Escrito por: Tatiane Cardoso, da CUT-RJ
PF cumpriu mandado de prisão um dia após Silveira perder o foro privilegiado garantido pelo mandato de deputado federal
A quinta-feira (2) começou agitada em Petrópolis, na região Serrana do Rio de Janeiro, com a prisão do ex-deputado federal, o bolsonarista Daniel Silveira. O pedido de prisão foi expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), um dia após Silveira perder o foro privilegiado garantido pelo mandato parlamentar. Os novos deputados e senadores foram empossados nesta quarta e, nas primeiras horas desta quinta, a Polícia Federal (PF) prendeu o bolsonarista.
Daniel Silveira, que perdeu a eleição para o Senado no ano passado, volta para a prisão por ter descumprido medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de usar redes sociais. Durante a diligência, a PF teria encontrado também “muito dinheiro” na residência, segundo as agências de notícias.
Daniel Silveira tem uma ficha corrida extensa e aliados políticos de caráter duvidoso. Foi ele que quebrou a placa de rua com o nome da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018, em ato realizado durante um comício na capital fluminense, quando fazia campanha para deputado federal, no mesmo ano da morte da parlamentar.
Na ocasião, estava ao lado do ex-juiz Wilson Witzel, que concorria ao governo do estado do Rio. Os dois foram eleitos naquele ano.
Em 2021, Witzel recebeu o título de primeiro governador cassado na história da República, sob acusações de desvios na saúde.
Já Daniel, seguiu com um mandato agressivo, violento e antidemocrático. No Rio, invadiu escolas técnicas federais, com o pretexto de fiscalizar as instituições de ensino.
Silveira também descumpriu a Constituição Federal ao fazer ofensas à mais alta corte do país e apologia à ditadura militar nas redes sociais, quando defendeu a instalação do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Esse foi um dos mais duros instrumentos de repressão utilizado pelos militares, que previa o fechamento do Congresso Federal, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, entre outras medidas autoritárias e violentas, como a morte dos opositores do regime.
Mesmo eleito democraticamente pelo voto popular, apoiou um golpe de estado. E, como denunciou o senador Marcos do Val nesta quinta, chegou a planejar o maior dos golpes, que seria impedir o presidente Lula (PT) de assumir, em reunião realizada no Palácio do Planalto, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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O então deputado federal foi preso em flagrante em abril de 2022 por ordem do STF, mas recebeu o perdão da pena de Bolsonaro. Essa ação, contestada pelos principais juristas do país, deixou o caminho livre para que Daniel Silveira se candidatasse ao Senado e puxasse votos na tentativa de reeleger Bolsonaro.
Mesmo com a candidatura ao Senado indeferida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE - RJ), Daniel Silveira recebeu cerca de 1,5 milhões de votos. Não se elegeu, assim como seu padrinho político, Jair Bolsonaro.