Escrito por: Redação CUT | texto: André Accarini

CUT inaugura Comitê de Luta internacional, em Genebra, na Suíça

Lideranças de entidades de vários países se comprometeram organizar espaços de diálogo com brasileiros que moram no exterior para discutir estratégias de luta pela democracia

Clair Siobham Huppert

Os Comitês de Luta em Defesa da Classe Trabalhadora, pela Vida e Democracia, iniciativa da CUT para dialogar com a sociedade sobre o futuro do país, cruzaram o oceano Atlântico e, na noite desta quarta-feira (8) e foi parar em Genebra, na Suíça, onde mais um comitê internacional foi inaugurado. A ideia de se formar comitês internacionais é expandir o diálogo com brasileiros e brasileiras que vivem no exterior.

O lançamento teve a participação de representantes de entidades sindicais e militantes de várias partes do mundo, que ajudaram a organizar os antigos Comitês Lula Livre, formados para reforçar a luta pela liberdade do ex-presidente quando ele foi encarcerado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba/PR, após ser julgado e condenado, sem crime e sem provas, pelo ex-juiz Sérgio Moro no processo que do tríplex do Guarujá. O Supremo Tribunal Federal (SFT) anulou todas as condenações de Moro e ainda considerou o ex-juiz suspeito para julgar Lula. A ONU também concluiu pela parcialidade do ex-juiz, que virou ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL), que ajudou a eleger prendendo Lula.

“Criamos internacionalmente os Comitês Lula Livre para expandir as iniciativas aos brasileiros do exterior. Criamos 64 em todo mundo e agora a ideia é transformar todos em Comitês de Luta”, disse Antonio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da CUT, durante o evento de lançamento do comitê suiço, realizado no espaço cultural Maison Internationale des Associations.

Comitê internacional

Ao apresentar a iniciativa às lideranças presentes, Lisboa traçou um panorama do que vão ser as eleições no Brasil em 2022 para explicar o porquê de o diálogo com os brasileiros ser de extrema importância.

“Se a eleição fosse hoje, Lula venceria no primeiro turno, mas ainda há cinco meses pela frente. E serão violentas”, disse o dirigente e referência ao fato de Bolsonaro, principal adversário de Lula, já ter sinalizado diversas vezes que não aceitará os resultado que está se desenhando de acordo com as pesquisas, que mostram Lula com larga vantagem e, na maioria delas, com número de votos válidos  suficientes para ser eleito já no dia 2 de outubro.

E não são apenas as falas de Bolsonaro. Lisboa citou uma ação do governo do Rio de Janeiro, aliado de Bolsonaro, que representa perigo real à democracia. “Para que se tenha uma ideia. O governador está criando condições para distribuir armas e munições a 10 mil ex-mlitares e não sabemos como isso ocorre, nem o que pode acontecer”, disse Lisboa.

No entanto, uma das hipóteses, ele disse, é que aconteça aqui o mesmo que aconteceu nos Estados Unidos, quando houve até uma invasão violenta e armada ao Capitólio, promovida por apoiadores e incentivada por Donald Trump, ex-presidente que foi derrotado nas urnas para Joe Biden.

Para o dirigente, os comitês internacionais reforçam a luta que vem sendo feita no Brasil que tem aberto os olhos dos brasileiros sobre a ameaça real representada pelo fascismo de Bolsonaro.

“Temos muito trabalho. Ganhar votos dos brasileiros no exterior e, com nosso parceiros internacionais – juristas, estudantes, acadêmicos e sindicalistas –, fazer um esforço conjunto, uma delegação de observadores para acompanhar o processo eleitoral no Brasil”, disse Lisboa.

O dirigente ainda explicou que a atuação dos comitês não se limitará a eleger Lula em outubro. A reconstrução do Brasil também vai depender da disputa na sociedade no pós-eleição e de muito trabalho. “Temos muito a fazer para que a vontade  dos brasileiros seja respeitada nas urnas: ganhar as eleições, assumir e devolver a vida de volta ao Brasil, que está em uma situação muito difícil”, disse.

A força

O lançamento do Comitê de Luta de Genebra contou o depoimento de Olga Montoya, representando o Bloque Solidariedad América Unida, sobre a Colômbia, país em que as forças de extrema direita também representam uma ameaça à democracia e ao desenvolvimento econômico do país. O segundo turno das eleições, disputadas entre Gustavo Petro, que obteve maioria dos votos no primeiro turno e o empresário, Rodolfo Hernández, chamado de “Bolsonaro colombiano” por Olga, será realizado no dia 19 de junho.

As lideranças de vários países como Itália, Portugal, Espanha, El Salvador, Colombia, Reino Unido, Chile, entre outros também se comprometeram a organizar comitês. Entre as falas, vídeos alusivos à campanha de Lula e com histórias dos Comitês Lula Live foram exibidos.

Representando a Força Sindical, central brasileira aliada no projeto de reconstrução do país, o assessor para Assuntos Internacionais, Ortelio Palacio Cuesta, felicitou a CUT pela iniciativa de “apoio incansável ao grande líder político e sindical, Lula”.

Ele fez uma retrospectiva da trajetória do ex-presidente desde o início da campanha montada contra ele, contra a presidenta Dilma Rousseff e contra o Partido dos Trabalhadores. E destacou o apoio do conjunto das entidades sindicais brasileiras ao projeto de reconstrução do Brasil, liderado pelo ex-presidente.

No Brasil, as organizações sindicais apoiam a iniciativa e trabalham para que nas eleições em outubro o petista saia vitorioso e de preferência no primeiro turno. A atual conjuntura do Brasil não tem uma saída a não ser Lula presidente”, disse o dirigente.

Ortélio disse ainda que a Força Sindical está comprometida com a causa e para “que o Brasil volte ao processo normal de democracia e de condições econômicas e sociais, destruídas não só pela pandemia mas pela carestia que sofremos atualmente em Brasil”.