Escrito por: CUT Nacional
Conferência respaldou a causa do povo palestino contra provocações do imperialismo
A CUT esteve presente na 9ª Conferência Mundial Aberta contra a Guerra e a Exploração, realizada em Argel (capital da Argélia, norte da África) nos dias 8, 9 e 10 de dezembro, por iniciativa do Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos e organizada pelo Partido dos Trabalhadores da Argélia.
Inaugurada sob o impacto das declarações de Donald Trump sobre a transferência da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém (Al Quds, em árabe), desde a sua sessão inicial em 8 de dezembro, a conferência registrou um respaldo total à causa do povo palestino contra mais essa provocação do imperialismo em favor da entidade sionista de Israel.
Delegações de 42 países de todos os continentes estavam presentes. A delegação brasileira contou com a presença do diretor executivo da CUT, Julio Turra; do deputado federal Vicentinho (PT-SP), dos dirigentes do PT nacional Luiz Eduardo Greenhalgh e Markus Sokol, da dirigente do PT-SP Misa Boito, de André Sena do “Diálogo e Ação Petista”, além dos sindicalistas Paulo Farias da direção da CUT-RS, Edvaldo Pitanga e Jurandir Liberal, ambos dirigentes da CONDSEF, filiada à CUT.
Da América Latina, além do Brasil, participaram delegações da CTC de Cuba, do México, Venezuela, Peru, Chile, Guadalupe e Martinica.
Uma forte delegação palestina, vinda de Ramalah, dos territórios ocupados e dos campos de refugiados do Líbano, reafirmou que a atitude de Trump não vai diminuir, ao contrário, vai aumentar, a luta pela libertação do povo da Palestina.
Dentre os oradores que tomaram a palavra nos três dias da conferência estiveram os companheiros Vicentinho, Luiz Eduardo Greenhalgh – que em nome do PT propôs uma moção de defesa do direito democrático de Lula ser candidato à presidência e contra a perseguição judicial à qual ele está submetido, assinada pela esmagadora maioria dos delegados presentes – e Julio Turra, que fez parte da mesa que dirigiu os trabalhos, ao lado da secretária geral do PT argelino Luiza Hanoune e do palestino Salah-Salah.
Em sua intervenção Julio lembrou o papel jogado pela CUT na luta contra o golpe e em defesa dos direitos trabalhistas e da soberania nacional, atacados pelo imperialismo que patrocina o governo ilegítimo de Temer, terminando por anunciar o estado de alerta em que o sindicalismo brasileiro se encontra diante da eventual votação da antirreforma da Previdência ainda neste mês de dezembro, a qual será respondida com greve nacional.
Confira abaixo a íntegra da Declaração Final da Conferência de Argel.
ARGEL, 8, 9 E 10 DE DEZEMBRO DE 2017:
9ª CONFERÊNCIA MUNDIAL ABERTA CONTRA A GUERRA E A EXPLORAÇÃO
Declaração
Nós, dirigentes, militantes políticos e sindicais do movimento operário, militantes anti-imperialistas, delegados de 42 países reunidos na conferência mundial em Argel em 8, 9 e 10 de dezembro de 2017 contra a guerra e a exploração, de iniciativa do Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos (AcIT) e organizada pelo Partido dos Trabalhadores da Argélia.
Constatamos que a situação está marcada por enormes convulsões mundiais, numa crise sem precedentes da dominação imperialista que abre a via para aventuras das mais perigosas para a humanidade.
Governos e regimes, ainda que frágeis e em crise, atacam os trabalhadores e os povos oprimidos para preservar o sistema capitalista.
Logo no início da sua sessão plenária, a conferência adotou por unanimidade e de forma solene a seguinte resolução:
“Nós, 230 delegados reunidos na 9ª Conferência Mundial Aberta do AcIT, que foi apoiada por cerca de 700 dirigentes políticos e sindicais e por militantes anti-imperialistas de 60 países, repudiamos de forma veemente a provocação de Donald Trump com a sua decisão anunciada de transferir a embaixada estadunidense de Tel Aviv para Al Quds (Jerusalém) ocupada, visando torná-la a capital do Estado hebreu. Nós afirmamos nosso apoio incondicional ao povo palestino em sua luta pela recuperação de seus direitos nacionais.”
Ao longo de toda a conferência, os oradores saudaram o combate do povo palestino por seus direitos inalienáveis. Muitos dentre eles ressaltaram a pesada responsabilidade das instituições internacionais e, por trás de “lágrimas de crocodilo”, dos regimes e governos reacionários do Oriente Médio.
Os participantes da conferência chegaram a uma mesma conclusão. Os trabalhadores e povos oprimidos estão confrontados, em toda a parte, com uma crise terrível que é resultado da decomposição do sistema capitalista. E resistem com determinação.
