciários nos prazos determinados pela lei.

 “Somos os mais prejudicados por esse verdadeiro ataque ao INSS. Imagine uma gestante que dá a luz ao seu filho e não consegue receber, há meses, o seguro maternidade. Isso está acontecendo em todo país e é um absurdo”, protesta Carmen.