Defesa do petróleo e da democracia é luta única
Em encontro com Dilma, CUT, FUP e CNTE apontam prejuízos que golpe pode trazer à economia e soberania com entrega da Petrobras
Publicado: 04 Agosto, 2016 - 19h14 | Última modificação: 04 Agosto, 2016 - 19h21
Escrito por: Luiz Carvalho
Com jalecos na cor laranja utilizados pelos trabalhadores da Petrobras, representantes de sindicatos do setor industrial diretamente prejudicados pelo sucateamento da empresa reuniram-se nesta quinta-feira (4) com a presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, para reforçar a defesa da democracia e do pré-sal.
Também com o uniforme, Dilma apontou qual o papel do pré-sal na ampliação da produção do petróleo e o impacto do modelo de exploração que foi alterado após a descoberta da riqueza.
“Se levamos quase 100 anos para explorar um milhão de barris, a partir da descoberta até hoje, cerca de 10 anos, chegamos já a um milhão e seiscentos mil barris por dia. E aí entra a importância de ter uma operadora única. E da participação em ao menos 30% dos campos licitados, porque isso faz com que a Petrobras opere os principais campos do país e tenha conhecimento nos modelos de exploração e de resolução dos problemas que encontra.”
Uma prova do desenvolvimento da empresa é a própria descoberta do pré-sal, apontou a presidenta.
“A Petrobras é a maior empresa no mundo no setor, quem descobriu a bacia e quem detém o conhecimento sobre a tecnologia. Lembremos que no campo de Libra a Shell furou e não achou nada onde descobrimos pré-sal”, recordou.
A presidenta também explicou a mudança do modelo. Com o regime de partilha, (lei 12.351/2010) aprovado durante o governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, houve a garantia de que 50% do lucro com os royalties fossem destinados para um fundo social, de onde o governo tiraria recursos para aplicar em educação (75%) e saúde (25%).
“O modelo no pós-sal era concessão porque a chance de achar petróleo era menor. Já no modelo de partilha sabemos onde está a riqueza e que é de muito boa qualidade”, falou.
Porém, o PL 4567/2016 (antigo PLS 131/2015, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), prestes a ser votado na Casa, tira a obrigatoriedade da Petrobrás de ser a operadora única do pré-sal e a participação mínima de 30% nos campos licitados.
Luta única
Vice-presidenta da CUT, Carmen Foro, também pontuou que a luta pela democracia, por direitos e pelas riquezas brasileiras é uma só.
“Reestabelecer a democracia é nossa prioridade, porque sem ela nossos direitos serão destruídos. A defesa da Petrobrás e do petróleo tem ligação com democracia, educação, saúde e soberania nacional. E a CUT está aqui para reafirmar que lançaremos um reforço político para as ações que a FUP vem fazendo, com uma campanha em defesa da Petrobras e do pré-sal. Queremos que a sociedade brasileira possa entender a importância dessa riqueza e o que está perdendo”, anunciou.
Coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, pontuou que a luta em defesa da Petrobras não é recente.
“A empresa sempre foi motivo de luta, desde antes de sua criação. No nosso país, além do complexo de vira-latas, temos o complexo de entreguismo e essa é mais uma batalha que estamos travando e, mais uma vez, vamos vencer. Foi assim quando o Collor tentou entregar nosso petróleo, no governo FHC, que tentou privatizar e tem como marcas o afundamento da plataforma P36 e o vazamento na Baía de Guanabara”, resgatou.
O dirigente também criticou a forma como a Operação Lava-Jato atua para desmoralizar a companhia.
“A Operação Lava-Jato tem apoio de todos os brasileiros, desde que não seja um circo midiático, não selecione condenados e apure o CPF e não o CNPJ. O que estamos vendo é a Petrobras paralisada, o que paralisa toda a cadeia produtiva, área de serviço, metalúrgicos. Falamos em quase um milhão de empregos perdidos só nesses três setores, fruto da Lava-Jato, uma queda no PIB de 3,8%, estamos batendo a 11% o nível de desemprego. Quem está pagando o pato somos nós trabalhadores”, disse.
Para o presidente da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), Paulo Cayres, a destruição de todo um setor é justamente o objetivo da operação.
“Nós tiramos não negociar com golpistas e continuaremos trazendo nossa pauta à presidenta legitimamente eleita por mais de 54 milhões de votos. A pauta do golpe é que está destruindo nosso país e foi pensada apenas para produzir esse golpe. Tivemos praticamente a destruição do setor naval com a Operação Lava Jato, mas de dois milhões de postos de trabalho foram perdidos”, definiu.
Uma avalanche que afeta quem imaginava ser capaz um modelo de investimento sério e qualificado em educação, afirmou a secretária de Assuntos Municipais da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Selene Rodrigues.
“O pré-sal representou para os educadores e para o país um sonho de educação de qualidade e socialmente referenciada. Era como se tivéssemos ganhado na loteria, mas agora esse sonho está prestes a virar pesadelo. Defender a Petrobras é defender a educação e a saúde para todos. A entrega do pré-sal significa comprometer um piso salarial e um plano nacional de educação que elegemos para os próximos 10 anos”, alertou.