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Delegado da PF do Paraná ataca Vigília Lula Livre

Durante a noite um carro passou ameaçando e ofendendo os acampados, disse a deputada Ana Perugini que dormiu no acampamento Marisa Letícia

Publicado: 04 Maio, 2018 - 15h25 | Última modificação: 04 Maio, 2018 - 15h33

Escrito por: Luciana Waclawovsky, especial para Portal CUT

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O Acampamento Marisa Letícia sofreu um ato de vandalismo na manhã desta sexta-feira (4) durante o já tradicional ‘bom dia, presidente Lula’, na praça Olga Benário, nas proximidades da sede da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, onde Lula está mantido na condição de preso político, desde o dia 7 de abril.

Por volta das 9h da manhã, um homem se aproximou dos equipamentos de som da manifestação política pela liberdade do ex-presidente, derrubou as caixas de som, puxou os fios e quebrou os aparelhos.

O vândalo foi identificado. É Gastão Schefer, delegado da Polícia Federal, ex-presidente da Associação dos Delegados da PF do Paraná e deputado Federal suplente pelo Partido da República (PR).

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Delegado da PF que destruiu equipamento de som da vigília #LulaLivre

“Eu estava a um metro e meio da tenda onde ocorreu a agressão e tudo estava ocorrendo na maior tranquilidade”, contou a deputada federal Ana Perugini (PT-SP) ao Portal CUT.

No entanto, contou a deputada, “durante a noite [a deputada pernoitou no acampamento de ontem para hoje], a organização teve que pedir reforços à segurança da PF, pois um carro passou ameaçando e provocando quem fazia a guarda noturna”.

Hoje, na hora em que a militância percebeu a agressão, a Polícia Militar fez uma contenção para proteger o agressor, enquanto fomos fazer ocorrência na Delegacia da Polícia Civil, contou a deputada.

Registrar um Boletim de Ocorrência (BO) contra mais esse ataque fascista foi uma dificuldade. Primeiro, os organizadores do acampamento, junto com as deputadas Ana Perugini e a deputada estadual Márcia Lia (PT-SP) foram a delegacia de Polícia Civil onde foram informados que a jurisdição do caso é da área da Polícia Federal.

Na PF, o superintendente informou que o vândalo não estava no exercício da função de delegado, portanto, O BO teria de ser lavrado na polícia civil. A deputada Ana Perugini insistiu que a ocorrência tinha de ser registrada na PF porque a corregedoria do órgão porque não importa se o vândalo estava ou não exercendo sua função de delegado naquele horário.

“Se ele está investido do cargo para onde quer que ele vá continua sendo delegado”, denunciou a parlamentar que é advogada de profissão. Ela comentou, ainda, que ao sair do prédio da Superintendência, encontrou com Gastão junto de outros dois policiais federais, e ele estava visivelmente irritado e bastante agressivo.

Entrar no ‘bom dia, lula’ fazendo o que ele fez, é absolutamente inconcebível, salientou a parlamentar.

“O que me deixa indignada é que estávamos em um espaço delimitado, inclusive, pela Polícia Federal. Depois do café da manhã caminhamos e cantamos pacificamente até a Praça Olga Benário, fizemos nossas falas, e de repente acontece essa violência toda”, desabafou Perugini que concluiu afirmando que o jeito de dar continuidade a tudo o que foi construído desde que Lula assumiu a presidência da República, e que agora está sendo desmontado pelo governo golpista, “é a resistência organizada, pacífica, solidária, fraterna e de comunhão. Não merecemos essa violência toda.”

Ana Perugini disse ainda que, chegando a Brasília, irá procurar o Ministério da Justiça para denunciar o ocorrido, e a bancada do Partido dos Trabalhadores também deverá se manifestar.

Em nota, a organização da Vigília Lula Livre disse que a atitude do delegado “configura um ataque institucional da Polícia Federal motivado por ódio e intolerância, parte de uma prática hoje corrente no país de criminalização dos movimentos sociais e seus militantes”.

O comunicado oficial da organização destacou a ação das parlamentares:

“A deputada federal Ana Perugini (PT-SP) e a deputada estadual Ana Lia (PT-SP), que testemunharam toda a ação, estiveram com a Superintendência e a Corregedoria imediatamente após o ocorrido.  

Confira a nota na íntegra:

O ataque realizado na manhã desta sexta-feira (4) à vigília Lula livre, que realizava pacificamente o ato de Bom Dia ao presidente Lula, configura um ataque institucional da Polícia Federal motivado por ódio e intolerância, parte de uma prática hoje corrente no país de criminalização dos movimentos sociais e seus militantes.

Um homem identificado como o delegado da Polícia Federal, Gastão Schefer Neto, aproximou-se aos berros da esquina democrática Olga Benário, ameaçando a todos e todas que ali estavam. Na sequência, quebrou o equipamento de som utilizado nos atos. Neto foi conduzido e ouvido pela Polícia Militar depois de continuar tentando intimidar os militantes, registrando seus rostos com um telefone celular.

Graças à atuação dos militantes que voluntariamente cuidam da segurança da esquina Olga Benário, Neto foi contido sem que nada de mais grave acontecesse com sua integridade física ou da dos presentes. 

A deputada federal Ana Perugini (PT-SP) e a deputada estadual Ana Lia (PT-SP), que testemunharam toda a ação, estiveram com a Superintendência e a Corregedoria imediatamente após o ocorrido. Será registrado ainda um Boletim de Ocorrência. As lideranças dos movimentos e dos partidos tomarão todas as medidas legais cabíveis.

Trata-se do segundo ataque envolvendo a Polícia Federal contra a vigília, quase um mês depois de manifestantes terem sido agredidos com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo na chegada do presidente Lula ao prédio da Superintendência da Polícia Federal, onde é mantido desde então como preso político.

Os movimentos e partidos presentes na Vigília Lula Livre ressaltam que estão legalmente ocupando as ruas nas imediações do prédio da Polícia Federal e cumprindo todas as cláusulas do acordo firmado com as autoridades para garantir o direito constitucional à livre manifestação. Além disso, todas as medidas de organização e civilidade são tomadas para garantir a boa convivência com os moradores do bairro Santa Cândida e minimizar os contratempos causados pelo grande trânsito de pessoas no entorno.

A vigília Lula livre espera o cumprimento por parte das autoridades do compromisso de garantir a segurança de todos e todas e a pronta investigação dos ataques verbais e físicos contra as pessoas que por aqui transitam ou acampam.

Atos de violência ou intolerância não irão nos calar. Aqui seguiremos até a soltura do presidente Lula da prisão injusta, dando continuidade a um projeto de um país para todos e todas.

Lula Inocente!

Lula Livre