Escrito por: CUT-SE
“Quem assassinou o senhor Uilson?”, cobra por meio de nota direção da CUT-SE, que promete não descansar enquanto o criminoso - ou criminosos - não for identificado e preso
Foi encontrado morto no bairro de Santa Maria, em Aracaju (SE), nesta segunda-feira (28), o ativista social Uilson de Sá da Silva, 47 anos, presidente da Associação de Catadoras e Catadores de Mangaba Padre Luiz Lemper. Quem encontrou o corpo de Uilson, amarrado e com sinais de violência em sua própria residência, foi a mãe do líder comunitário.
A direção da CUT-SE questiona as razões deste crime bárbaro e avisa que não irá descansar até descobrir quem assassinou o senhor Uilson?
Há pelo menos cinco anos Uilson estava na linha de frente da luta contra a urbanização da área da mangaba na capital sergipana, o que gerava conflitos de interesses no local. Por causa de ameaças, em 2018, ele entrou no Programa de Proteção a Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH) e recebia acompanhamento individualizado por parte da polícia. Mesmo assim, ontem, Uilson foi assassinado.
Dezenas de famílias vivem do extrativismo da mangaba na Região das Mangabeiras, há mais de 60 anos, e garantem a preservação desta cultura que é parte da identidade do povo sergipano.
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Mas o sustento das famílias e a preservação do local, que tem 6 mil mangabeiras e 2 mil cajueiros, entre vários outros pés de fruta, está ameaçada de destruição com derrubamento das árvores para dar lugar à construção de casas no bairro 17 de Março, em Aracaju.
O missionário Uilson da Silva, que faz parte desta família de extrativistas da mangaba, lutava contra a destruição e a favor da preservação da região das mangabeiras, terra mãe da cultura da mangaba em Sergipe.
Nessa luta, ele mobilizou apoios do movimento social e do movimento sindical que se somaram à luta da comunidade tradicional. O assassinato do ativista, que também era missionário e protagonizou a luta em defesa da cultura popular, do meio ambiente e das comunidades tradicionais, deixou todos os parceiros, amigos e companheiros de luta, além dos familiares, em estado de choque, diz nota da direção da CUT-SE, que sempre apoiou e acompanhou a luta de Uilson.
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Reprodução
O senhor Uilson sofria ameaças e muita pressão para que desistisse da luta em defesa das mangabeiras. Ele construiu uma mobilização intensa e incessante na região, conseguindo o apoio de professores, sindicatos e vários movimentos sociais.
O seu sonho era ver o Museu Extrativista da Reserva da Mangaba inaugurado e protegido como patrimônio ambiental, histórico e cultural de Aracaju. Ao invés disso, o senhor Uilson e toda a comunidade extrativista sofreram dia após dia com a constante derrubada das mangabeiras, cajueiros, entre os milhares de pés de fruta que existiam na região.
Diante da tensão e das ameaças sofridas pelas catadoras de mangaba e por seu Uilson, frente a especulação imobiliária, qual proteção o poder público em Sergipe concedeu a estas lideranças?
O senhor Uilson da Silva foi encontrado sem vida por sua mãe, a senhora Zenaide. E o corpo foi enviado para o Instituto Médico legal (IML) para passar por perícia que deve informar mais detalhes sobre o assassinato do ativista social.
O luto e a tristeza por este duro golpe que atinge todo o movimento sindical e os movimentos sociais de Sergipe não vão impedir a nossa luta. Desde já queremos a punição dos culpados pelo assassinato do senhor Uilson, diz a nota da CUT-SE que encerra questionando as razões do crime, afirmando que não descansarão enquanto o crime não for esclarecido e interrogando: Quem ssassinou o senhor Uilson?