Escrito por: Andre Accarini

CUT receberá lideranças internacionais em fórum sobre transição justa

Encontro, que já teve edições na França e na Coreia, acontece em São Paulo para debater estratégias de mobilização sindical em nível global por uma transição energética justa com proteção aos trabalhadores

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Nos dias 17 e 18 de outubro, datas que antecedem o 14° Congresso Nacional da CUT (CONCUT), será realizada em São Paulo, a terceira edição do Fórum Sindical Internacional por uma Transição Social e Ecológica. As edições anteriores foram realizadas em Paris, na França, em 2021, e em Seul, capital da Coréia do Sul, em 2022.

O evento organizado pela CUT Brasil, Fundação Rosa Luxemburgo e as centrais sindicais KCTU, da Coreia do Sul e CGT, da França, além da Trade Unions For Energy Democracy – TUED, será realizado no Holiday Inn Parque Anhembi, na capital paulista e terá presença de lideranças sindicais e de movimentos sociais de todos os continentes para discutir ideias, apresentar estratégias e debater sobre a transformação do sistema energético, as transições setoriais e as estratégias de fortalecimento dos trabalhadores na construção das relações de poder.

Voltado para os trabalhadores e as suas organizações, o evento é também um momento de trocas de experiências e informações, e construção de estratégias com os movimentos sociais em nível global. “Será uma oportunidade para compartilhar as experiências, propostas e lutas dos sindicatos e os seus aliados”, dizem os organizadores.

Entre essas experiências está a proposta da CUT sobre a crise climática e social. Leia aqui

A troca de experiências vivenciadas nos países sobre o tema é o fio condutor da atividade. O secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT, Quintino Severo, explica que o Brasil pretender contribuir com as experiências e lutas desenvolvidas aqui, pelo movimento sindical e movimentos sociais no tema transição justa, que envolve proteção aos trabalhadores em direitos e qualidade de vida e ao meio-ambiente, com o desenvolvimento sustentável.

Isso inclui sair de uma economia baseada na produção e carbono para uma economia com menos poluição, para construir mundo saudável com o meio-ambiente protegido.

“Essas experiências, com o avançar do tempo, ganharão os diversos setores produtivos e é importante ter articulação com outros países e organizações de perfil semelhante ao nosso”, diz o dirigente sobre a atuação do movimento sindical nos mais diversos setores.

“Debateremos e trocaremos experiências de cada pais. Cada um tem sua realidade e por isso é importante socializarmos essas experiências”, afirma Quintino.

Perfil

O objetivo do encontro é dar continuidade à atuação desenvolvida ao longo dos anos, desde a primeira edição do Fórum.  Quintino Severo define como “um conjunto de sindicatos e organizações com visão progressista sobre o modelo de transição”, ao se referir aos participantes do Fórum.

A expectativa, segundo ele, é a partir das resoluções do encontro, fazer lutas conjuntas e campanhas na perspectiva de criar uma cultura no próprio movimento sindical e nas organizações para uma ação global. Quintino explica que nem todos os sindicatos, em nível mundial, tem a transição justa como pauta prioritária e é preciso criar essa consciência.

É uma luta que estamos incutindo na pauta dos trabalhadores. Nem toda a classe tem a compreensão sobre o é a transição justa. Menos carbono e mais sustentável, mas ainda é um processo de construção de consciência esse encontro serve par isso, criar a cultura na sociedade em especial trabalhadores, ou seja, levar debate para o local de trabalho é um dos objetivos- Quintino Severo

Participações

O fórum contará com especialistas e sindicalistas de todos os continentes, em especial da Europa e África. Já estão confirmadas presenças de representantes de organizações da Bélgica, Espanha, França, Argentina, Senegal, Congo, Zâmbia e diversos outros países.

Sindicatos globais já confirmaram presença. Entidades como a IndustriALL Global Union, que representa mais de 50 milhões de trabalhadores em mais de 140 países, a ICM (Internacional e Trabalhadores da Construção e Madeira), federação presente em 117 países, com mais de 350 sindicatos filiados, além de representantes da Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), da Confederação Sindical Internacional (CSI) e da Internacional de Serviços Públicos (ISP).

Confederações cutistas e dirigentes da Central reforçarão o corpo de lideranças sindicais nos debates. Também participarão representantes de movimentos sociais brasileiros. 

Conteúdo

As discussões se concentrarão principalmente em quatro áreas:

Programação:

Após a abertura com a apresentação das entidades realizadoras do Fórum, serão realizados debates e plenárias ao longo dos dias.

17/10:

9h - Plenária “Do que falamos quando falamos de Transição Justa: Visões cruzadas entre América Latina, África, Europa, Ásia

11h15 – Grupos de discussão: “Transição industrial verde - Propostas e impactos”, e “Capitalismo de plataforma na Economia Verde”

14h30 – Plenária “Dois lados da mesma moeda: o capitalismo verde e a direita global”

16h45 – Debate “América Latina e o mundo: posição dos sindicatos”

18/10

9h30 – Plenária “Processos de reestruturação da governação climática global: inter-relação entre os níveis regional e global”

11h15 – Grupos de discussão: “Financiamento justo para uma transição justa” e “Estratégias dentro e fora das COPs”

14h30 – Plenária Crise Climática, Ambiental e Alimentar - Políticas territoriais e uso da terra”

16h45 – Encerramento com apresentação e discussão do texto final e estratégia política do Fórum rumo ao futuro.

14° CONCUT

O Fórum Sindical Internacional por uma Transição Social e Ecológica faz parte da programação do 14° Congresso Nacional da CUT. O tema ‘transição justa’ fará parte das bases dos debates no Congresso da Central.

Um dos eixos da estratégia de luta proposta pela CUT para os próximos anos, a ser aprovada no CONCUT, trata do Desenvolvimento Sustentável e diz respeito à atuação na promoção, defesa e luta por proteção social, combate à fome, à pobreza e à precarização do trabalho.

Passa por políticas públicas, políticas de proteção ao emprego, valorização do serviço e de servidores públicos, geração de empregos de qualidade, moradias, mais investimentos em áreas essenciais, bem como em ciência e tecnologia.

Mas, em especial, no que se refere ao meio ambiente, a transição justa, todos esses elementos devem ser indutores de um desenvolvimento que se reverta, ou seja, beneficie de fato, à sociedade, em especial à classe trabalhadora. A transição justa do modelo produtivo atual para uma economia de baixo carbono, deve acontecer com o olhar para os trabalhadores e não para somente servir ao capitalismo.

Leia mais: 14° CONCUT reafirmará compromisso da Central com toda a classe trabalhadora