Escrito por: CUT Nacional

CUT repudia racismo de bolsonarista que amarra e espanca quilombola no RN  

O caso, que não é isolado, é uma conduta inapropriada, extremamente racista que relembra o tempo de escravidão

Reprodução

 

A CUT repudia mais um crime de racismo contra um homem negro, quilombola, que foi cruelmente amarrado e em seguida espancado pelo comerciante bolsonarista, Alberan Freitas, em uma rua da cidade de Portalegre, no oeste do Rio Grande do Norte.

Segundo relato de moradores, o agressor teria espalhado pela cidade que o jovem quilombola era “bandido e drogado”. Revoltado, o rapaz resolveu atirar pedras contra o mercadinho do bolsonarista. Foi aí que tiveram início  as agressões no meio da rua.

Toda atrocidade foi gravada e, no vídeo que circula na internet, o autor reafirmou a violência contra a vítima de forma gratuita e ainda disse que faria tudo novamente.

Seja por conivência do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), que ataca a democracia, as instituições democráticas com ameaças de golpe e os direitos da classe trabalhadora, seja por conivência estruturalmente racista, o fato é que torturas como essa negam o bem-viver à população negra.

É uma forma sociopolítica de manutenção do racismo, no intuito de segregar e excluir a população negra com o objetivo de impedir ou dificultar o reconhecimento e o exercício de direitos, em bases de igualdade com a sociedade.

O caso cruel de racismo, que não é isolado, é uma conduta inapropriada, extremamente racista e relembra o tempo de escravidão, no qual, amarravam-se os negros escravizados para contê-los, negando a eles qualquer forma de tentar se proteger, reproduzindo e promovendo a imagem desumanizada.

Segundo o Atlas da Violência de 2019, 75% das vítimas de homicídio no Brasil são pessoas negras e são mortas com mais frequência que pessoas não negras, comprovando que o caso do quilombola não é único no país.

O relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de 2020 revelou que essa violência contra o povo pobre e trabalhador do país também atinge o campo onde aumentaram os  conflitos após o primeiro ano de Bolsonaro na presidência. O número de assassinatos no campo apresentou um aumento de 14% em 2019 (32) em relação a 2018 (28). As tentativas de assassinato, por sua vez, passaram de 28 para 30, aumento de 22% e as ameaças de morte, de 165 para 201.

Diante de dados alarmantes e pouca proteção à população negra, a CUT repudia qualquer tentativa de desqualificar a luta da população  negra e também quilombola e exige punição rigorosa aos agressores.  

Sérgio Nobre – Presidente Nacional da CUT

Anatalina Lourenço – Secretária Nacional de Combate ao Racismo da CUT