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CUT e centrais se reúnem em São Paulo para debater desafios e ações unitárias

Fortalecer o Grito dos Excluídos, no dia 7 de setembro, e fazer uma mobilização nacional de fim de semana estão previstos. Entidades vão definir calendário de lutas na próxima segunda (26)

Publicado: 21 Agosto, 2019 - 17h31 | Última modificação: 23 Agosto, 2019 - 14h33

Escrito por: Érica Aragão

Roberto Parizotti (Sapão)
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As pautas que impactam a vida e o trabalho de grande parte da população e do movimento sindical, que estão em tramitação no Congresso Nacional ou que já foram anunciadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL), foram os eixos do debate que a CUT e demais centrais sindicais - CGTB, CSB, CSP Conlutas, CTB, Força Sindical, Intersindical, Nova Central Sindical e UGT – realizaram na manhã desta quarta-feira (21), no Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no centro de São Paulo.

O objetivo do encontro foi propor ações unificadas de luta em defesa dos trabalhadores e das trabalhadoras que vêm sendo atacados pelo governo com pautas bombas, como a reforma da Previdência, a MP 881 da Liberdade Econômica ou minirreforma Trabalhista, desconto sindical, demissão de servidores públicos, regulamentação do direito de greve dos servidores, MP FGTS, salário mínimo e a revisão das Normas Regulamentadoras (NRs). Além disso, os dirigentes discutiram também a reforma Tributária, novas leis de Licitação e mudanças nas regras do orçamento da União.

“A proposta aqui é para tomarmos conhecimento do que está acontecendo e saber o tamanho dos nossos desafios”, afirmou o Secretário-Geral da CUT, Sérgio Nobre, que complementou: “A gente teria motivo de sobra para anunciar uma greve geral, mas não é simples assim porque ainda estamos colhendo os efeitos da última greve no dia 14 de junho, como demissões e multas milionárias, mas temos que dar respostas ao que está colocado para a classe trabalhadora”.

O dirigente propôs um calendário de lutas e os representantes das centrais sindicais levarão para suas entidades e discutirão democraticamente se apoiam ou não. Na próxima segunda-feira (26), a CUT e demais centrais voltarão a se reunir e bater martelo quanto às datas de mobilizações nacionais unificadas.

Roberto Parizotti (Sapão)Roberto Parizotti (Sapão)

A luta contra a reforma da Previdência

Além de denunciar os ataques deste governo contra a classe trabalhadora aos quatros cantos do mundo, a ideia é de que a CUT e demais centrais continuem pressionando os senadores e as senadoras em seus estados contra a reforma da Previdência, potencializem as mobilizações do Grito dos Excluídos no dia 7 de setembro e organizem uma grande mobilização nacional num fim de semana de setembro.

“Muitos dirigentes sindicais de várias centrais têm ouvido dos trabalhadores e das trabalhadoras que é importante uma mobilização nacional no fim de semana porque traz setores que não estão nas centrais, mas que também têm motivos para ir para rua”, disse Sérgio Nobre ao justificar a sugestão de um ato no fim de semana.

Os representantes das centrais indicaram concordância com o calendário proposto, mas precisam consultar suas bases. 

Os dirigentes destacaram a importância da unidade das centrais na luta por direitos e das parcerias com as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo nas lutas nacionais.

Conjuntura que estamos vivendo

Antes de começar os debates da CUT e demais centrais sindicais sobre os desafios da classe trabalhadora, a coordenadora de pesquisas do Dieese, Patrícia Pelatieri, apresentou rapidamente cada pauta contra os trabalhadores e também sobre a real situação do país nos últimos anos. 

“Dados inéditos mostram que 3,3 milhões de pessoas procuram trabalho há mais de dois anos, em neste mesmo período o Brasil passou a ter mais de 6,2 milhões de pessoas vivendo com menos de R$ 233 por mês. Isso significa que milhões de pessoas estão abaixo da linha da pobreza e sem empregos”, afirmou Patrícia.

Segundo ela, enquanto os investimentos públicos em infraestrutura são os menores desde 2008, o lucro líquido dos bancos subiu 22% só no primeiro semestre deste ano. Já o rendimento real do trabalhador caiu e a desigualdade de renda no país está aumentando há 17 trimestres consecutivos.

“Isso se dá devido ao choque ideológico deste governo que reduz o tamanho e o papel do Estado, privatiza estatais, desregulamenta o mercado de trabalho, elimina as instâncias de participação social, criminaliza os movimentos sindical e social, ataca à soberania nacional, destrói a Constituição Federal de 1988 e bombardeia de medidas, desinformação e Fake News”, explicou a coordenadora de pesquisas do Dieese.