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CUT-RS e sindicatos protestam em frente ao Piratini contra retorno às aulas

Vários motoristas de veículos, que passavam na Rua Duque de Caxias, buzinaram em apoio aos educadores, pais e mães de alunos

Publicado: 19 Agosto, 2020 - 17h24

Escrito por: CUT - RS

Reprodução
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Em ato simbólico realizado na manhã desta quarta-feira (19), em frente ao Palácio Piratini, a CUT-RS, o CPERS Sindicato, o Sinpro-RS e a FeteeSul protestaram contra o calendário escalonado do governador Eduardo Leite (PSDB) de volta às aulas da rede pública e privada de ensino a partir do próximo dia 31. Também participou a Associação de Mães e Pais pela Democracia.

Munidos de faixas, cartazes e cruzes, simbolizando as mais de 2.800 mortes já causadas pela Covid-19 no Estado, os manifestantes gritavam palavras de ordem como “escolas fechadas, vidas preservadas”. Vários motoristas de veículos, que passavam na Rua Duque de Caxias, buzinaram em apoio aos educadores, pais e mães de alunos.

Todos usaram máscaras de proteção, respeitaram o distanciamento social e evitaram aglomeração de pessoas, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Retorno às aulas é um atentado contra a vida

Para o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, o governo do Estado não tem política pública para testagem da população, nem para os trabalhadores da Saúde, e irresponsavelmente propõe o retorno às aulas presenciais. “É um crime, um atentado contra a vida. Qualquer volta à normalidade precisa ser seguida por um protocolo de segurança para professores, alunos e pais e de absoluto controle e prevenção. Se não temos nada parecido com isso nem nos postos de saúde, imagine nas escolas públicas gaúchas”, criticou.

Segundo a pesquisa da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) respondida por 367 dos 497 prefeitos e divulgada na segunda-feira (17), 93,75% rejeitam o calendário de volta às aulas do governo Leite. O maior problema apontado é o risco para alunos e professores. O transporte também foi indicado como grande empecilho.

“Em vez de fornecer equipamentos e internet para que os alunos possam estudar à distância, Leite quer que arrisquemos a vida de nossos filhos com aulas presenciais. Como se não fosse o suficiente, tenta jogar a responsabilidade de sua decisão em cima dos prefeitos. Por sorte, a maioria é contra a abertura das instituições de ensino”, destacou Amarildo.

Usar alunos como cobaias é ato perverso

Os números da Famurs vão ao encontro da análise preliminar da consulta online “Educação e Pandemia no RS", realizada pelo CPERS Sindicato”. Entre os 1,7 mil participantes, 86% responderam “não” à pergunta “Você acha possível retomar as aulas antes do advento e disponibilização de uma vacina eficaz contra a Covid-19?”.

A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, alertou que o governador está seguindo os passos da política genocida adotada pelo presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) no combate à pandemia. “Usar os nossos alunos como cobaias em um momento tão perigoso, em que a curva de contaminações segue crescendo, é um ato perverso. Se Eduardo Leite não mudar de opinião, estará se equiparando ao governo assassino do presidente Bolsonaro”, disparou.

“O governo ainda não contratou ninguém, nós temos escolas que têm um funcionário só e é do grupo de risco. Portanto, nem quem vai fazer a higienização das escolas para receber os alunos não teremos ainda. E, mesmo assim, sabendo que o atendimento, quando retornar o presencial, precisa de pessoas especificamente para higienizar banheiros, as pias, os refeitórios, para além dos funcionários normais da limpeza. O protocolo pode ser muito bonito no papel, mas, na realidade, não existe a mínima condição de retorno das aulas”, disse Helenir.

Não há cenário para volta segura às aulas presenciais

O diretor de Assuntos Jurídicos do Sinpro/RS, Cássio Bessa, salientou que “foi um ato simbólico, com a participação das entidades da educação. Compareceram poucas pessoas, mas com muita representatividade. Isso foi o combinado, justamente para evitar aglomeração. 

“Nós demos o recado ao governador de que não queremos volta às aulas neste momento. Marcamos posição com nossas faixas e cartazes para dizer ao Governo que não queremos a volta às aulas durante pico da pandemia no estado”.

De acordo com Cássio, “os hospitais estão lotados, as UTIs estão cheias, muita gente está morrendo e outros contraindo a covid-19. Portanto, este não é o cenário apropriado para uma volta segura às aulas presenciais para estudantes e professores”, conclui.

O diretor da FeteeSul e ex-presidente da CUT-RS, Celso Woyciechowski, frisou que o calendário proposto é no mínimo irresponsável e pode agravar o número de contaminados no Estado, provocando um desastre sem precedentes. “O RS não possui uma política sincronizada com o governo federal. É absurdo permitir a retomada do calendário escolar quando temos mais de mil mortes diárias no país em decorrência da covid-19. O risco é muito grande e, por isso, lutamos para preservar vidas”, enfatizou.  

Nossos filhos não voltam e todas as crianças devem voltar juntas

Pais e mães de alunos também participaram do ato e montaram um telão em cima de um caminhão, onde exibiram vídeos com recados ao governador, reforçando o slogan da campanha “Escolas fechadas, vidas preservadas”.

“Estivemos no ato e representamos a esmagadora maioria dos pais gaúchos que não querem a volta às aulas no meio da pandemia e sem vacina. Nossos filhos não voltam e todas as crianças devem voltar juntas. E juntos lutaremos pelas ações para as aulas emergenciais, que estão gerando um apagão educacional para que o estrago não seja maior”, afirmou a presidente da Associação Mães e Pais pela Democracia, Aline Kerber.

Assista à transmissão da Rede Soberania e Brasil de Fato