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Democracia e Educação: reflexões sobre UNILA e o que temer

A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) caminha para sua maioridade

Publicado: 10 Outubro, 2016 - 15h45

Escrito por: Renata Peixoto de Oliveira, no BdF

Foto: Arquivo Pessoal
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A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) caminha para sua maioridade em um processo avançado de institucionalização (desde 2012) e com a sinalização da primeira eleição para a reitoria para muito em breve.

Este projeto inovador de universidade teve origem com a aprovação de sua lei de criação, a 12.189 de 12 de Janeiro de 2010, tendo não apenas como pano de fundo a política do Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), mas o cenário de avanço de governos progressistas em vários países da América Latina.

Trata-se, não somente de um determinado projeto institucional de Ensino Superior, mas de um projeto de educação que se insere na raiz de um projeto democrático para a região. A vocação da UNILA, ou sua missão institucional, relaciona-se à promoção da solidariedade entre os povos, a promoção da integração Latino-Americana, a construção do conhecimento que respeite e valorize a pluralidade de saberes, a diversidade cultural e linguística e a multidisciplinaridade.

Os desafios de construção e consolidação desta proposta são imensuráveis, mesmo quando o cenário político e econômico nacional e regional eram mais favoráveis. Há que se considerar que é algo extremamente difícil a criação de consensos internos sobre quais os melhores caminhos para se alcançar a missão institucional da UNILA, bem como administrar as divergências existentes em torno da singularidade deste projeto ou se a universidade deveria apenas seguir o rumo de qualquer outra Instituição de Ensino Superior inserida no interior do país e adequada para sua condição periférica no cenário acadêmico nacional.

Em alguma medida, as disputas internas também refletem o grande debate regional sobre a condição latino-americana que se desenha com o avanço de governos de centro-direita na região. Perguntar-se sobre o papel da UNILA para a educação superior e para a integração regional, assemelha-se muito ao questionamento sobre o papel do Brasil na condução futura da integração latino-americana. Almejamos uma inserção protagônica ou periférica? Que projeto de Educação é pretendido? Que projeto de sociedade e país? Assim sendo, o cenário institucional da UNILA conforma-se como um microcosmo das disputas nacionais e regionais em torno de debates cruciais sobre Educação, Democracia e Integração Regional.

Em verdade, pensar a política na região representa uma luta histórica contra a colonialidade. Questiona-se se em algum dia tivemos um projeto de nação ou vivemos apenas uma empreitada mercantilista de colonização que se perpetua em nossas práticas políticas personalistas até os dias de hoje. Também quando refletimos sobre o mundo acadêmico contemporâneo, é preciso considerar a tendência ao produtivismo aloprado; a construção de torres de cristal “aisladas” da sociedade e; a fogueira das vaidades de um ambiente competitivo e egocêntrico que nos engole internamente, enquanto avançam, de fora dos muros da universidade, os tratores da aniquilação de uma educação verdadeiramente libertadora.

Diante do cenário político regional e, em um momento para o país no qual temos muito que (T)emer, as consequências para o projeto da Universidade Federal da Integração Latino-Americana são preocupantes.

Os desafios internos e externos da UNILA, como de qualquer outra universidade pública brasileira, são os desafios da construção de um espaço público democrático e inserem-se nos obstáculos para um projeto democrático de sociedade no qual a educação cumpre um papel essencial em nosso continente.

 

*Cientista Política e Professora do Curso de Relações Internacionais e Integração, do PPG-ICAL e PPG-PPD (ILAESP-UNILA).