CUT entrega ao Congresso pedido de impeachment de Bolsonaro, nesta terça-feira (14)
Além da CUT, mais de 40 organizações da sociedade civil e movimentos sociais assinam o documento que exige a saída de Bolsonaro para que o país volte a ter esperança
Publicado: 13 Julho, 2020 - 15h45 | Última modificação: 13 Julho, 2020 - 17h37
Escrito por: Andre Accarini
O presidente da CUT, Sérgio Nobre, junto com representantes do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras sem Terra (MST) e da União Nacional dos Estudantes (UNE) e movimentos sociais vão protocolar, na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (14), às 10h, o pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL).
As entidades, que pretendem entregar o pedido, pessoalmente, ao presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), argumentam que o comportamento e as ações de Bolsonaro, que desprezou a gravidade da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), ignorou recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a disseminação da doença, como usar máscaras e cumprir o isolamento social, o tornaram o maior responsável pelo agravamento das crises econômica e sanitária que o Brasil enfrenta.
“Logo nós vamos bater a marca dos cem mil mortos por Covid-19, mortes que poderiam ter sido evitadas, não fosse a irresponsabilidade dele e de seus ministros”, diz o presidente da CUT que critica especialmente o ministro da Economia, Paulo Guedes, cuja agenda é focada na retirada de direitos da classe trabalhadora.
“Não tem como o país sair da crise com Bolsonaro, porque Bolsonaro é a crise. Ele precisa sair para o país voltar a ter esperança
O presidente da CUT diz ainda que “o impeachment marca o início de uma campanha para que os trabalhadores e a população em geral entendam a necessidade e urgência do afastamento do Bolsonaro, que cometeu vários crimes de responsabilidade desde que assumiu o cargo, e que só aumentaram com a pandemia. Vamos atrás da pressão popular, porque sem o clamor do povo o impeachment não acontece”.
O pedido de impeachment, que faz parte da Campanha Fora Bolsonaro, que teve início na última sexta-feira (10), com atos e panelaços em todo o país, é urgente, mas só começará a tramitar no Congresso Nacional quando conquistar a maioria do povo brasileiro, diz Sérgio Nobre. “E esse é o nosso papel. Nós vamos mobilizar o povo, trabalhar junto ás bases, fazer disso nossa principal bandeira e fazer a classe trabalhadora e a população em geral entender porque Bolsonaro tem de ser afastado do cargo”.
Mais de 40 entidades assinam o pedido de impeachment, que lista os diversos crimes de responsabilidade cometidos desde o início da gestão Bolsonaro. Esses crimes, dizem as lideranças no texto, têm ocasionado graves violações aos direitos humanos e ameaçam as vidas de milhões de brasileiros.
Entidades de todo o país preparam denúncia por crimes de responsabilidade de Jair Bolsonaro
A lista de entidades que assinam o pedido de impeachment está fechada, mas ainda é possível assinar o abaixo-assinado concordando com o texto do impeachment.
Entre as tantas razões para pedir e lutar pela saída de Bolsonaro, Sérgio Nobre alerta que o país está caminhando para uma crise social sem precedentes porque os pacotes de auxílio aos trabalhadores, em especial os mais vulneráveis, e às pequenas empresas que, de acordo com Sérgio, era condição fundamental para o país enfrentar a crise, não foram feitos de forma satisfatória e suficiente.
Com as pequenas e médias empresas, que fazem parte do setor que mais gera emprego no país, fechando as portas por falta de auxílio do governo, o que se desenha para o Brasil, ainda este ano, segundo o presidente da CUT, é um desemprego estrutural nunca visto.
“O Brasil já está em recessão oficial, caminhando para depressão e as medidas que o Bolsonaro o Guedes têm anunciado são no sentido de potencializar a crise e, de novo, um ajuste fiscal que significa apertar investimentos”, critica Sérgio Nobre. Entre as medidas liberais de Guedes, estão as privatizações de empresas estatais estratégicas para o país como Eletrobras, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Federal.
Saúde
A irresponsabilidade de Bolsonaro, diz Sérgio Nobre, coloca em risco a vida de milhões de brasileiros. O Brasil, que já tem mais de 72 mil mortos e 1.864.681 infectados, sofre as consequências da política genocida de Bolsonaro, que ‘desdenha’ da pandemia e desrespeita o sofrimento das mais de 72 mil famílias com a perda de seus filhos e filhas, pais, mães, irmãos e irmãs para a Covid-19.
“Bolsonaro trata a pandemia com descaso e até zomba das mortes, dizendo que não é coveiro, e para piorar, o Brasil, que ainda não tem um ministro da Saúde há mais de dois meses, é considerado o pior gestor da crise sanitária do mundo”, lembra o dirigente.
Para Sérgio, os crimes de Bolsonaro, que motivam o pedido de impeachment são muitos. “Podem ser elencados até por ordem alfabética”, diz e reforça que não há como sair da crise com Bolsonaro no poder.
De acordo com o dirigente, é importante que a sociedade compreenda que, para o Brasil voltar a ter esperança, ser um país com justiça social e que retome o caminho do crescimento, é necessária a saída de Bolsonaro e seu governo. “Com ele não dá. Com ele é só crise”, completa Sérgio Nobre.
Sobre o pedido de impeachment, o dirigente afirma que a ‘peça jurídica a ser apresentada foi bem elaborada, com assessoria de juristas que estudaram a legislação e fundamentaram os argumentos”.
Ato de entrega
A entrega do documento está marcada para a manhã desta terça-feira, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Às 10h, o presidente da CUT vai protocolar, pessoalmente, o documento.
Um ato simbólico, respeitando todos os protocolos de distanciamento social será realizado em frente ao Congresso Nacional.
Além da CUT movimentos sociais como Movimentos dos Trabalhadores e Trabalhadoras sem Terra (MST) e União Nacional dos Estudantes (UNE), e mais de mil representantes de outras entidades, participarão do ato.