Escrito por: Érica Aragão
No 4º Congresso Mundial da Confederação Sindical Internacional, sindicatos do mundo todo aprovaram a luta pela liberdade do ex-presidente Lula como uma das bandeiras de luta do próximo período
A luta em defesa intransigente da liberdade do ex-presidente Lula, mantido preso político há mais de oito meses, após julgamento fraudulento, que o condenou sem crimes nem provas, foi uma das cinco resoluções aprovada pelos 1.200 sindicalistas de mais de 132 países no 4º Congresso Mundial da Confederação Sindical Internacional (CSI), que ocorreu entre os dias 2 e 7 de dezembro, em Copenhagen.
As resoluções serão os eixos de luta do movimento sindical internacional nos próximos quatro anos e a luta por Lula livre será um dos compromissos. Outras quatro resoluções foram aprovadas pedindo direitos humanos e paz na Colômbia; reformas da legislação trabalhista na Hungria e direitos trabalhistas e solidariedade com sindicatos independentes no Cazaquistão.
Segundo o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa, a solidariedade internacional tem sido extremamente intensa desde a luta contra o golpe no Brasil e mais recentemente contra a prisão política do ex-presidente Lula. Para ele, a aprovação da resolução da CSI intensifica ainda mais a luta internacional por Lula livre.
“Milhares de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo tem se manifestado contra a prisão arbitrária. Essa resolução, da maior instância da CSI, só reforça que a campanha Lula Livre estará presente nas nossas lutas no Brasil e também no mundo todo”
CSI/CUTManifesto em defesa de Lula
Além da resolução, um “Manifesto pela Liberdade de Lula” foi divulgado pelos participantes do Congresso, inclusive pela delegação da CUT, que denunciou o golpe no Brasil, as retiradas de direitos do governo do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) e fez um emocionante ato a favor da liberdade do Lula.
No documento, os sindicalistas afirmam que Lula “foi condenado e preso para que não pudesse disputar a eleição presidencial este ano, a qual certamente venceria conforme as pesquisas indicavam”.
“A chicana representada pelas acusações contra ele e do resultado do julgamento acabam de ser desmascaradas com a nomeação do juiz que o condenou como ministro do governo que foi eleito. Era a prova que faltava para que o mundo entenda que Lula é um prisioneiro político e não somente vítima de um erro judicial”, diz trecho do manifesto.
A campanha do movimento sindical internacional pela liberdade de Lula, dizem os sindicalistas no documento, “faz parte de nossa luta intransigente pela democracia, pela justiça social, pela igualdade e pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”.
Sobre o Congresso Mundial
Como o tema ‘Mudar as Regras’ (Change The Rules), o 4º Congresso Mundial da CSI teve a participação de políticos e autoridades da região, como o primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, o prefeito de Copenhague, Frank Jensen, e o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder.
Foram cinco dias de debates que organizaram as políticas e prioridades para o movimento sindical internacional e elegeu a nova diretoria da entidade para os próximos quatro anos.
Além da declaração do Congresso, outros quatro grandes eixos de Lula aprovado pelo Congresso Mundial da CSI são: democracia e direitos de paz; regulando o poder econômico; mudanças globais - apenas transições; e igualdade.
O próximo Congresso Mundial será realizado em 2022. O registro de vídeo oficial das sessões plenárias e discursos dos líderes está disponível na página do congresso da CSI.
Sobre a CSI
A CSI representa 207 milhões de trabalhadores e trabalhadoras de 331 sindicatos nacionais, em 163 países. A principal missão da CSI é a promoção e defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores por meio da cooperação internacional entre sindicatos, campanhas globais e advocacia nas principais instituições globais.
Manisfesto pela liberdade de Lula na íntegra traduzido em português:
Vivemos atualmente na América Latina e Caribe, um processo de judicialização da política onde o poder judiciário e as forças de segurança se arvoram em tutores dos partidos políticos, dos governos e das políticas públicas com viés conservador e de favorecimento às políticas neoliberais.
Desta forma rompem com o Estado democrático de direito e com as Constituições Nacionais em sua ânsia de neutralizar as lideranças populares por meio de manipulação e da coerção da justiça como vem ocorrendo em vários de nossos países.
O caso mais evidente e de maior repercussão é o do ex-Presidente Lula no Brasil que foi condenado e preso por supostamente receber um bem que nunca lhe pertenceu e nos próximos meses ele enfrentará novas acusações do mesmo gênero.
Foi condenado e preso para que não pudesse disputar a eleição presidencial este ano, a qual certamente venceria conforme as pesquisas indicavam. A chicana representada pelas acusações contra ele e do resultado do julgamento acabam de ser desmascaradas com a nomeação do juiz que o condenou como ministro do governo que foi eleito.
Era a prova que faltava para que o mundo entenda que Lula é um prisioneiro político e não somente vítima de um erro judicial. Assim como ocorreu com outras personagens históricas que foram reprimidas e presas porque lutaram pela emancipação de seu povo e porque se opuseram ao racismo, ditaduras e outras formas de opressão, Lula está preso porque também lutou a vida inteira pela emancipação do povo brasileiro e durante sua Presidencia implementou políticas de combate à pobreza reconhecidas e admiradas no mundo todo, mas que as elites brasileiras nunca aceitaram.
A campanha do movimento sindical internacional pela liberdade de Lula faz parte de nossa luta intransigente pela democracia, pela justiça social, pela igualdade e pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
Lula Livre!