Escrito por: Redação CUT
Eleito deputado pelo Paraná foi cassado pelo TSE na noite de terça (16), por infringir a lei da Ficha Limpa. Deltan, junto com Moro, na Operação Lava Jato, ajudou a fechar 4,4 milhões de vagas de empregos
O ex- coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, que foi eleito deputado federal (Podemos/PR), com 344,9 mil votos, foi cassado na noite de terça-feira (16) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por unanimidade, acusado de infringir a Lei da Ficha Limpa. Ele foi declarado inelegível por oito anos.
A ação no TSE é de autoria da Federação Brasil Esperança no Paraná que congrega os partidos PT, PCdoB e PV. A federação partidária alegou uma manobra do agora ex-parlamentar. Dallagnol não teria situação jurídica para ser candidato, segundo os argumentos. Isso porque, em 2021, quando deixou o Ministério Público Federal, ele respondia a processo administrativo no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
A tese dos partidos é de que Dallagnol saiu do Ministério Público Federal (MPF) para evitar uma condenação administrativa que, de qualquer maneira, como prevê a lei, o deixaria inelegível. Para o TRE-PR, não havia esse óbice. A federação então recorreu ao TSE, que aceitou a denúncia.
Deltan foi coordenador da Operação Lava Jato e atuou com o senador Sérgio Moro (União Brasil/PR), ex-juiz e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, para levar Lula à prisão, numa perseguição política. Moro foi considerado suspeito pelo Superior Tribunal Federal (STF), que anulou suas sentenças, inclusive, as que levaram o presidente a ficar detido por 580 dias na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR).
Deltan e Moro destruíram a economia do país
A Operação Lava Jato, operada pelos dois, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), fechou 4,4 milhões de empregos no país, por levar empresas suspeitas de corrupção a perderem contratos e pagar pesadas multas em milhões de dólares.
O setor mais afetado foi a construção civil, que perdeu 1,1 milhão de postos de trabalho. A destruição no mercado de trabalho foi tão extensa que atingiu até categorias de setores fora das cadeias produtivas mais atingidas (construção e petróleo), como a educação privada, com 106,5 mil vagas perdidas.
As perdas em investimentos no Brasil chegaram a R$ 172 bilhões em investimentos, o equivalente a 40 vezes os R$ 4,3 bilhões que o Ministério Público Federal diz ter recuperado com a operação. Com isso, os cofres públicos deixaram de arrecadar R$ 47,4 bilhões em impostos, sendo R$ 20,3 bilhões em contribuições sobre a folha de salários”.
Petrobras foi o principal alvo da dupla
Desde a descoberta do Pré-Sal, nos primeiros e segundos governos de Lula, que mais investiu na Petrobras na história do Brasil, ano após ano, o país aumentava o montante de investimentos na estatal. Pulou de cerca de US$ 8 bilhões em 2006 para US$ 48 bilhões em 2014, ano em que começaram as investigações da operação e a paralisação das atividades de várias empresas de vários setores, em especial da construção civil e na Petrobras, alvo principal da operação.
Por causa do espetáculo promovido por Moro e pelos procuradores do Ministério Público, mais interessados em holofotes do que no real combate à corrupção, começava a destruição do que a Petrobras representava ao Brasil. Com isso, toda a cadeia produtiva sofreu duramente por causa das ações midiáticas da 'República de Curitiba'.
Em 2017, os investimentos já haviam caído para cerca de R$ 13 bilhões e no ano passado, o número fechou no mesmo patamar de 15 anos atrás – US$ 8 bilhões.
Somente no setor petrolífero o pais deixou de receber cerca de R$ 104,3 bilhões em investimentos durante o período. Se somado ao setor de construção civil (67,8 bilhões), o total de investimentos não realizados no país chega a R$ 172,2 bilhões. Esse valor poderia ter gerado um incremento de 3,6% no Produto Interno Bruto (PIB) entre 2014 a 2017 e “possivelmente em 2018, já teríamos compensando a queda do PIB em 2015 e 2016, o que teria ajudado a superar a recessão”, analisou a técnica do Dieese, Adriana Marcolino , à época da apresentação do estudo em 2021.
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Moro pode ser o próximo a ser cassado
O senador Sérgio Moro pode ser o próximo a ser cassado, apostam políticos que são seus desafetos, ouvidos pelo jornal Estadão. Pesam contra ele acusações de suposta prática de Caixa 2, em uma ação que tramita uma ação no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) movida pelo PL. A acusação diz respeito ao período em que Moro ainda era presidenciável, quando mudou do Podemos para o União Brasil.
O PL pede a cassação do ex-juiz Sergio Moro alegando que seus gastos no Podemos, partido pelo qual planejava disputar a presidência, resultaram em benefícios eleitorais. Esse valor ultrapassaria o teto da campanha de sua candidatura para o Senado, que era de aproximadamente R$ 4,4 milhões.
A pré-campanha de Moro teria custado cerca de 2 milhões de reais para o Podemos. Essas despesas, por ainda acontecerem na pré-campanha, não foram incluídas na prestação de contas. Além disso, o PL alega que o primeiro suplente de Sergio Moro, Luís Felipe Cunha, se beneficiou com contratações maiores de R$ 1 milhão do União Brasil e do Podemos.
Com informações da RBA e Estadão