Escrito por: CUT Nacional

CUT presente em ato às vésperas da greve geral na França

Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio (CILI) se reúne em Paris 

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Ato internacionalista em Paris

"Contra a guerra, a exploração e a repressão, os povos querem viver!" é o título da declaração adotada pelas delegações de 55 países (ver abaixo), presentes em Paris entre 28 e 30 de novembro, na segunda reunião do Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio (CILI), criado na Conferência Mundial Aberta de Argel (dezembro de 2017) por proposta de Luísa Hanune. 

Desde a sua abertura, uma mensagem dirigida a Luísa, que coordenou a primeira reunião do CILI em junho de 2018 e hoje está condenada a 15 anos de prisão na Argélia, foi adotada. 

Após o informe inicial de Julio Turra, ex-membro da Executiva nacional que representou a CUT, 58 delegados e delegadas tomaram a palavra numa discussão viva e democrática. Na conclusão dos trabalhos decidiu-se reforçar o CILI como ponto de apoio para iniciativas regionais, bem como a organização de uma Jornada Internacional contra a Guerra e a Repressão (março/abril 2020, indicativo), com uma delegação à sede da ONU em Nova York, a partir de um diálogo com militantes e organizações dos EUA para que a recebam e apoiem, “para acusar essa instituição de ser um instrumento dos promotores de guerras imperialistas”. 

ReproduçãoJulio Turra (CUT) na reunião do Comitê Internacional de ligação e intercâmbio

Declaração Final (trechos) 

 “Os delegados presentes à segunda reunião do CILI apoiam o combate dos povos da África, do Oriente Médio e da Ásia que exigem a retirada de todas as tropas estrangeiras e combatem pela reconquista de sua soberania e de seus direitos. 

É a mensagem dos argelinos que, aos milhões, se manifestam, há cerca de dez meses, para expulsar o regime que quer entregar o petróleo e o gás aos monopólios imperialistas. Eles  afirmam: em 1962, libertamos a terra; em 2019, vamos libertar o povo. 

Ouvimos os delegados do Oriente Médio. Sofrendo a pior repressão em terras devastadas por guerras, suplantando as divisões étnicas e religiosas fabricadas e mantidas por parasitas instalados no poder, os povos do Iraque e do Líbano afirmam que querem livrar-se de todos eles. 

Vários delegados relataram o combate do povo palestino - que resiste a uma nova ofensiva do Estado de Israel, apoiado pelos EUA – pela sua autodeterminação num Estado Palestino democrático, que respeite a religião, o sexo, a origem ou a cor dos seus cidadãos.

Ouvimos os delegados da América Latina, onde uma onda de levantes que, depois do Equador, vê a classe operária e o povo do Chile erguerem-se para acabar com a herança da ditadura de Pinochet, mantida pelos sucessivos governos, de direita ou de ‘esquerda’, há 30 anos. Agora é a vez dos povos da Colômbia e do Panamá se levantarem, enquanto o imperialismo norte-americano impõe um bloqueio destruidor contra a Venezuela. A resistência contra golpes de Estado promovidos pelo imperialismo dos EUA prossegue, como hoje na Bolívia, depois do Brasil. 

Ouvimos os delegados do Caribe, do Haiti ocupado e das últimas colônias francesas, afirmando o seu combate pela soberania nacional.

Ouvimos os delegados da Ásia, denunciando os planos de liquidação social e económica nos seus países, e intervindo no coração da resistência dos trabalhadores e estudantes na Índia e  Bangladesh. 

Nos EUA, 40 mil operários de 34 fábricas da GM  fizeram greve por 40 dias, com o seu sindicato UAW, enquanto greves se multiplicam no Ensino, ao mesmo tempo que a campanha eleitoral em curso revela a profundidade do fosso entre a imensa massa dos trabalhadores e a pequena minoria dos especuladores. 

Na Europa, todos os governos – bem como a União Européia – entraram numa crise sem precedentes, sejam de ‘esquerda’ ou de direita, que à serviço do capital querem destruir tudo o que foi conquistado pelas lutas dos trabalhadores. A resistência se dá em todo o continente, do leste a oeste e de norte a sul, contra esses planos destruidores. 

Em todo o mundo, os governos a serviço do capital tentam manter o controle da situação, com uma repressão selvagem que já fez centenas de manifestantes mortos à bala no Iraque, Irã, Líbano, Chile, Haiti e na Bolívia, sem falar de centenas de outros presos ou feridos na Argélia, Espanha, França e em Hong Kong. 

Os delegados dos 4 continentes constataram que esses governos tentam, por todos os meios, aprisionar as direções das organizações de classe e dos partidos que se reclamam da democracia no quadro do funcionamento “continuista” das instituições políticas.

