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Democracia é a saída para a reconquista de direitos, diz Sharan Burrow, da CSI

Para Secretária-Geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), o aumento do fascismo acontece pela perda de direitos, da proteção trabalhista e a insegurança de trabalhadores em todo o mundo

Publicado: 08 Agosto, 2018 - 19h38 | Última modificação: 09 Agosto, 2018 - 15h09

Escrito por: Rosely Rocha, especial para Portal CUT

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Somente a democracia, o fortalecimento dos sindicatos e a garantia dos direitos humanos e sociais deterão o avanço do fascismo e do autoritarismo e protegerão os trabalhadores e as trabalhadoras de todo o mundo, que estão sofrendo com o avanço das pautas neoliberais, com empregos precários, ataques aos direitos e arrocho salarial.

Esta é a visão da maioria dos sindicalistas internacionais que estão reunidos na Unicamp, em Campinas, participando da 13ª Conferência da Universidade Global do Trabalho (Global Labor University – GLU), que discute o tema: “O Futuro do Trabalho: Democracia, Desenvolvimento e o Papel do Trabalho”.

Para Sharan Burrow, Secretária-Geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), quando a democracia falha,  governos autoritários assumem e tiram direitos dos trabalhadores. Por isso, é importante fortalecer a democracia.

“A democracia falhou, mas é a melhor ferramenta que nós temos para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e das trabalhadoras”.

“Legisladores cooptados pelo lobby empresarial das multinacionais e dos militares se aliaram à covardia de governos que não têm leis trabalhistas que estabeleçam um salário mínimo digno e retiraram a proteção social“, denunciou Sharan.

A dirigente alertou que é preciso lutar contra políticos e grupos que querem implementar uma agenda neoliberal de retirada de direitos para que a população não perca “a confiança na democracia”.

Para ela, os trabalhadores precisam de apoio de dirigentes progressistas que encampem a pauta da classe trabalhadora a direita jamais fará isso.

“O futuro do trabalho depende do que está acontecendo em todas as economias. Se não lutarmos por nossos direitos vamos acabar como uma sociedade de trabalho informal e precário”, disse Sharan.

Violações de direitos

A preocupação da Secretária-Geral da CSI, Sharan Burrow,   é com a diminuição dos espaços democráticos no mundo. Segundo ela, passou de 39 para 54, o número de países somente este ano, que foram responsáveis ou cúmplices de prisões arbitrárias de sindicalistas e de defensores dos direitos humanos.

“Os governos democráticos não estão defendendo seus cidadãos:  87% dos países violam o direito à greve e 1% nega qualquer negociação coletiva. Outros 65% excluem categorias inteiras da lei trabalhista, como é o caso dos  empregos domésticos”.

Escravidão moderna

De acordo com Sharan Burrow, no mundo há 3 bilhões de pessoas trabalhando, sendo que desses, 60%  trabalham com insegurança, salários baixos e supressão de direitos. Os outros 40% já entraram na informalidade, lutando para sobreviver no dia a dia. E 45 milhões vivem em escravidão moderna, sem as correntes e algemas nos pés.

“Não há duvida que o modelo moderno de economia falhou com os trabalhadores. Os mais ricos estão três vezes mais ricos do que há 20 anos, embora nesse período o PIB tenha triplicado”.

Lula distribuiu renda

Sharan criticou ainda a PEC do Teto dos Gastos Públicos de Temer, que congelou por 20 anos os investimentos em saúde e educação, entre outros direitos básicos da população.

Para a Secretária-Geral da CSI, o ex-presidente Lula foi diferente dos governos autoritários e é um exemplo de distribuição de renda.

“Lula não foi apoiado por governos covardes e cúmplices. Uma vez perguntei ao ex-presidente o que deu errado e ele me respondeu que o brasileiro rico dizia que seu governo transformou os aeroportos em rodoviárias e seus restaurantes em cantinas. Demos esperança ao povo e os ricos não perdoaram”.

A dirigente diz que Lula tinha o dom de conversar com as pessoas, o que mesmo políticos de linha progressistas não conseguem. Não falam a linguagem dos trabalhadores.

“É preciso falar com essas pessoas, com os trabalhadores, lutar por seus direitos. Temos 95% de trabalhadores invisíveis que precisam de voz. As pessoas querem mensagem simples de emprego. Precisamos ouvi-las e nos organizar”, concluiu a Secretária-Geral da CSI.

 

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