Escrito por: Luiz Carvalho, do Rio de Janeiro
Mobilização ganha ainda mais peso com texto da conferência oficial que não aponta ações concretas; Central critica conteúdo
A Central Única dos Trabalhadores, ao lado da Central Sindical Internacional (CSI), da Central Sindical das Américas (CSA), e das demais organizações que participam da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20, realizarão na tarde desta quarta-feira (20), na região central do Rio de Janeiro, uma grande Marcha em defesa da pauta sindical e social.
A partir das 14h, militantes sindicais e da sociedade civil organizada se reunirão na Candelária para iniciar a concentração e preparação da caminhada, que segue até o Obelisco e termina na Avenida Rio Branco.
As delegações CUTtistas, tanto do Rio quanto de outros estados, irão se concentrar na Avenida Leopoldina, próximo à estação Cidade Nova do Metrô. Dali, partirão rumo ao local de início da mobilização.
A mobilização ganha ainda mais peso diante da divulgação do texto da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), aprovada pelos diplomatas que recomendam aos chefes de Estado que o aprovem.
Para a Central, a redação ficou muito “tímida”, para dizer o mínimo, e, na pressa de fechar um compromisso, o governo brasileiro deixou de negociar a inclusão e permanência de itens considerados estratégicos e essenciais para o mundo do trabalho, excluindo tudo que não era consensual.
“O texto é muito genérico, sem metas e compromissos. Ao não se comprometer com recomendações da OIT (Organização Internacional do Trabalho), como a implementação de um mecanismo de proteção social e de um plano de trabalho decente, retira pontos essenciais para o mundo do trabalho e não colabora para seguirmos rumo ao desenvolvimento sustentável com justiça ambiental”, destaca o presidente da CUT, Artur Henrique.
Ele crítica ainda o fato de a conferência postergar a definição das metas de desenvolvimento sustentável e, pior, manter a definição desses parâmetros apenas entre governos, sem a participação da sociedade civil.
Para o dirigente, é inconcebível que a Rio+20 não aponte para destinação de recursos voltados ao financiamento do desenvolvimento sustentável, enquanto os chefes de Estado mantém em suas rotinas a liberação de recursos para o Fundo Monetário Internacional (FMI) e para o Banco Mundial salvarem instituições financeiras, em geral, responsáveis pelas crises econômicas que tanto afetam a classe trabalhadora, os aposentados e quem mais precisa de proteção social.
“Os países alegam que não tem recursos para financiar essa transformação, mas, vão destinar US$ 456 bilhões para um fundo anticrise. Não podemos permitir que os responsáveis pela crise utilizem a Rio+20 para tapar o buraco que eles mesmos causaram sem que assumam compromissos de inclusão social, distribuição de renda e promoção do trabalho decente”, afirmou.