Escrito por: ASCOM CUT-PB
A proposta é organizar esses trabalhadores em categoria para fortalecer a luta por direitos, melhores condições de trabalho e renda
A exploração dos entregadores - motoristas, motoboys e outros - de plataformas digitais de entrega, como Uber, Rappi e iFood, um dos setores que mais cresceu durante a pandemia do novo coronavírus, que está na mira do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da justiça do trabalho, foi tema de reunião entre sindicalistas da CUT Paraíba e representantes dos trabalhadores.
A ideia é construir uma proposta de organização desses trabalhadores em categoria com o objetivo de fortalecer a luta por direitos, melhores condições de trabalho e vida digna para os profissionais e suas famílias.
“A Central Única dos Trabalhadores está puxando uma discussão com estes profissionais que reclamam da falta de direitos e garantias trabalhistas, melhores condições, entre outras pautas, para tentar organizar a categoria”, diz Tião Santos, presidente da CUT-PB, que ressalta a importância dessa organização para reforçar a unidade da categoria e, com isso, a luta por direitos.
Nos últimos meses, os motoristas de aplicativos fizeram várias greves em grandes centros urbanos e cidades do interior país denunciando as condições de trabalho. Segundo eles, os algoritmos determinam o ritmo de trabalho, os valores, quantidades de entrega e áreas de deslocamento. Tudo isso sem ter nenhum vínculo empregatício, sem garantias nem direitos e com pagamentos pífios pelo serviço prestado.
Durante a reunião com a direção da CUT-PB, Johnson Praxedes e Duarte Júnior, representante dos entregadores de aplicativos falaram sobre a situação dos companheiros de trabalho e as dificuldades para a organização.
“Existe uma parcela de entregadores que tem noção de que a luta unida da categoria pode trazer avanços, já outros só acreditarão quando essa luta trouxer resultados”, afirmou John, como é conhecido.
De acordo com ele, na Paraíba, as reivindicações dos entretadores são as mesmas do restante do todo o país e as respostas das empresas também são evasivas. “Não existe nenhum apoio das empresas, o tratamento com os entregadores e entregadoras é péssimo, não existe respeito nenhum, como se não representássemos nada”, lamentou.
As plataformas de aplicativos não só exploram trabalhadores sem garantir nenhum direito trabalhista, elas abandonam os entregadores em stiuações de emergência, como no caso dos acidentes, denuncia o John.
“Qualquer problema que a gente tiver, seja com a entrega, seja um acidente, seja a quebra do veículo, nosso único contato com o aplicativo é feito através de um robô”, reclama John, que tem 35 anos e cerca de dez anos de trabalho como entregador.
“Durante a pandemia, até que nos tratavam melhor, chegamos a receber gorjetas, até fomos chamados de heróis, mas isso tem mudado, o desemprego está aumentando e esta tem sido uma opção muito procurada pelos que perdem seus empregos, o que só faz com que estas empresas, em vez de garantir direitos, explorem ainda mais a categoria”, protesta.
Na avaliação dos dirigentes da CUT-PB, o quadro do mercado de trabalho do país é preocupante. Além das altas taxas de desemprego, mais de 73 milhões têm trabalho precário, entre eles os entregadores de aplicativos.
Ainda mais quando se vê que os trabalhadores são obrigados, por uma questão de sobrevivência, a se submeter ao mercado informal, sem direitos trabalhistas ou qualquer outro tipo de garantia, concluem.