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Denúncia: Petrobras registra 1605 novos casos de Covid-19 nos últimos dois meses

Número é maior do que a soma dos 4 primeiros meses da pandemia no Brasil, quando 1547 petroleiros foram contaminados; no total, 8,7% dos trabalhadores próprios da empresa contraíram a doença

Publicado: 08 Janeiro, 2021 - 07h41 | Última modificação: 08 Janeiro, 2021 - 08h51

Escrito por: Guilherme Weimann / Sindipetro SP

Léo Souza / Banco de imagens da Petrobras
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A P-69, localizado no litoral paulista, foi uma das que viveram surtos de coronavírus

A partir do início de novembro, começaram a surgir denúncias localizadas, por meio dos sindicatos regionais, de um aumento acelerado de contaminações por covid-19 em unidades da Petrobras, principalmente em plataformas de exploração e produção de petróleo. Nelas, têm vigorado durante a pandemia uma jornada de sete dias de isolamento, 21 dias de embarcação em alto mar e 14 dias de descanso.

Um levantamento exclusivo, realizado pela reportagem do Sindipetro-SP a partir dos boletins de monitoramento da covid-19 disponibilizados semanalmente pelo Ministério de Minas e Energia, mostra que a percepção dos sindicatos da categoria fazia sentido. Atualmente, a maior estatal do país vive um surto de covid-19. Apenas entre os dias 3 de novembro de 2020 e 4 de janeiro de 2021, foram registrados 1605 novos casos de infecção.

O número é maior do que a soma dos quatro primeiros meses da pandemia no Brasil. Entre 26 de fevereiro – data da confirmação do primeiro caso da doença no país – e 29 de junho, foram confirmados 1547 trabalhadores da estatal contaminados.

No total, até o dia 4 de janeiro deste ano, já foram infectadas 4030 pessoas, o que representa 8,7% do quadro de 46.416 empregados próprios da companhia. Atualmente, a porcentagem no país é de 3,7% de contaminados em relação ao número total de habitantes, que é estimado em 212 milhões.

Essa alta concentração de casos já havia sido apontada em parecer científico elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em outubro. O documento apontou na ocasião que o “diagnóstico da covid-19 em petroleiros é presumidamente relacionado ao trabalho”, e que casos de coronavírus na estatal equivalia a 4.448 por cada 100 mil pessoas, incidência maior que o dobro da verificada na população brasileira, que era de cerca de 2 mil casos por cada 100 mil habitantes.

Omissão
Uma das principais cobranças da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne 13 sindicatos da categoria, é a divulgação do número total de contaminados, incluindo terceirizados. A Petrobras, entretanto, apenas disponibilizou essas informações no 3º Boletim de Monitoramento, datado de 4 de maio, quando 1037 petroleiros já tinham sido contaminados e outros 1642 estavam sob suspeita, de um total de 151.539 empregados, entre próprios e terceirizados.

Além disso, alguns boletins apresentam erros. Entre o 11º (29 de junho) e 12º (6 de julho), por exemplo, houve uma diminuição de 21 contaminados. O mesmo ocorreu entre o 17º (10 de agosto) e o 18º (17 de agosto) com uma queda de 66 casos. Situação semelhante também foi apontada entre o 29º (3 de novembro) e 30º (9 denovembro) com diminuição de 140 pessoas contaminadas.

Além disso, o 28º boletim apresenta um erro de digitação, o que impede a verificação da evolução do número de casos de coronavírus entre 19 e 26 de outubro.