Diante dessas manobras, a massa dos trabalhadores e militantes buscam os meios para transbordar ‘por baixo’ o bloqueio organizado por direções, para reapropriar-se de suas organizações. É assim que surgem formas inéditas de organização, testemunhando as lições tiradas pelos trabalhadores e militantes no último período e manifestando a vontade de amplas massas de tomar em mãos o controle de seu movimento e organizar-se por si próprias 

Delegações presentes:  ÁFRICA: África do Sul (Azânia), Argélia, Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Camarões, Congo (Brazaville), Costa do Marfim, Djibouti, Gabão, Gana, Guiné Bissau, Madagáscar, Ilha da Reunião, Ilhas Maurício, Mali, Marrocos, Mauritânia, Níger, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Ruanda, Senegal, Sudão, Tunísia e Uganda; AMÉRICAS: Argentina, Brasil, Chile, Equador, Estados Unidos, Guadalupe, Haiti, Martinica, México, Peru e Venezuela;  ÁSIA e ORIENTE MÉDIO: Índia, Líbano, Palestina e Turquia; EUROPA: Alemanha, Aústria, Bélgica, Bielorússia, Espanha, França, Grécia, Hungria, Portugal, Romênia, Rússia, Sérvia, Suécia e Ucrânia.

O governo da França recusou vistos para delegados de Burundi, Cazaquistão, Chade, Guiné-Conacri, Nigéria, Somália e Togo.  Além disso, houve delegações que por razões outras não puderam participar, mas apoiaram a reunião do CILI: Armênia, Hong Kong, Irlanda, Itália, Reino Unido, Suíça e Tailândia. 

Ato Internacionalista às vésperas da greve geral na França

30 de novembro, 15 horas. A sala estava tomada por mais de 1.500 militantes, jovens, “coletes amarelos”, sindicalistas, para ouvirem dez oradores, engajados na luta de classes em seus países e presentes na reunião do CILI.  

Apresentados por Jérôme Legavre, do POI francês, sucederam-se na tribuna: Youssef Tazibt do PT da Argélia; Abhishek Singh, do Sindicato dos transportes (AICCTU) de Nova Déli, Índia; Javier Márquez, da Confederação Bancária e do movimento “Não + AFPs” do Chile; Elie Domota, da UGTG de Guadalupe; Luís Eduardo Greenhalgh, do PT do Brasil; Cornelia Matzke, militante de Leipzig (ex-RDA) em 1989, Alemanha; Khadije El Husaini, do Movimento pelos Direitos Democráticos do Líbano; Awad Abdelfatah, coordenador da campanha por um só Estado democrático da Palestina; Moustapha Guitteye, da União Nacional dos Trabalhadores (UNTM) do Mali;  e Melina Sauger, sindicalista, pelo Comitê Nacional de Resistência e Reconquista (CNRR) da França, encerrando o ato em meio a cantos vindos da sala, num clima de preparação da greve geral “a partir do 5 de dezembro” contra a “reforma” das aposentadorias do governo Macron, refletindo a posição de muitas assembleias sindicais que adotaram essa linha. Abaixo, trechos da fala do representante do PT do Brasil no Ato: 

Luis Eduardo Greenhalgh: “Há um ditado no Brasil, « é na hora do perigo que se conhece os amigos ». O PT, e em particular o companheiro Lula, fomos apoiados por um imenso movimento de solidariedade. Há dois anos, em Argel, eu era delegado na conferência presidida por Luísa Hanune. Ela própria propôs uma moção de solidariedade com Lula, que naquele momento não estava preso, mas era perseguido pela justiça. Depois que Lula foi julgado de forma manipulada, condenado e preso, recebemos dos companheiros do Acordo Internacional centenas de manifestações de solidariedade exigindo a sua libertação. Jamais esqueceremos disso! Mais uma vez, obrigado companheiros! Permitam-me dirigir-me ao companheiro Youssef: a solidariedade que o teu partido, o PT da Argélia, deu prova em 2017, agora somos nós, o PT do Brasil e o próprio Lula, que manifestamos a mesma solidariedade na campanha pela libertação de Luísa Hanune (...). Uma palavra sobre o que fizemos nesses dias de segunda reunião do CILI. Delegados de 55 países de quatro continentes, encontramos em toda a parte a mesma situação: desemprego, trabalho precário, privatização da Saúde, da Educação, ataques aos direitos trabalhistas e democráticos. Mas, ao mesmo tempo, a resistência dos povos, da classe trabalhadora, novas direções, novos movimentos como os ‘coletes amarelos’ aqui na França, que o poder não compreende. Saímos dessa reunião do CILI com a certeza que não existe derrota definitiva quando os povos estão em luta pela democracia, pela justiça social e pela paz (...). Transmitirei tudo isso, a solidariedade, a acolhida, diretamente ao Lula. Resumo numa frase: ninguém solta a mão de ninguém, combatemos o bom combate e venceremos. Lula Livre, Luísa Livre! »