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CUT lamenta a morte de Maria Conceição Tavares, referência progressista em economia

CUT manifesta pesar pela morte da economista e ex-deputada federal pelo PT que durante décadas, com seu trabalho e militância, defendeu justiça social

Publicado: 08 Junho, 2024 - 14h52 | Última modificação: 08 Junho, 2024 - 15h13

Escrito por: Redação CUT

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A CUT lamenta a perda, neste sábado, 8 de junho, de um dos maiores nomes do campo na economia no Brasil, a ex-deputada federal, matemática, professora e escritora Maria Conceição Tavares, aos 94 anos de idade. Provocativa, carismática, de humor peculiar e conteúdo indiscutível, sempre tocou o pensamento e os corações de brasileiros ao fazer questionamentos sobre o capitalismo.

Autora de obras importantes entre artigos e livros como “Economia Política da Crise”, “Acumulação de Capital e Industrialização no Brasil” e “Ciclo e Crise”, Tavares deixou sua marca na militância e luta pela democracia no Brasil. Como professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Unicamp, fez parte da formação de várias gerações de economistas no país.

É dela frases célebres que serviram de referência para a formação de opinião não apenas de economistas e políticos, mas de milhões de brasileiros. Entre elas:

“Ninguém come PIB e sim alimentos”, em referência ao enfretamento à crise econômica de 2008, pela qual o Brasil passou sem os mesmos danos verificados em países desenvolvidos.

“Se miséria, pobreza e desemprego fossem fatores de competitividade, a África seria o continente mais competitivo”, no fim da década de 1990 quando o regime cambial havia mudado no país.

"Se você não se preocupa com justiça social, com quem paga a conta, você não é um economista sério. Você é um tecnocrata", em entrevista ao Roda Viva da TV Cultura, em 1995.

Atuação

Nascida em Anadia, Portugal, Maria Conceição da Tavares chegou ao Brasil em 1954, estabelecendo-se no Rio de Janeiro e passou a atuar nas atividades e debates da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e logo após, no Instituo Nacional de Imigração e Colonização (atual Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o INCRA).

Adquiriu cidadania brasileira em 1957 e ingressou no curso de Economia da Universidade do Brasil (hoje UFRJ). Sua carreira no Brasil foi marcada por importantes passagens pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Grupo Executivo de Indústria Mecânica Pesada (Geimape). Trabalhou também na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), onde desenvolveu trabalhos influenciados por economistas como Celso Furtado, Caio Prado Jr., e Ignácio Rangel.

Nos anos 1980, Maria da Conceição Tavares tornou-se uma das principais assessoras econômicas do PMDB e lecionava no Instituto de Economia da Unicamp, onde ajudou a implantar os cursos de mestrado e doutorado. Foi uma das vozes mais críticas do Plano Real na década de 1990 e se destacou como deputada federal pelo PT do Rio de Janeiro.

Recebeu ao longo de sua vida diversos prêmios, entre eles o Prêmio Jabuti em Economia, Administração, Negócios e Direito, em 1998.

Repercussão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte em suas redes sociais. ‘Tive o prazer e a honra de conviver e conversar muito com minha amiga ao longo dos anos, debatendo o Brasil e os nossos desafios sociais e econômicos no Instituto Cidadania, em conversas no Rio de Janeiro ou em viagens pelo Brasil. Nesse momento de despedida, meus sentimentos aos familiares, em especial aos filhos, aos muitos amigos, alunos e admiradores de Maria da Conceição Tavares”, disse Lula no X (antigo Twitter).

A CUT reitera que sua luta e sua dedicação ao desenvolvimento econômico brasileiro com justiça social, tanto em seu trabalho como em sua vida catedrática, dividindo suas ideias e conhecimentos, têm um papel fundamental para a evolução da sociedade.

Maria Conceição Tavares nos deixa fisicamente hoje, mas seu legado a eterniza já que ela será sempre uma grande referência para todas as próximas gerações.

 

Maria Conceição Tavares, presente!