Escrito por: CUT Nacional
Diplomacia de Bolsonaro e Ernesto Araújo desrespeita e viola os princípios constitucionais, promovendo um vergonhoso servilismo a um governo estrangeiro cujo programa é a promoção facciosa dos seus interesses
A CUT Brasil manifesta seu profundo repúdio com a mais nova demonstração de vassalagem do governo do Presidente Jair Bolsonaro em relação ao governo do Presidente Donald Trump – dessa vez, ao permitir uma visita do Secretário de Estado dos Estados Unidos da América (EUA), Mike Pompeo, à cidade de Boa Vista, capital de Roraima. No contexto das eleições estadunidenses e de uma possível derrota de Trump, a visita de Pompeo tem como objetivo promover novos atos de provocações e ameaças à Venezuela e utilizá-las como propaganda eleitoral.
A diplomacia de Bolsonaro e Ernesto Araújo, desrespeita e viola os princípios constitucionais, promovendo um vergonhoso servilismo a um governo estrangeiro cujo programa é a promoção facciosa dos seus interesses, além da destruição do sistema multilateral. Ao se submeter de maneira vexatório aos humores de Trump, Bolsonaro e Araújo ameaçam arrastar o Brasil a conflitos com nações com as quais mantemos relações de amizade e mútuo interesse – violando, dessa forma, os princípios constitucionais de respeito à autodeterminação dos povos e de não-intervenção. Além disso, destrói a vocação universalista da política externa brasileira e sua capacidade de dialogar e construir pontes com diferentes países, em especial, com os nossos vizinhos sul-americanos.
Apenas nos últimos dias, os vassalos brasileiros de Trump, além desse episódio em Roraima, estenderam, sem nenhuma contrapartida, as cotas de importações de etanol dos EUA sem tarifa; apoiaram a eleição de um estadunidense para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – fato inédito na história da instituição que, desde sua fundação, sempre foi presidido por latino-americanos; e participaram ativamente do golpe promovido pelo secretário-geral da OEA, Luis Almagro, para destituir o brasileiro Paulo Abraão, da secretaria-executiva da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) – em um ataque sem precedentes à autonomia da CIDH.
Nesse último caso, a destituição de Paulo Abraão, aconteceu dias antes da CIDH divulgar um relatório extraordinário sobre violência policial, atuação de milícias, ataques a minorias e retrocessos democráticos no Brasil. Esses últimos eventos apenas se amontoam a outros inúmeros exemplos de servidão voluntária e traição à pátria e a soberania nacional praticados por Bolsonaro e Ernesto Araújo desde o dia da posse do novo governo.
A CUT Brasil reforça a fraternidade entre a classe trabalhadora internacional e a necessidade de construirmos uma ordem global mais equilibrada, solidária e alicerçada na busca pela paz, cooperação internacional e respeito à autodeterminação dos povos. Uma visão inconciliável com a atual página vergonhosa de subserviência e irracionalidade da outrora altiva e ativa política externa brasileira.
São Paulo, 17 de setembro de 2020
Sergio Nobre
Presidente da CUT
Antonio Lisboa Secretario de Relações Internacionais