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CUT precisa mostrar nas redes o poder que demonstra nas ruas

Rovai e representante da Mídia Ninja destacam papel de sindicato nas conexões

Publicado: 20 Março, 2015 - 01h02 | Última modificação: 21 Março, 2015 - 15h58

Escrito por: Luiz Carvalho

Roberto Parizotti
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Rovai apontou que disputa entre todos os movimentos acontecerão em redes


O 8º Encontro Nacional de Comunicação da CUT, que teve como centro dos debates a formação de redes apontou para a necessidade de a Central usar os mecanismos digitais para organizar e ampliar a participação das bases.

Nesse processo, os veículos tradicionais perderam relativo poder, mas continuam fortes. E nas redes permanece a disputa por trás das redes de grupos querendo controlá-las, explica o jornalista e professor Renato Rovai.

“Há disputa de narrativa e controle, por isso foi tão importante a aprovação do marco civil da internet que cria uma legislação para impedir boa parte desse controle. Para nossa geração, boa parte das disputas será justamente sobre essa neutralidade.”

Rovai comparou o processo de regulamentação da internet com o da radiodifusão, que começou com rádios amadores e terminou com o modelo atual em que uns falam e outros ouvem. “Não é isso que queremos que aconteça na rede. Sem mediações próximas, as disputam deixam de ser entre Globo e PT, por exemplo, mas de redes contra redes.”

Das ruas para as redes

Nesse ponto é que a CUT e outras organizações se inserem. Aqueles que possuem capacidade de mobilização fora do mundo virtual têm o desafio de transferir essa representatividade para as redes.

“Toda disputa nos campos sociais, políticos, esportivos se darão no ambiente de redes. Temos que fazer hackeamento social e não podemos deixar isso para eles (direita). A CUT tem papel importantíssimo do ponto de vista político e tem que dar F5 para entrar radicalmente nessa disputa com os grandes porque é grande”, disse Rovai.

O processo, alerta, não pode respeitar o conceito tradicional de hierarquia, de cima para baixo, mas sim com cada sindicato sendo um ponto forte na rede para que a CUT seja forte.

“A gente não precisa da Rede Globo, a gente pode ter vários veículos que vão desgastando a Rede Globo. As grandes audiências já não tem 80% do país, mas 35%.”

Para Rovai, a construção dessa rede passa pela organização da participação dos sindicatos. E a CUT, por sua vez, deve utilizar essa integração para organizar o movimento.

CUT não parte do zero

Representante da Casa Fora do Eixo e do Mídia Ninja, Cristian Braga alertou que a parte mais difícil, que é a construção da rede, a CUT já fez. O próximo passo, para ele, é fazer a consolidação do que define como midiativismo.

Braga acredita que o grande desafio é formar, empoderar e dar autonomia para produção regional num ambiente em que há cidadãos-rede e cidadãos multimídia que formam opinião e estão conectados a diversas pessoas.

Para ele, o texto mantém o papel fundamental, mas, em coletivos, a construção engloba várias personagens. “Se não somos melhores em textos, temos parceiros que podem fazer isso. O processo tem que ser colaborativo”, explicou.

Onde o movimento avançou

O encerramento do primeiro dia do 8º Enacom coube ao presidente da TVT (TV dos Trabalhadores), Valter Sanches, e ao coordenador da Rede Brasil Atual, Paulo Salvador.

Sanches falou do papel das TVs públicas no país. Comparando o Brasil a outros países da América do Sul – a TV Brasil, presente no Youtube desde 2006, tem 50 mil inscritos e 35 milhões de visualizações, e a TV Pública argentina, desde 2009 na mesma rede social, tem 213 mil inscritos e 136 milhões de visualizações –, ele tratou das verbas públicas para a velha mídia (R$ 1,7 bilhões anuais, em média) e afirmou que, ao invés de aguardar outorgas e o processo de uma concessão de canal (a TVT ficou 30 anos na fila), a emissora resolveu aderir a sucursais.

A primeira será no Rio de Janeiro, onde um grupo de cinco sindicatos custearam a produção de conteúdo. Ganham as organizações, que terão o conteúdo exibido na TV, e ganha a TV que passa a ter um caráter cada vez mais nacionais.

“O maior desafio é fazer com que conjuntos dos movimentos sociais estejam a bordo desse projeto. A postura colaborativa é o melhor que podemos construir entre nós”, afirma Sanchez.

Já Salvador ressalta que o movimento sindical tem três grandes desafios: aumentar a consciência no movimento sindical de que a comunicação é estratégia e isso tem reflexo na vida cotidiana; lutar pela regulamentação econômica e colocar a mão na massa.

“Cada um deve fazer sua parte. Nós, a produção da notícia, mas o movimento deve consumir os produtos da rede, colocar link, divulgar, mandar notícia, cobrar e criticar. Se não fizer isso, vamos sempre ficar no ‘chororô’ ou estaremos sempre atrasados. Nossa inserção é muito menor do que realmente somos”, definiu.