Escrito por: Érica Aragão
As transmissões ao vivo começaram nas primeiras horas deste Dia Internacional do Trabalhador, com representantes sindicais e de movimentos sociais, parlamentares, muita música e poesia
As CUTs nos estados começaram cedo a celebração do Dia Internacional do Trabalhador neste 1º de Maio de 2020, cheio de desafios na saúde, na economia e com a política abalada pelo comportamento nefasto do governo incompetente e irresponsável de Jair Bolsonaro.
De norte ao sul do país, dirigentes sindicais, representantes de movimentos sociais, partidos políticos e artistas, ao vivo, mandaram seus recados de solidariedade, defesa da vida, da saúde, dos direitos, do emprego, e contra o governo de Bolsonaro que está levando o país para um enorme buraco.
O formato foi de live, transmissão ao vivo nas páginas do Facebook ou mesmo do Youtube das entidades cujos sindicalistas estão preocupados com a saúde da população e fizeram questão de manter o isolamento social, única maneira de proteger a todos e todas do novo coronavírus (Covid-19).
Sindicalistas ressaltaram a importância da unidade do movimento sindical para a construção deste 1º de Maio diferente, em que a classe trabalhadora não está nas ruas como de costume, e sim nas redes para celebrar a data e reivindicar melhores condições de trabalho e de vida.
A Secretária-Geral da CUT, Carmen Foro, participou de três lives, nos estados do Pará, Sergipe e Ceará, e falou dos desafios deste 1º de Maio virtual, e ressaltou a importância de destacar em todas as transmissões ao vivo do país a agenda histórica de luta da Central.
“Nós estamos muito desafiados e desafiadas neste 1º de Maio em todo o país, mas de forma virtual estamos trazendo nossa histórica agenda para o debate. Não só o da solidariedade aos que mais precisam, que neste momento é de muita importância, mas também da defesa da saúde pública, da renda, do emprego e ‘fora, Bolsonaro”.
Solidariedade e defesa da vida
As CUTs nos estados e seus sindicatos e federações filiadas já estavam em campanha de solidariedade antes do 1ª de Maio e muitas continuarão, sem tempo determinado para acabar, mas nesta sexta as ações foram intensificadas para coletar alimentos e kits de higiene para doar a quem precisa e contribuir para o controle da pandemia no país.
Para a secretária de Organização e Política Sindical da CUT, Maria das Graças Costa, que estava na live da CUT Ceará, a primeira decisão da CUT mais importante no momento foi a de defender a vida, proteger com muita força a classe trabalhadora, principalmente os que estão na linha de frente neste combate ao coronavírus.
“Estamos em todo o país denunciando a falta de proteção dos trabalhadores e das trabalhadoras da saúde, que estão morrendo para salvar outras vidas”, afirmou Graça,complementando: “Além disso, e de todas nossas campanha de arrecadação de alimentos e kits de higiene, nossas estruturas já foram disponibilizadas para ajudar a área da saúde em muitos lugares deste pais”.
O presidente da CUT Ceará, Will Pereira, que mediou a live no Estado que está em terceiro lugar no ranking do que têm mais casos confirmados da Covid-19, disse que em dois dias de campanha já foram arrecadados 2 toneladas de alimentos e agradeceu quem participou. Segundo ele, a campanha não acaba com o 1º de Maio. “Se quiserem ajudar é só acompanhar nosso processo de doação”, afirmou.
Defesa dos sindicatos e da negociação coletiva
A presidenta da CUT Rio Grande do Norte, Eliane Bandeira, começou a live da entidade fazendo uma homenagem aos trabalhadores e trabalhadoras da saúde e também à todos e todas aquelas que estão nos serviços essenciais, tão importante para a sobrevivência em tempos de pandemia.
Mas ela também destacou as maldades de Bolsonaro, que do dia 18 de março a 7 de abril atacou a classe trabalhadora com medidas provisórias e com projetos de lei que flexibilizaram as relações de trabalho, inclusive tirando a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.
“Bolsonaro quer que seja negociado a retirada de direitos com o patrão e a gente saia perdendo, mas nenhum trabalhador ou trabalhadora pode permitir qualquer negociação sem o sindicato, porque são instrumentos de luta e sempre vão trabalhar para proteger e avançar nos direitos”, disse.
Defesa do SUS
A secretária da Saúde do Trabalhador da CUT, Madalena Margarida da Silva, que participou da live em Pernambuco, fez questão de lembrar da Campanha em Defesa do SUS que a Central lançou no último dia 7, no Dia Mundial da Saúde. Ela também destacou que em momentos como este que estamos vivendo não é a iniciativa privada que salva vidas.
“O SUS é universal e são seus trabalhadores e trabalhadoras que salvam vidas em todos os cantos deste país, de forma gratuita. A iniciativa privada é para poucos e ainda coloca o lucro acima da vida. A defesa do SUS neste momento é fundamental”, destacou.
EC 95
O presidente da CUT Pernambuco, Paulo Rocha, lembrou da Emenda Constitucional 95, que congelou os investimentos em políticas básicas, como saúde e educação, por 20 anos e da importância de revogar a medida para que a sociedade possa ter o Estado mais presente.
“Precisamos derrubar esta PEC da morte, como ficou conhecida a medida, porque o Estado precisa investir mais, principalmente em áreas tão importantes para a dignidade e qualidade de vida do nosso povo”, destacou Paulo.
Pós pandemia
O presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, falou na transmissão ao vivo da entidade sobre as mudanças que acontecerão no pós- pandemia e disse que será necessário muita unidade da classe trabalhadora para enfrentar os desafios que vêm pela frente.
“É importante que tenhamos clareza que as relações de trabalho já estão mudando neste momento e que é preciso essa consciência e muita unidade dos movimentos sindicais, popular, da classe trabalhadora e de toda sociedade para passarmos por mais este momento para garantir dignidade e direitos para os trabalhadores e as trabalhadoras”, afirmou.
Fora, Bolsonaro
A presidenta da CUT Bahia, Maria Madalena Oliveira Firmo (Leninha), disse que este 1º de Maio ficará marcado pelo momento que estamos vivendo e por esta atividade acontecer fora das ruas pela primeira vez.
Segundo ela, ficará para história também as atitudes de Bolsonaro durante esta pandemia, que além de tirar direitos da classe trabalhadora, mesmo em um momento como este, ainda não está levando a sério o que está acontecendo no país.
“Lamentarmos e repudiamos o fato de Bolsonaro não levar a sério o que o país está vivendo e ainda debochar das milhares de vidas que estamos perdendo. E por isso o ‘fora, Bolsonaro’ é essencial para fortalecemos a democracia, os direitos e a vida”, afirmou.
Outros assuntos
A luta contra o Projeto de Lei Complementar Nº 149/2019, que tem como relator o senador Davi Alcolumbre, que vai congelar o salário dos servidores públicos por 18 meses foi destacada pelo presidente da CUT Amapá, Errolflynn Paixão, na live da entidade.
Na mesma transmissão ao vivo, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Estado do Amapá, Samuel Bastos Macedo, falou da importância dos bancos públicos, principalmente em momentos como este que estamos vivendo. Mas também ressaltou o papel dos bancos privados.
“Os bancos públicos são de interesse social, e a gente pode notar o papel importante que a Caixa tem tido para que os trabalhadores e as trabalhadoras tenham acesso ao auxílio emergencial, mas tem muita gente precisando e as filas só crescem nas agências em todo o país. O ideal seria que os bancos privados, que são concessão pública, também ajudarem nesta responsabilidade”, alertou Samuel.