Escrito por: Redação CUT

CUT-RS articula Frente em Defesa das Estatais contra desmonte do serviço público

Contra a privatização e o desmonte do patrimônio público anunciados por Bolsonaro e pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, movimento sindical começa a rearticular frente de defesa das estatais

CUT-RS

Diante das ameaças de desmonte do serviço público e privatizações de setores estratégicos anunciadas tanto pelo ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro (PSL), Paulo Guedes, quanto pelo novo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), dirigentes da CUT-RS e lideranças sindicais de empresas públicas federais e gaúchas se reuniram na manhã desta terça-feira (8) para debater a reorganização de uma frente ampla de defesa do patrimônio público nacional e estadual.

Para o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, é preciso esclarecer à população que serviço público não é cabide de emprego, como defendem aqueles que querem impor a privatização para atender interesses dos setores privados. "As empresas estatais cumprem um importante papel de balizar a economia, regulando e evitando, assim, a rapinagem do setor financeiro e da iniciativa privada em cima de bens e serviços oferecidos à população”.

O Brasil possui hoje 138 companhias estatais, 47 delas sob controle direto da União e 91 sob o controle indireto, segundo informações do Dieese. A maioria é auto-sustentável e não depende de recursos públicos do governo federal para existir, como é o caso do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, do BNDES, da Petrobras e da Eletrobras, todas na mira de Bolsonaro.

População é contra a privatização

Mesmo diante da pressão do governo federal em atender os interesses dos grandes bancos privados e empresas transnacionais, uma pesquisa recente do Instituto Datafolha mostra que 64% da população é contra a extinção das companhias estatais, o que, para o secretário-geral adjunto da CUT-RS, Amarildo Cenci, mostra o legado negativo de privatizações deixado pelos governos do tucano Fernando Henrique Cardoso no imaginário popular do povo brasileiro.

“O brasileiro já percebeu que vender estatal não é sinônimo de economia, mas sim de precarização de serviços. Isso sem falar que, esgotado os recursos da venda das companhias públicas, o que resta ao governo é aumentar impostos, que, é claro, prejudicam ainda mais a classe trabalhadora”, avalia o dirigente.

Segundo o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, entre os casos que desmentem a falácia neoliberal de Guedes e Bolsonaro de que é preciso promover o desmonte e a entrega das empresas públicas está a venda de ações do Banrisul, banco público gaúcho que, durante o governo de Yeda Crusius (PSDB), teve 42% de suas ações preferenciais vendidas por R$ 1,26 bilhão.

"Quem comprou já recuperou o investimento e agora acumula lucros exorbitantes. Somente no 1º semestre do ano passado, o Banrisul registrou um lucro de mais de R$ 500 milhões. Metade disso foi parar nas mãos de uma elite rentista", critica Nespolo.

"Agora, o regime de recuperação fiscal quer terminar de entregar à iniciativa privada a estatal que mais dá retorno para os cofres públicos do estado, isso é uma vergonha”.

CEEE, Sulgás e CRM na mira de Eduardo Leite

Em 2015, quando o ex-governador José Ivo Sartori (MDB) propôs extinguir companhias estatais como CEEE, a Sulgás e a CRM, o movimento sindical gaúcho articulou a formação de uma Frente de Defesa do Serviço e do Patrimônio Público. Na época, Sartori teve seus planos frustrados graças à mobilização de sindicatos, federações e demais entidades de classe que representam os interesses da classe trabalhadora.

Agora, mais um vez, a CEEE, a Sulgás e a CRM encabeçam a lista de privatizações idealizadas por Eduardo Leite e sua equipe, denuncia a Secretária de Formação da CUT-RS, Maria Helena de Oliveira. "Não serão as únicas, mas as primeiras que o novo governador já sinalizou que tentará vender”, diz.

O próximo passo do movimento sindical gaúcho para recompor a rearticulação da Frente de Defesa do Serviço e do Patrimônio Público é colocar o tema em debate junto às demais centrais sindicais e definir quais entidades comporão a Frente. 

*Com informações CUT-RS