CUT-RS repudia agenda de privatizações de Sartori
Nesta quinta-feira (13) Frente em Defesa das Estatais se reunirá
Publicado: 10 Outubro, 2016 - 14h44
Escrito por: CUT-RS
A CUT-RS promove nesta quinta-feira (13), às 10h, na sede da entidade, uma reunião da Frente em Defesa das Estatais, integrada por federações, sindicatos e associações de funcionários, para definir novas estratégias e mobilizações, visando resistir aos ataques, ao desmonte do estado e à agenda ventilada de privatizações do governador José Ivo Sartori (PMDB).
“Além do parcelamento de salários e da política de arrocho, o que tem infernizado a vida do funcionalismo, o governo do Estado prepara novo pacote de maldades para a abertura de capital e privatização de empresas estatais, o que não podemos permitir”, afirma o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
Conforme reportagem publicada na edição desta segunda-feira (10) do Correio do Povo, “a base aliada e o núcleo da administração, contudo, estão divididos e ainda discutem se devem dar prioridade à venda das estatais ou a de áreas públicas ou, ainda, se podem encaminhar ambas ao mesmo tempo”.
“Sartori está chegando à metade do seu mandato e deveria parar de sacrificar os servidores e deixar de fazer o discurso do caos nas contas públicas, pois não há justificativas. Além da renegociação da dívida com a União, o Estado foi beneficiado com o aumento linear do ICMS desde janeiro deste ano, o saque de parcela dos depósitos judiciais e a venda da folha dos servidores estaduais por R$ 1,2 bilhão ao Banrisul”, frisa Claudir.
O dirigente da CUT-RS repudia a ideia de nova entrega do patrimônio público. “O governo Britto (PMDB) vendeu a CRT, parte da CEEE e extinguiu a Caixa Estadual. O governo Yeda (PSDB) vendeu 49% das ações do Banrisul. O Estado ficou bem menor e perdeu lucros expressivos de empresas, que hoje poderiam ser usados para investir no desenvolvimento econômico e social do Rio Grande”, critica.
Sulgás e Corsan no olho do furação
Segundo o Correio do Povo, “no caso das estatais, parte dos aliados quer saber por que a Sulgás, uma empresa enxuta e altamente rentável, está no topo da lista das empresas a serem privatizadas. A base também quer mais informações a respeito de como o governo pretende abrir o capital da Corsan, uma vez que os investidores privados já avisaram que seu interesse se restringe à operação nas regiões com indicadores de consumo lucrativos”.
Nesta semana, destaca a reportagem, “a Associação dos Empregados da Companhia de Gás do RS (Assulgás) está encaminhando aos deputados um documento de oito páginas listando argumentos contrários à venda. Entre eles, o de que a Sulgás dobrará o lucro líquido neste ano, que passará de R$ 68,5 milhões em 2015 para cerca de R$ 118 milhões. E o de que os recursos provenientes da venda (a Sulgás está avaliada em cerca de R$ 800 milhões, sendo que 49% dela pertenciam à Gaspetro, que já comercializou metade das ações com a Mitsui) seriam irrisórios para fazer frente tanto às despesas de custeio quanto a qualquer negociação de abatimento do valor da dívida com a União”.
“Nesta terça-feira, os deputados da base esperam por um movimento da parte do Piratini. Eles querem que, no café da manhã com a base ampliada, o núcleo do governo dê mais detalhes sobre como planeja as vendas”, revela a notícia.
“Também na terça, grupos de servidores de diferentes municípios visitarão gabinetes de deputados, solicitando que avaliem com cuidado propostas referentes à Sulgás e à Companhia Riograndense de Mineração (CRM)”, aponta o Correio do Povo.
Segundo a matéria, “dentro do núcleo do governo, a agilização do repasse de empresas sob controle do Estado à iniciativa privada conta com o empenho do vice-governador José Paulo Cairoli e do secretário da Fazenda, Giovani Feltes. O ex-titular do Planejamento Cristiano Tatsch havia sido incumbido de tocar o programa de parcerias público-privadas (PPPs) e as privatizações, mas deixou o cargo no fim de setembro. A tendência é de que o Planejamento seja fundido à Secretaria Geral de Governo (SSG), e todo o programa de extinções, vendas e fusões fique sob o comando do titular da SGG, Carlos Búrigo”.
Aliados se dividem sobre propostas de Sartori
Conforme a reportagem, “na base aliada, PDT e PSB têm restrições à venda das estatais e desconfianças em relação à abertura do capital da Corsan. PP e PSDB, no entanto, apoiam as iniciativas. O líder da bancada do PDT, deputado Eduardo Loureiro, adiantou que a tendência é de que o governo proponha a retirada da exigência de plebiscito para as empresas das quais pretende se desfazer.
“O PDT é contra a privatização em áreas estratégicas, como CEEE, Corsan e Banrisul. Temos que analisar a Sulgás. O que nos preocupa, é a diretriz no geral. A Corsan, por exemplo, abrir o capital e depois dividir regiões lucrativas e não lucrativas seria o pior dos mundos”, disse Loureiro.
“A bancada não fechou posição ainda, mas, a princípio, seremos parceiros tanto nas privatizações como na venda dos imóveis. É preciso entender que não vamos conseguir vender só empresas sucateadas ou praticamente quebradas. Então, é óbvio que, dentro desta perspectiva, a Sulgás, por exemplo, pode integrar a lista de empresas a serem vendidas”, afirma o líder do PP na Assembleia, deputado Sérgio Turra.
Lucro da Sulgás gera interesse do capital privado
Para o diretor-presidente da Sulgás, Claudemir Bragagnolo, o desempenho da companhia explica o grande interesse do setor privado. Ele acredita, porém, que, justamente em função dos indicadores, o Estado tende a optar por ficar com o controle da empresa.
No ranking Maiores e Melhores 2016 da Revista Exame, a Sulgás é a segunda estatal mais rentável do país e a terceira melhor empresa do setor de energia e gás. No ranking Maiores Empresas 2016 da Revista Valor Econômico, é a com maior rentabilidade de lucro líquido sobre patrimônio líquido no setor de petróleo e gás.
O futuro também é promissor. Bragagnolo cita as possibilidades abertas com a Usina Termelétrica a Gás Natural a ser instalada em Rio Grande, com a Usina Termelétrica de Uruguaiana e com o GNVerde. E adianta: “O grande salto da Sulgás vai ser com o Gás Natural Liquefeito (GNL). Vamos sair dos 2 milhões de metros cúbicos/dia para 3,5 milhões de metros cúbicos/dia em pouco tempo”.
Os números da Sulgás que atraem os entreguistas
- Tem concessão para distribuir gás natural canalizado no Rio Grande do Sul até 2044.
- Em 2016 vai ultrapassar os 33,5 mil clientes atendidos.
- Possui mais de mil quilômetros em redes de distribuição construídas em 36 municípios, com índice de fidelização de 100%.
- A projeção da companhia é de que os projetos previstos até 2019 permitam um incremento de R$ 180 milhões/ano na arrecadação de ICMS.
Lucro das estatais reforça caixa único do Estado
“A manutenção das empresas estatais é fundamental para o desenvolvimento do Rio Grande. Além de cumprirem importante papel estratégico, os lucros obtidos reforçam o caixa único do Estado, contribuindo para o pagamento dos servidores e a prestação dos serviços públicos, como saúde, educação, segurança e assistência social”, conclui o presidente da CUT-RS.