Democracia exige apuração das graves denúncias contra Moro e Dellagnol, diz CUT
A Executiva Nacional da CUT divulgou nota exigindo apuração imediata das denúncias feitas pelo The Intercept Brasil. Para a Central, as mensagens indicam conluio entre o então juiz e o procurador
Publicado: 11 Junho, 2019 - 18h54 | Última modificação: 11 Junho, 2019 - 19h30
Escrito por: CUT Nacional
Em nota oficial, divulgada nesta terça-feira (11), a Executiva Nacional da CUT afirma que as denúncias feitas pelo The Intercept Brasil contra o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dellagnol são graves e a democracia exige que sejam apuradas o mais rapidamente possível.
O site divulgou neste domingo (9) conversas mostrando que Moro e Dellagnol combinaram ações da Força Tarefa da Lava Jato de Curitiba, o ex-juiz cobrando a demora em realizar novas operações, orientações e dicas de como a força-tarefa da Lava Jato deveria proceder. E mais, que o procurador tinha dúvida sobre as acusações de propina da Petrobras do caso do tríplex no Guarujá, usado para incriminar o ex-presidente Lula.
Na nota, a CUT lembra que denunciou os atropelos e a politização da Lava Jato, como a operação estava destruindo empregos e interferindo nas eleições presidenciais de 2018 e exige investigação e reafirma a importância da Greve Geral do dia 14 de junho.
“Nos dirigimos a todos trabalhadores e a todas trabalhadoras do Brasil para reafirmar a convocação para a greve geral no dia 14 de junho em defesa da Previdência Pública e Solidária e contra a proposta de emenda constitucional (PEC 06) que quer destruir as aposentadorias e o sistema público de repartição em favor dos banqueiros e especuladores e sua “capitalização individual”.
Confira a íntegra da nota oficial da CUT:
Sobre revelações do The Intercept Brasil contra Moro, Deltan Dallagnol
As revelações feitas pelo The Intercept Brasil, e reproduzidas na grande imprensa, de gravações envolvendo o então juiz Sérgio Moro, o procurador Deltan Dallagnol e outros 17 procuradores da Operação Lava Jato de Curitiba, no Paraná, são de enorme gravidade e a democracia exige que o seu conteúdo seja apurado de forma pública e transparente, o quanto antes.
A CUT denunciou desde o processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, os atropelos à democracia, causados pela politização do Poder Judiciário – em particular da Lava Jato –, os quais contribuíram decisivamente para a instauração de um estado de exceção que se desdobrou na prisão, sem provas, do ex-presidente Lula. As revelações que vieram à tona confirmam os posicionamentos que adotamos.
Sempre alertamos os trabalhadores e as trabalhadoras que o conteúdo desse estado de exceção era o ataque aos direitos fundamentais da classe trabalhadora brasileira, tal como se fez na malfadada “reforma trabalhista”, do então governo Temer e, como hoje, se pretende fazer com o desmanche da Previdência Pública e Solidária.
A CUT também denunciou, a seu tempo, a destruição de dezenas de milhares de empregos – só na indústria naval, mais de 50 mil postos de trabalho foram perdidos - provocada pela forma como a Operação Lava Jato tratou as empreiteiras investigadas e a própria Petrobras, inviabilizando o seu funcionamento e abrindo terreno à entrada de multinacionais nos setores atingidos, inclusive na área do Pré-Sal. Apenas em seu primeiro ano, estima-se que a Lava Jato retirou cerca de R$ 142,6 bilhões da economia brasileira e, ainda em 2019, será a responsável por um impacto negativo de pelo menos três pontos percentuais no PIB (Produto Interno Bruto).
Em dezembro de 2018, no balanço adotado pela sua direção nacional das eleições presidenciais, a CUT apontou irregularidades e elementos de fraude que marcaram aquele pleito, a começar pelo impedimento da participação do candidato que era o favorito em todas as pesquisas: Lula. Agora, pela boca de procuradores da Lava Jato aparecem as manobras ilegais que foram usadas até mesmo para impedir uma entrevista do ex-presidente, aprisionado em Curitiba, para “não favorecer Haddad no 2° turno”.
As revelações, repetimos, são graves, pois indicam um conluio entre o então juiz Sérgio Moro, que deveria ser imparcial, e os procuradores da Lava Jato, responsáveis pela acusação. Se confirmadas, elas colocam em questão a própria legitimidade do atual governo.
Por isso, a CUT exige a apuração dos fatos revelados e, da mesma forma que a OAB e inúmeros juristas, que os implicados nos mesmos - o atual ministro da Justiça e a equipe da Lava Jato - sejam afastados imediatamente de suas responsabilidades para que a investigação não sofra nenhum tipo de constrangimento.
Nos dirigimos a todos trabalhadores e a todas trabalhadoras do Brasil para reafirmar a convocação para a greve geral no dia 14 de junho em defesa da Previdência Pública e Solidária e contra a proposta de emenda constitucional (PEC 06) que quer destruir as aposentadorias e o sistema público de repartição em favor dos banqueiros e especuladores e sua “capitalização individual”.
A CUT, coerente com sua trajetória de luta, jamais abandonará a defesa dos direitos dos trabalhadores e a defesa da democracia.
Executiva Nacional da CUT
11 de junho de 2019