Escrito por: Vanessa Ramos, CUT-SP

CUT lamenta incêndio em São Paulo e se solidariza com as vítimas

Em nota, Central cobra responsabilidade do poder público. Movimentos sociais pedem doações de roupas e alimentos para as famílias. Doações podem ser entregues em frente a Igreja dos Homens Pretos, no Paissandu

Divulgação/Corpo de Bombeiros

Na madrugada desta terça-feira (1º) um prédio de 24 andares pegou fogo e desabou no centro da cidade de São Paulo, no Largo do Paissandu. Por conta das chamas, um segundo prédio também desabou. A equipe de bombeiros já controlou o incêndio e permanece no local. Movimentos sociais alertam que as famílias precisam urgentemente de doações de roupas e cobertores, que podem ser entregues a voluntários que estão em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Largo Paissandu.

Em nota, a CUT lamenta o incêndio em São Paulo e expressa sua solidariedade a amigos e familiares das possíveis vítimas atingidas. (Veja íntegra da nota no final da matéria)

Segundo o Capitão Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros em São Paulo, uma única vítima foi vista até o momento. “Havia um homem no local, uma vítima que estava quase para ser resgatada. Os bombeiros conseguiram colocar uma corda nele, uma cadeirinha de rapel, mas, nesse momento, o edifício desabou e ele foi sucumbido pela própria estrutura do prédio. Não temos informações de outras vítimas até o momento”, disse o capitão à reportagem da CUT São Paulo.

Por volta das 5h, o governador do estado, Márcio França, esteve no local e, de acordo com notícia veiculada no portal UOL, falou sobre a tragédia. "É um prédio que não tem a mínima condição de moraria. A União não podia ter deixado ocorrer essa ocupação", falou à imprensa.

Advogado da União Nacional dos Movimentos de Moradia (UNM), Benedito Roberto Barbosa, afirma que a ocupação do prédio não é ligada à entidade, mas lamenta a posição do governador.

“Sabemos que nunca houve uma destinação social desse prédio, que é do governo federal. Isso foi, sem dúvida, uma tragédia, mas não podemos deixar de refletir que isso se dá por falta de moradia habitacional. É preciso olhar com profundidade sobre o incêndio. O governo não pode agora criminalizar as vítimas, tirando a responsabilidade do poder público em âmbito federal, estadual e municipal, já que a questão da moradia não é resolvida”, aponta.

Segundo o relatório Déficit Habitacional no Brasil 2015, publicado neste ano pela Fundação João Pinheiro, entidade do governo mineiro que há mais de 20 anos produz estudos na área e que é adotado como oficial pelo Ministério das Cidades, o déficit habitacional estimado no país corresponde a 6,355 milhões de domicílios, dos quais 5,572 milhões (87,7%) estão localizados nas áreas urbanas e 783 mil unidades na área rural.

Em São Paulo, “a necessidade de novas unidades habitacionais ultrapassa um milhão de moradias, totalizando 1,337 milhão de unidades em 2015”, aponta o estudo, baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

Presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, lembra que a situação de moradia piorou desde o golpe de 2016 e também chama atenção para o papel do Estado. “Houve um corte brutal nas verbas do Minha Casa, Minha Vida, programa criado no governo do ex-presidente Lula para responder à carência de moradias da população mais pobre. Só que o déficit só se agravou no último período, principalmente a partir do momento em que derrubaram  a presidenta eleita Dilma Rousseff. O governo tem, sim, uma parcela de responsabilidade com relação ao que aconteceu”, conclui. 

Confira, abaixo, nota da CUT São Paulo na íntegra

 É momento de solidariedade e união diante da tragédia

A CUT São Paulo lamenta profundamente o incêndio que aconteceu na madrugada desta terça-feira (1º), na região do Largo do Paissandu, no centro de São Paulo.

Nesse momento difícil, expressamos nossa solidariedade aos amigos e familiares das vítimas e a toda a população da cidade de São Paulo. Sabemos que até o momento uma vítima foi vista no local, mas não foi encontrada pelo Corpo de Bombeiros.

Lamentamos também o déficit habitacional estimado em seis milhões no Brasil, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios realizada em 2015. Sabemos que São Paulo, contudo, concentra a necessidade de novas unidades habitacionais na casa de um milhão de moradias.

Agora é hora de nos unirmos e nos solidarizarmos diante da tragédia, mas não podemos esquecer que há um problema mais profundo, que é o descaso do poder público para com a situação de moradia no Brasil, questão que tem piorado após o golpe dado no país em 2016.

São Paulo, 1º de maio de 2018.

CUT São Paulo