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CUT-Rio: 12ª Plenária Estadual define estratégias para fortalecer a luta

Em dois dias de debates, Central discute  conjunturas econômica, política e social e define plano de lutas da entidade

Publicado: 23 Agosto, 2021 - 11h53 | Última modificação: 23 Agosto, 2021 - 11h58

Escrito por: Rosangela Fernandes, da CUT-Rio

Reprodução
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Neste fim de semana, a CUT-Rio realizou a 12ª Plenária Estadual Lígia Deslandes com 181 delegados e delegadas, que debateram temas relacionados ao sindicalismo cutista e os desafios dos trabalhadores e trabalhadoras no Brasil nos próximos tempos.

O evento foi realizado no sábado (21) e domingo (22) de forma virtual por causa da pandemia do novo coronavírus e foi marcado por mensagem e apoio do ex-presidente Lula, do presidente da CUT Brasil, Sérgio Nobre, além da presença nos debates de convidados que são referência no movimento sindical como o vice-presidente da CUT Brasil, Vagner Freitas.

Nos debates sobre o cenário atual do país, os temas foram as ameaças constantes às instituições brasileiras, à democracia comandas pelo prsidente Jair Bolsoanro (ex-PSL); as propostas do governo de retirada dos direitos sociais e trabalhistas, de desmonte do serviço público como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32, da reforma Administrativa, que enfraquece o Estado, a Medida Peovisória (MP) nº 1045, que acaba com férias, 13º salário e até carteira assinada, Foram debatidos também temas como as  privatizações de empresas públicas e muitos outros ataques que vêm sendo realizados pelo governo Bolsonaro.

Na cerimônia de abertura, a mensagem do presidente Lula apontou para a necessidade de estruturar a reação aos retrocessos.

“Temos que pensar que Brasil a gente deseja. O povo brasileiro não quer voltar a ser escravo, quer ter direito à previdência, a um bom sistema de saúde, à dignidade. A CUT é uma peça extraordinária na transformação social que o povo brasileiro precisa.  Estou pronto para ouvir as deliberações de vocês”, afirmou.

Reforçando a mensagem de Lula, na apresentação do plano de lutas, o presidente da CUT-Rio, Sandro Cezar, salientou que a Central é um agente político crucial para mobilizar a população em torno dessas pautas.

“Precisamos de muita mobilização e fortes movimentos para combater o esfacelamento da democracia e do Estado brasileiro. Precisamos ampliar os elos com a população e lutar para assegurar a continuidade do processo democrático do Brasil”.

A plenária se posicionou de maneira contundente na luta pelo emprego digno, contra a informalidade e a precarização do trabalho. O desemprego atinge hoje quase 15 milhões de brasileiras e brasileiros.

Aprofundada desde a reforma Trabalhista de Michel Temer e agravada com Bolsonaro, a informalidade só cresce no Brasil, deixando legiões de trabalhadoras e trabalhadores vulneráveis e sem acesso a direitos.

A MP 1045/21 é mais uma reforma trabalhista que coloca em xeque o que restou dos direitos duramente conquistados pelo povo brasileiro.

Em sua mensagem, o presidente da CUT Brasil, Sérgio Nobre, ressaltou a necessidade de compreender o novo momento do mundo do trabalho.

“O desafio é reestruturar sindicatos e preparar a Central para enfrentar o mundo pós-pandemia. O avanço da Covid-19 acelerou o processo de teletrabalho que fez, por exemplo, com que muitas categorias passassem a ser contratadas por aplicativos, o que leva a outras reflexões sobre a atuação sindical”, ponderou, lembrando a importância da CUT nesse cenário considerando que somos a quinta maior central sindical do Planeta.

Na mesa de análise de conjuntura, o vice-presidente da CUT Brasil, Vagner Freitas ressaltou que os ataques às instituições e à democracia são feitos por uma parcela minoritária da população, mas que não é inexpressiva.

“Ela é conservadora e arcaica. Eles não tinham um líder. Por isso temos que derrotar Bolsonaro, porque ele representa essa liderança da intolerância. Bolsonaro representa a negação à política, aos sindicatos, a construção coletiva de ideias”, afirma.

Na apresentação do projeto nacional de criação de Brigadas Digitais, ficou claro que esse enfrentamento passa por uma estratégia efetiva de comunicação como ressaltou o diretor de comunicação da CUT-Rio, Sérgio Giannetto. “A comunicação tem centralidade na disputa política, na defesa de direitos e da democracia”.

O secretário nacional de comunicação da Central, Roni Barbosa, deu detalhes do projeto e de sua importância. “Além das atuações de rua, é fundamental fazer a disputa no mundo virtual. E essa é uma tarefa que cabe a cada um de nós. Temos um potencial imenso, se atuarmos de forma estruturada, podemos fazer frente ao bolsonarismo”, ressaltou.

A luta pela vida foi uma pauta que atravessou reivindicações de diversas categorias profissionais. Foi abordada a necessidade de fortalecer ações pelo plano de carreira dos trabalhadores da saúde, a greve dos profissionais da educação, o piso salarial da enfermagem há trinta anos ainda não aprovado, a luta das mulheres, das trabalhadoras domésticas e o desafio de organização sindical dos trabalhadores e trabalhadoras que estão na informalidade.

A plenária, através de um vídeo, prestou emocionante homenagem à secretária-geral da CUT-Rio, Lígia Deslandes, e diversos companheiros sindicalistas que faleceram vítimas da Covid-19 e do descaso do governo Bolsonaro.

Keila Machado, tesoureira da CUT-Rio, lamentou a morte de Lígia e de tantos brasileiros e brasileiras.

“A perda de nossa companheira Lígia nos causou uma dor imensa. E a incompetência e crueldade desse governo faz com que a gente siga sem avanços no combate à pandemia. Agora mesmo, nossa companheira Virgínia Berriel, que certamente estaria com a gente aqui, está enfrentando a Covid-19 internada no CTI. Estamos daqui torcendo pela recuperação dela. É inaceitável o que estamos vivendo com quase 600 mil vidas perdidas”, afirmou.

Entre os participantes da plenária, os presidentes da CTB e da Conlutas, a deputada federal Benedita da Silva, a secretária de Mobilização e Movimentos Sociais da CUT-Brasil, Janeslei Aparecida Albuquerque; a presidenta da Contraf, Juvândia Moreira, e de representantes do PT e do PCdoB.

Sandro Cezar encerrou o evento destacando a participação ativa e o engajamento de delegadas e delegados durante todo o evento.

“A plenária esteve cheia o tempo todo e isso demonstra a preocupação que os companheiros e as companheiras estão tendo com o momento político em que vivemos. A gente sabe que pode contar com cada sindicato, cada ramo de atividade, cada setor das categorias para essa tarefa, que é tocar a CUT aqui no Rio de Janeiro, um estado que tem uma força fundamental. Agradeço a cada um e cada uma que esteve conosco aqui. Vamos à luta!”

O Rio de Janeiro levará 17 delegadas e delegados à 16ª Plenária Nacional da CUT, que será realizada em outubro de 2021.