Sob pretexto de “luta contra o terrorismo”, guerras imperialistas que desagregam nações e semeiam o caos se generalizam, a serviço de grandes multinacionais que se jogam numa feroz concorrência pela pilhagem dos recursos naturais e das matérias primas.
Guerras que jogam milhões de trabalhadores e jovens nas rotas do êxodo. Enquanto isso, os governos imperialistas atacam os povos oprimidos, aumentando os orçamentos militares, e, em nome da crise, tentam destruir todas as conquistas dos trabalhadores nos próprios países imperialistas.
Essa ofensiva desagregadora das nações por parte do imperialismo se expressa também na política de “golpe de Estado” no Brasil e nas ameaças contra a Venezuela.
É preciso constatar que a opressão colonial e imperialista se perpetua e se agrava, com a cumplicidade de regimes preocupados em preservar seus vínculos com o imperialismo.
Todas as conquistas sociais e democráticas da classe operária são atacadas, aumentando a exploração dos trabalhadores e particularmente das mulheres: privatizações, destruição de leis trabalhistas, questionamento das convenções coletivas, dos direitos à educação e à proteção social, dos direitos à saúde, provocando a resistência dos trabalhadores com suas organizações.
Os delegados à 9ª Conferência Mundial Aberta (CMA) saúdam e apoiam o combate em defesa da Seguridade Social em escala internacional e em cada país.
O direito de greve é questionado sistematicamente.
A independência das organizações sindicais é atacada e ameaçada de destruição através de sua integração.
Os trabalhadores e povos, em toda a parte, buscam bloquear essa ofensiva para defender seus direitos vitais, suas conquistas sociais, a soberania nacional nos países oprimidos, engajando novas forças na resistência à política do imperialismo. Uma política de decomposição que atinge particularmente a juventude, empurrando-a para a precariedade, a guerra e a migração.
Para além das situações nacionais, essa resistência sofre pressões que se exercem sobre os dirigentes do movimento operário e popular para que aceitem, acompanhem e até mesmo participem de todos os golpes preparados e dados pelos distintos governos a serviço do capital, com o argumento de que “não há outra alternativa”.
A CMA considera, ao contrário, que a ruína e o caos aos quais o regime capitalista empurra a humanidade não são inevitáveis, como demonstraram 80 oradores que se pronunciaram durante esses três dias. Todas essas intervenções expressaram a resistência dos trabalhadores e povos com suas organizações que, em seu próprio terreno, o da luta de classe, procuram abrir uma saída.
Diante dessa situação, a CMA saúda todos os combates dos trabalhadores e povos oprimidos por seus direitos. Ela considera que nada é mais importante do que ajudar a preservar ou reforçar a independência das organizações da classe operária e da juventude e todos os processos em curso de resistência no interior do movimento operário, como explicaram muitos oradores.
Desta conferência, da riqueza dos debates e da qualidade dos participantes, afirma-se a necessidade de manter o contato, do intercâmbio de informações e de prosseguir a discussão aberta entre todos os participantes. A unidade dos problemas enfrentados, a solidariedade internacional e a ajuda ao combate travado em cada país, confirmam essa necessidade.
Em 4 de janeiro de 1991, na conferência de fundação do Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos em Barcelona, era adotado o seu manifesto que afirmava a confiança dos participantes “na capacidade dos trabalhadores do mundo inteiro de se libertar das cadeias da exploração e opressão, na sua capacidade de construir um mundo onde a colaboração harmoniosa entre as nações e os trabalhadores substituirá esse mundo de barbárie que aumenta cada vez mais (...)”.
Esta CMA faz suas também as conclusões da precedente 8ª CMA de Argel de novembro de 2010 e reafirma: “Essa confiança é reforçada pelos acontecimentos: apesar de todos os sofrimentos e de todas as destruições, a vontade de resistência e de combate dos trabalhadores e povos que não aceitam desaparecer permanece sendo o elemento essencial sobre o qual repousa o futuro da humanidade (...).
Nós reafirmamos: a paz e a fraternidade entre os trabalhadores e os povos só pode ser realizada por eles próprios. Ela só pode ser realizada sobre a base da satisfação de suas necessidades fundamentais que se chocam com aquelas da classe dos exploradores, portadora da guerra e da ruína.”
Por isso, nós apoiamos a proposta da coordenação do AcIT de estudar a possibilidade de que, nos próximos meses, representantes de todos os países presentes possam novamente reunir-se para constituir o Comitê internacional de ligação da 9ª CMA, para assegurar o intercâmbio entre nós, organizar as ações comuns e a solidariedade internacional.
Contra a guerra e a exploração
Em defesa:
- dos direitos socioeconômicos dos trabalhadores e da juventude;
- da independência das organizações sindicais;
- das liberdades democráticas;
- da soberania dos povos e das nações.
Argel, 10 de dezembro de 2017.
AR