Roberto Stuckert Filho
Dilma, ministros e dirigentes sindicais durante encontro no Palácio da Alvorada
Com jalecos na cor laranja utilizados pelos trabalhadores da Petrobras, representantes de sindicatos do setor industrial diretamente prejudicados pelo sucateamento da empresa reuniram-se nesta quinta-feira (4) com a presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, para reforçar a defesa da democracia e do pré-sal.
Também com o uniforme, Dilma apontou qual o papel do pré-sal na ampliação da produção do petróleo e o impacto do modelo de exploração que foi alterado após a descoberta da riqueza.
“Se levamos quase 100 anos para explorar um milhão de barris, a partir da descoberta até hoje, cerca de 10 anos, chegamos já a um milhão e seiscentos mil barris por dia. E aí entra a importância de ter uma operadora única. E da participação em ao menos 30% dos campos licitados, porque isso faz com que a Petrobras opere os principais campos do país e tenha conhecimento nos modelos de exploração e de resolução dos problemas que encontra.”
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Uma prova do desenvolvimento da empresa é a própria descoberta do pré-sal, apontou a presidenta.
“A Petrobras é a maior empresa no mundo no setor, quem descobriu a bacia e quem detém o conhecimento sobre a tecnologia. Lembremos que no campo de Libra a Shell furou e não achou nada onde descobrimos pré-sal”, recordou.
A presidenta também explicou a mudança do modelo. Com o regime de partilha, (lei 12.351/2010) aprovado durante o governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, houve a garantia de que 50% do lucro com os royalties fossem destinados para um fundo social, de onde o governo tiraria recursos para aplicar em educação (75%) e saúde (25%).
“O modelo no pós-sal era concessão porque a chance de achar petróleo era menor. Já no modelo de partilha sabemos onde está a riqueza e que é de muito boa qualidade”, falou.
Porém, o PL 4567/2016 (antigo PLS 131/2015, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), prestes a ser votado na Casa, tira a obrigatoriedade da Petrobrás de ser a operadora única do pré-sal e a participação mínima de 30% nos campos licitados.
Luta únicaVice-presidenta da CUT, Carmen Foro, também pontuou que a luta pela democracia, por direitos e pelas riquezas brasileiras é uma só.
“Reestabelecer a democracia é nossa prioridade, porque sem ela nossos direitos serão destruídos. A defesa da Petrobrás e do petróleo tem ligação com democracia, educação, saúde e soberania nacional. E a CUT está aqui para reafirmar que lançaremos um reforço político para as ações que a FUP vem fazendo, com uma campanha em defesa da Petrobras e do pré-sal. Queremos que a sociedade brasileira possa entender a importância dessa riqueza e o que está perdendo”, anunciou.
Coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, pontuou que a luta em defesa da Petrobras não é recente.
“A empresa sempre foi motivo de luta, desde antes de sua criação. No nosso país, além do complexo de vira-latas, temos o complexo de entreguismo e essa é mais uma batalha que estamos travando e, mais uma vez, vamos vencer. Foi assim quando o Collor tentou entregar nosso petróleo, no governo FHC, que tentou privatizar e tem como marcas o afundamento da plataforma P36 e o vazamento na Baía de Guanabara”, resgatou.
O dirigente também criticou a forma como a Operação Lava-Jato atua para desmoralizar a companhia.
“A Operação Lava-Jato tem apoio de todos os brasileiros, desde que não seja um circo midiático, não selecione condenados e apure o CPF e não o CNPJ. O que estamos vendo é a Petrobras paralisada, o que paralisa toda a cadeia produtiva, área de serviço, metalúrgicos. Falamos em quase um milhão de empregos perdidos só nesses três setores, fruto da Lava-Jato, uma queda no PIB de 3,8%, estamos batendo a 11% o nível de desemprego. Quem está pagando o pato somos nós trabalhadores”, disse.
Para o presidente da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), Paulo Cayres, a destruição de todo um setor é justamente o objetivo da operação.
“Nós tiramos não negociar com golpistas e continuaremos trazendo nossa pauta à presidenta legitimamente eleita por mais de 54 milhões de votos. A pauta do golpe é que está destruindo nosso país e foi pensada apenas para produzir esse golpe. Tivemos praticamente a destruição do setor naval com a Operação Lava Jato, mas de dois milhões de postos de trabalho foram perdidos”, definiu.
Uma avalanche que afeta quem imaginava ser capaz um modelo de investimento sério e qualificado em educação, afirmou a secretária de Assuntos Municipais da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Selene Rodrigues.
“O pré-sal representou para os educadores e para o país um sonho de educação de qualidade e socialmente referenciada. Era como se tivéssemos ganhado na loteria, mas agora esse sonho está prestes a virar pesadelo. Defender a Petrobras é defender a educação e a saúde para todos. A entrega do pré-sal significa comprometer um piso salarial e um plano nacional de educação que elegemos para os próximos 10 anos”, alertou.