Escrito por: CUT Nacional
CUT saúde trabalhadores dos sindicatos da AFL-CIO e todos que se uniram contra a política do ódio e da desesperança
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) parabeniza o povo norte-americano pela derrota de Donald Trump e a consequente vitória da chapa de Joe Biden e Kamala Harris – primeira mulher negra a ocupar o cargo de vice-presidenta em mais de três séculos – nas eleições presidenciais norte-americanas, realizada no último dia 03 de novembro.
Foi uma vitória das trabalhadoras e dos trabalhadores dos sindicatos da AFL-CIO, das mulheres, negros, jovens, da comunidade LGBTQ+, dos migrantes e dos latinos e de todos aqueles que apostaram no combate de um presidente que fez do ódio, da construção de muros, das mentiras e de todo e qualquer tipo de preconceito sua principal plataforma política.
Essa vitória só foi possível porque milhões de norte-americanos lutaram e se levantaram nas ruas de todo o país contra a infâmia de um sistema policial e de justiça que persegue, encarcera e mata o povo negro – assim como George Floyd, eram milhões e milhões que não conseguiam respirar.
E Kamala Harris, filha, de imigrantes, pai jamaicano e mãe indiana, é a representação da importância que os negros e, sobretudo, as mulheres negras, tiveram para a vitória democrata.
Donald Trump era o principal fiador e modelo de uma leva de políticos autoritários de extrema-direita – como Jair Bolsonaro – e sua derrota é uma importante vitória na luta contra um modelo de exclusão, ódio, descaso com o meio ambiente e com iniciativas multilaterais de enfrentamento de questões de caráter global. Os Estados Unidos, sob Trump, se retiraram do acordo de Paris e da UNESCO e vinham sistematicamente boicotando os esforços da OMS no combate à pandemia causada pelo novo coronavírus.
Esperamos que Joe Biden reverta essas decisões e que seu governo reforce os organismos multilaterais e os esforços internacionais de combate as mudanças climáticas – uma politica externa que, ao contrário da história norte-americana de intervenções e guerras, respeite a autodeterminação dos povos e as iniciativas multilaterais de promoção da paz.
Ainda na seara interna, ao saudar nossas companheiras e companheiros da AFL-CIO, reforçamos nossas esperanças que Biden cumpra seus compromissos com o movimento sindical e, dentre outros pontos, assine a Lei de Proteção ao Direito de Organização garantindo que todos os trabalhadores e todas as trabalhadoras que desejam formar ou filiar-se a um sindicato possam fazê-lo de forma livre e democrática – promovendo, dessa forma, a liberdade e a autonomia sindical e fortalecendo a negociação coletiva.
Por fim, não poderíamos deixar de assinalar a gigantesca derrota que o ocaso de Trump significa para Jair Bolsonaro e sua politica extrema, submissa e servil aos interesses do agora em breve ex-presidente norte-americano. A diplomacia de Bolsonaro e Ernesto Araújo, de vassalagem a Trump, ao abrir mão dos interesses nacionais em detrimento dos estadunidenses, desrespeita e viola os princípios constitucionais e vilipendia as melhores tradições da nossa diplomacia, para, em troca, alcançarem uma patética alegria momentânea de se portarem como os principais e mais subservientes mascotes do então presidente dos EUA. O silencio constrangedor de Bolsonaro e da diplomacia brasileira – que se atrasam em reconhecer a vitória de Joe Biden – é um eco perturbador do cada vez maior isolamento do Brasil no cenário internacional.
Que as lutas e a resistência dos manifestantes do Black Lives Matter nos inspirem para que, daqui até 2022, possamos construir a nossa vitória contra a política do ódio e da desesperança.
São Paulo, 09 de novembro de 2020
Sergio Nobre Antonio Lisboa
Presidente Secretário de Relações Internacionais