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CUT e centrais intensificam luta contra reforma da Previdência nos próximos dias

Entidades definem o dia 12 de julho como Dia Nacional de Mobilização contra a reforma da Previdência. Pressão a parlamentares no Congresso e em suas bases eleitorais será intensificada

Publicado: 26 Junho, 2019 - 15h44 | Última modificação: 26 Junho, 2019 - 16h58

Escrito por: Andre Accarini

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A CUT e demais centrais sindicais se reuniram na tarde desta terça-feira (25) para discutir a estratégia a ser adotada nos próximos dias na luta contra a reforma da Previdência de Jair Bolsonaro (PSL). Ficou definido que o dia 12 de julho será o Dia Nacional de Mobilização Contra a Reforma da Previdência, com mobilização em Brasília e outras capitais. Nesta sexta-feira (28), as centrais sindicais voltam a se reunir para organizar a mobilização.

Os sindicalistas passaram o dia no Congresso Nacional para pressionar os parlamentares a não votarem a Proposta de Emenda à Constituição 006/2019. E a intensificação da luta nos próximos dias será uma resposta dos trabalhadores e trabalhadoras à pressa do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em aprovar o projeto.

A avaliação da bancada dos partidos de oposição ao governo é de que Maia irá acelerar o processo de votação e encaminhar a proposta ao Plenário da Câmara no dia 10 de julho, antes do recesso parlamentar, que tem início no dia 17.

O Secretário-Geral da CUT, Sérgio Nobre, acredita que a celeridade pretendida pelo governo de Bolsonaro é para garantir a aprovação da reforma da Previdência antes que os deputados mudem de opinião.

“Quanto mais o tempo passa, mais Bolsonaro fica com medo de perder votos, porque a pressão aos parlamentares e as crescentes mobilizações, como a greve geral do dia 14 junho, sensibilizam os deputados a não votarem contra os interesses dos trabalhadores”, avalia o dirigente.

O Secretário-Geral da CUT conta que a pressão aos parlamentares vai aumentar nos próximos dias, sobretudo nas bases eleitorais dos deputados, além das recepções nos aeroportos, em especial o de Brasília, por onde circulam vários parlamentares toda semana.

“Nossos sindicatos vão pendurar faixas em locais de grande circulação nas cidades e dialogar tanto com a população quanto com deputados sobre os efeitos nefastos da reforma”, reforça o dirigente.

Outro instrumento de mobilização que deve ser usado de forma intensiva nos próximos dias é a comunicação pelas redes sociais. O dirigente da CUT orienta a utilização da plataforma “Na Pressão”, que pode ser acessada de qualquer lugar pelo celular, tablet ou computador.

“Com apenas alguns cliques, o povo pode pressionar os parlamentares por e-mail, pelas redes sociais e até mesmo direto pelo Whatsapp. Vamos mandar mensagens para esses deputados que estão a favor da reforma. Funciona muito”, diz Sérgio Nobre.

Bolsonaro acredita ter 325 votos favoráveis. Para a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), como é o caso da reforma da Previdência, são necessários 308 votos, com aprovação em dois turnos de votação. O substitutivo da proposta deve ser apresentado à Comissão Especial da Câmara pelo deputado Samuel Pereira (PSDB-SP), relator do projeto, até esta quinta-feira (27).

 

Resistência

Para barrar a reforma, a CUT e demais centrais estão marcando presença no Congresso e dialogando com todos os partidos sobre os efeitos nefastos da reforma para a classe trabalhadora e para a economia brasileira.

“Tudo ainda é incerto. Os pontos que foram retirados da reforma pelo relator ainda podem voltar no Plenário e só a nossa mobilização é que vai barrar a reforma da Previdência”, explica o Secretário-Geral da CUT.

“Tirar do texto as alterações no Benefício de Prestação Continuada, a capitalização, os rurais e diminuir a idade mínima para aposentadoria de professoras não reduz a perversidade da reforma. Isso sem falar que esses pontos podem voltar por meio de decretos”.

O povo precisa entender o mal que representa essa reforma. Com a imposição da idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres e o aumento do tempo mínimo de contribuição de 15 para 20 anos, o trabalhador nunca vai se aposentar. Essa é a essência da reforma que precisa ser barrada
- Sérgio Nobre

O dirigente explica que, em um mercado de trabalho marcado pela informalidade e altas taxas de desemprego, os trabalhadores e trabalhadoras têm cada vez mais dificuldade de conseguir contribuir para a Previdência de forma ininterrupta.

“Chega certa idade, lá pelos 50 anos, em que o trabalhador é expulso do mercado de trabalho e começa a encontrar ainda mais dificuldade para conseguir um emprego formal. E se volta a trabalhar, volta em trabalhos informais”, diz Sérgio.

“Sem emprego ou em trabalho precário não tem como contribuir para o INSS e, consequentemente, a aposentadoria fica ainda mais difícil para o brasileiro. Essa é a face mais perversa da reforma”.

 

12 de Julho

O Dia Nacional de Mobilização contra a reforma da Previdência no dia 12 de julho coincide com a realização do congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília.

A UNE, que participou das mobilizações dos dias 15 e 30 de maio em defesa da educação e contra a reforma da Previdência, além da greve geral do dia 14 de junho, também apoiará a mobilização definida pelas centrais.  Além de um grande ato em Brasília, manifestações serão organizadas em várias capitais.

Nosso povo já está se organizando para o dia 12 e até lá vamos acompanhar permanentemente o rito de tramitação dessa reforma
- Sérgio Nobre

Nota das centrais

Centrais mobilizadas contra a Reforma da Previdência

As Centrais Sindicais, reunidas em Brasília na semana de 24 de junho, deram continuidade à mobilização e à atuação institucional junto ao Congresso Nacional para enfrentar a Reforma da Previdência e da Seguridade Social. Em reuniões com parlamentares de diferentes partidos políticos, reafirmamos nosso posicionamento contrário ao relatório substitutivo do deputado Samuel Moreira.

Renovamos e destacamos a importância de reforçar a atuação junto ao parlamento e parlamentares, visando argumentar e tratar das questões e do conteúdo dessa nefasta reforma.

A unidade de ação foi essencial para o sucesso das iniciativas até aqui coordenadas pelas Centrais Sindicais. Reafirmamos nosso compromisso de investir na continuidade da unidade de ação

As Centrais Sindicais conclamam as bases sindicais e os trabalhadores a intensificar e a empregar o máximo esforço para atuar junto às bases dos deputados e senadores, nos aeroportos, com material de propaganda, e marcar presença também nas mídias sociais, exercendo pressão contrária à reforma em debate no Congresso Nacional.

Nosso estado de mobilização permanente, que deve ser debatido e confirmado em assembleia nos locais de trabalho, é a resposta para barrar a aprovação do projeto e também evitar que os pontos críticos sejam reintroduzidos no texto.

Declaramos que, em 12 de julho, realizaremos um Dia Nacional de Mobilização, com atos, assembleias e manifestações em todas as cidades e em todos os locais de trabalho, bem como estaremos unidos e reforçando o grande ato que a UNE (União Nacional dos Estudantes) realizará nesta data em Brasília, durante seu Congresso Nacional.

Em 28 de junho, as Centrais Sindicais farão um balanço dos trabalhos da semana, do andamento do processo legislativo na Comissão Especial e dos preparativos para a mobilização de 12 de julho.

Investir na mobilização que cresce com a nossa unidade é reunir forças para convencer e vencer esta luta.