De vereador ausente a fugitivo do país. Veja por que Carlos Bolsonaro sumiu
Reeleito para o 6º mandato, mesmo tendo ficado 4 anos praticamente fora da Câmara de Vereadores do RJ, Carluxo como 02 é conhecido foi para os EUA no Natal e ainda não voltou
Publicado: 26 Janeiro, 2023 - 10h39 | Última modificação: 26 Janeiro, 2023 - 17h24
Escrito por: Tatiane Cardoso, da CUT-RJ | Editado por: Marize Muniz
“O Rio de Janeiro é a primeira cidade do país que possui um vereador federal”. O protagonista da piada é Carlos Bolsonaro (Republicanos), 41 anos, filho 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas a ficha e a história de Carluxo, como também é conhecido, não tem nada de engraçado.
Carlos Bolsonaro foi reeleito no ano passado para seu sexto mandato, apesar de ter ficado mais em Brasília do que no Rio nos últimos quatro anos e ter se envolvido em polêmicas, acusações de rachadinha e outros crimes, como a montagem do Gabinete do Ódio.
Com mais quatro anos garantidos, Carlos foi para Atlanta, capital da Geórgia, nos EUA, na véspera de Natal e ainda não voltou. O pai também está nos EUA, mas no estado da Flórida. Os mais próximos falam que todo o clã teme ser preso e vive em constante paranoia e já tentaram até cidadania italiana para fugir do Brasil.
Confira abaixo alguns motivos para Carlos Bolsonaro ter tanto medo de ser preso e aqui, porque os outros também têm medo.
Chefe do ódio e da intolerância que contaminou o país
Carluxo ou 02, como o pai apelidou os quatro filhos, segundo denúncias, era o responsável por diversas contas nas redes sociais que disseminavam conteúdo falso e foi apontado como cérebro do “Gabinete do Ódio”, grupo que, sob as ordens do Palácio do Planalto, espalharia fake news e afirmações agressivas contra adversários do atual governo, segundo relatório do juiz Aírton da Veiga, auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O juiz relatou a “presença de fortes indícios e significativas provas apontando para a existência de uma verdadeira ‘organização criminosa’ de forte atuação digital e com núcleos de ‘produção’, de ‘publicação’ de ‘financiamento’ e ‘político’ (…) com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito”. Segundo Aírton da Veiga, a operação da PF visava atacar o núcleo de financiamento.
Em abril de 2020, a Polícia Federal identificou Carlos Bolsonaro como um dos responsáveis por chefiar as milícias digitais que disparam fake news nas redes sociais, em inquérito sobre atos antidemocráticos do STF.
Contas pagas com cartão corporativo
Em março de 2021, Carluxo ficou hospedado em um hotel em Brasília durante 11 dias e as diárias de R$ 2.300, pagas foram pagas com o cartão corporativo da presidência da República, segundo o UOL.
O salário líquido de vereador da Câmara do Rio de Janeiro, de R$ 14 mil, ficou intocado, enquanto ele, protegido, atacava o isolamento nas redes e marcava presença nas sessões da Câmara, que manteve os trabalhos de forma híbrida, remotamente, com a câmara desligada e sem participar dos debates.
Pavão Misterioso
Cerca de 71 mil eleitores do Rio de Janeiro viram o vereador virar as costas para a população e, praticamente, se mudar para Brasília no mandato do pai, de 2019 a 2022.
Durante a pandemia, nas redes sociais pregava que as pessoas deveriam ir para a rua trabalhar, apesar dos alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que a única maneira de se prevenir da Covid-19 na época era o isolamento social. Depois de milhões de mortes, cientistas do mundo todo se uniram e criaram a vacina contra a Covid-19.
“A falta de bom senso e razoabilidade leva o país ao caos!”, dizia Carluxo enquanto ficava em home office, na capital federal, isolado e fora de risco.
Acusações contra Carluxo
Investigado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa e com o sigilo bancário quebrado,
Carlos Bolsonaro, também é investigado por rachadinhas, esquema semelhante ao que o irmão mais velho, o senador Flávio Bolsonaro, chamado pelo pai de 01, montou quando foi deputado pelo Rio de Janeiro.
Um dos funcionários fantasmas do vereador era uma idosa de 71 anos que morava em Magé, a pouco mais de 50 km da capital, onde fica o gabinete.
Zero dois também empregou a madrasta, ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle e parentes dela, que estavam envolvidos no esquema de devolução de salários ao vereador, que ela comandava, segundo denúncias.
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